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Por que não dá certo?
ALEXANDRE GIMENEZ
da Reportagem Local
Calendário ruim. Falta de conforto nos estádios. Excesso de partidas na televisão e a violência das
torcidas. Ingressos caros.
Além desses fatores, outro ponto
que explica a falta de interesse do
torcedor no Campeonato Paulista
é um pouco mais simples: 65% da
população do Estado não têm um
acesso direto aos times que disputam a Série A-1 (primeira divisão)
do torneio regional.
Por uma administração deficiente ou mesmo por falta de talento de seus atletas, a grande
maioria das grandes cidades do
Estado não tem clubes na primeira
divisão do Paulista.
Das 10 cidades que têm representantes na Série A-1, apenas 6
possuem mais de 150 mil habitantes. Na A-2 (segunda divisão), esse
número é maior -11 das 15 cidades que possuem times no campeonato superam os 150 mil habitantes.
"Se houver desenvolvimento no
futebol do interior e as grandes cidades voltarem para a Série A-1,
isso será um sucesso para os patrocinadores", afirma Eduardo José Farah, presidente da Federação
Paulista de Futebol, preocupado
com o investimento de R$ 41 milhões do Grupo VR no torneio.
Para o dirigente, a administração pouco eficiente foi o responsável pela decadência da maioria dos
clubes do interior.
"O grande problema dos clubes
da maioria das cidades do interior
é que eles são dominados por feudos familiares. Clubes de famílias
ou grupos políticos estão fadados
à extinção. Um time de futebol só
sobrevive com o apoio da comunidade", afirma Farah.
A situação provocou distorções
quase bizarras. Uma cidade como
Ribeirão Preto, por exemplo, está
fora da A-1. Com 455.810 habitantes e responsável por 1,15% do
movimento econômico de São
Paulo -R$ 162.433.990.674,00,
segundo a Secretaria da Fazenda-, a cidade precisa contentar-se a assistir partidas da A-2, divisão pela qual seus dois times
profissionais -Botafogo e Comercial- jogam.
Enquanto isso, Matão -62.420
habitantes e participação de 0,28%
na economia do Estado- tem um
time na A-1: a Matonense.
"Ribeirão é uma cidade muito rica. O Botafogo só caiu por causa
de problemas administrativos",
afirmou Ricardo Ribeiro, presidente do Botafogo. Segundo o dirigente, não será fácil para a equipe reverter essa situação. "Não faremos isso a curto prazo. Talvez
tenhamos mais chances de subir
para a A-1 em 1999", completou.
"O futebol ainda não chegou ao
fundo do poço. A crise vai agravar-se. Ficamos na expectativa de
uma melhora geral no país", teoriza Farah, da Federação Paulista.
Para tentar ajudar as divisões inferiores, a FPF está distribuindo
cotas mínimas, expediente usado
na A-1. Na A-2, o valor é R$ 10 mil
por mando de jogo. Na A-3, é R$
5.000. Na B-1A e B-1B, os valores
não foram estabelecidos.
Grande São Paulo
A situação do futebol na Grande
São Paulo também é ruim.
Guarulhos, a maior cidade da região, tem dois clubes profissionais: o AD Guarulhos, na B-1A, e o
Flamengo, na B-1B.
"Precisamos conquistar dentro
do campo a confiança dos empresários da cidade e da prefeitura",
disse Sidnei Natal, presidente do
AD Guarulhos. "Temos que manter o sonho de jogar a primeira divisão", completou.
Mesmo com quatro representantes na A-1, os moradores da cidade de São Paulo não sentem-se
atraídos pelo Paulista.
Segundo pesquisa do Datafolha,
apenas 28% da população tem o
torneio como o preferido entre as
competições disputadas no primeiro semestre.
A Copa do Brasil é o torneio
mais querido para os paulistanos:
54%, segundo o Datafolha.
O Torneio Rio-São Paulo é o escolhido por apenas 9%. Outros 9%
não souberam responder qual é a
melhor torneio.
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