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FUTEBOL
A volta de São Marcos
JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA
Com exceção do esdrúxulo
critério dos cartões, está tudo
rigorosamente igual no Rio-São
Paulo. Os empates em um gol nas
primeiras partidas da semifinal
refletem o equilíbrio dentro de
campo. Não há favoritos no torneio simplesmente porque nenhum dos quatro times se impõe
hoje como o melhor.
Corinthians, Palmeiras e São
Paulo já se destacaram em momentos diferentes da competição.
Hoje estão nivelados.
O São Caetano invadiu a festa
na última hora e mostrou, na
partida de sábado contra o Corinthians, que não está disposto a ser
apenas figurante.
A rigor, o Azulão jogou melhor
que o alvinegro. Foi mais aplicado na marcação e conseguiu anular, com uma vigilância individual exercida por Marlon, o principal articulador do time adversário, Ricardinho.
O Corinthians não conseguiu
fazer o mesmo com Adãozinho,
que teve liberdade para criar as
principais jogadas do São Caetano, inclusive a do gol de Anaílson.
Talvez cansado por conta do jogo na quarta em Curitiba, o alvinegro afrouxou um pouco seu
meio de campo, perdendo quase
todas as divididas com o adversário. Se Vampeta quer retornar à
seleção -como cheguei a sugerir-, precisa melhorar sua concentração e seu preparo físico.
Palmeiras x São Paulo foi outra
história. O Palmeiras pareceu,
durante a maior parte do tempo,
um time mais bem postado, mais
aguerrido e tranquilo em campo.
O alviverde manteve a iniciativa do jogo mesmo depois de ter
marcado seu gol. Numa sequência de erros da sua zaga, porém,
propiciou o empate são-paulino, e
depois disso o tricolor, dinamizado pela entrada de Adriano e
Sandro Hiroshi, acordou e cresceu, quase virando o placar.
Das quatro equipes em disputa,
o São Paulo parece ser a mais imprevisível. É a que tem maior potencial ofensivo, mas é também a
mais frágil defensivamente.
Além disso, dá a impressão de
ser a mais instável, em termos
emocionais.
França é um retrato dessa imprevisibilidade. Jogador de amplos recursos técnicos, alterna
momentos de distração e displicência com outros de brilho invulgar. Pode tanto achar um espaço
que ninguém viu e criar um lance
inesperado, como perder um gol
feito, como fez ontem no primeiro
tempo, chutando fraco para a defesa de Marcos.
Outro atleta fundamental para
o tricolor, Souza, padece da mesma inconstância. Ontem, fez um
bom primeiro tempo e sumiu no
segundo, até ser substituído por
Adriano.
O Palmeiras, por sua vez, me
parece o time que mais evoluiu ao
longo da primeira fase do torneio.
Se antes dependia quase exclusivamente de Arce, hoje é um conjunto mais organizado, que valoriza o toque de bola no meio de
campo.
Luxemburgo fez uma mágica (o
nome dela é treino) para melhorar o desempenho técnico de jogadores como Magrão, Paulo Assunção e Daniel. Claudecir, que já
era bom, recupera aos poucos a
autoconfiança e Alex é o talento
que conhecemos. O ataque também melhorou muito.
Por fim, mas não menos importante, o alviverde conta com a
volta de São Marcos.
Se Rogério e Dida têm jogado
bem, Marcos ontem mostrou reflexo, elasticidade e colocação impecáveis. Tomara que mostre a
mesma segurança na seleção brasileira.
Fiasco do Grêmio
Na Sul-Minas tudo indicava
também um grande equilíbrio entre os semifinalistas.
Mas eis que o Grêmio, num
jogo atípico, em que teve dois
jogadores expulsos, surpreendeu todo mundo ao ser
goleado pelo Atlético-PR em
casa por 5 a 1. Agora, o Furacão, que se classificou por um
triz, está com um pé na final.
Resta saber qual dos mineiros será o outro finalista.
Menor dos males
Quando sugeri Vampeta como uma possível alternativa
ao pesado meio-campo da
seleção, parti do princípio de
que Scolari não vai mesmo
chamar Juninho Pernambucano, nem Ricardinho, nem
Zinho, nem Felipe, nem nenhum outro meia que ele já
não tenha testado. Entre os
que têm alguma chance com
o treinador, Vampeta é o que,
teoricamente, pode render
mais. Mas não é nenhuma
Brastemp.
E-mail jgcouto@uol.com.br
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