São Paulo, segunda-feira, 22 de abril de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FUTEBOL

A volta de São Marcos

JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA

Com exceção do esdrúxulo critério dos cartões, está tudo rigorosamente igual no Rio-São Paulo. Os empates em um gol nas primeiras partidas da semifinal refletem o equilíbrio dentro de campo. Não há favoritos no torneio simplesmente porque nenhum dos quatro times se impõe hoje como o melhor.
Corinthians, Palmeiras e São Paulo já se destacaram em momentos diferentes da competição. Hoje estão nivelados.
O São Caetano invadiu a festa na última hora e mostrou, na partida de sábado contra o Corinthians, que não está disposto a ser apenas figurante.
A rigor, o Azulão jogou melhor que o alvinegro. Foi mais aplicado na marcação e conseguiu anular, com uma vigilância individual exercida por Marlon, o principal articulador do time adversário, Ricardinho.
O Corinthians não conseguiu fazer o mesmo com Adãozinho, que teve liberdade para criar as principais jogadas do São Caetano, inclusive a do gol de Anaílson.
Talvez cansado por conta do jogo na quarta em Curitiba, o alvinegro afrouxou um pouco seu meio de campo, perdendo quase todas as divididas com o adversário. Se Vampeta quer retornar à seleção -como cheguei a sugerir-, precisa melhorar sua concentração e seu preparo físico.
Palmeiras x São Paulo foi outra história. O Palmeiras pareceu, durante a maior parte do tempo, um time mais bem postado, mais aguerrido e tranquilo em campo.
O alviverde manteve a iniciativa do jogo mesmo depois de ter marcado seu gol. Numa sequência de erros da sua zaga, porém, propiciou o empate são-paulino, e depois disso o tricolor, dinamizado pela entrada de Adriano e Sandro Hiroshi, acordou e cresceu, quase virando o placar.
Das quatro equipes em disputa, o São Paulo parece ser a mais imprevisível. É a que tem maior potencial ofensivo, mas é também a mais frágil defensivamente.
Além disso, dá a impressão de ser a mais instável, em termos emocionais.
França é um retrato dessa imprevisibilidade. Jogador de amplos recursos técnicos, alterna momentos de distração e displicência com outros de brilho invulgar. Pode tanto achar um espaço que ninguém viu e criar um lance inesperado, como perder um gol feito, como fez ontem no primeiro tempo, chutando fraco para a defesa de Marcos.
Outro atleta fundamental para o tricolor, Souza, padece da mesma inconstância. Ontem, fez um bom primeiro tempo e sumiu no segundo, até ser substituído por Adriano.
O Palmeiras, por sua vez, me parece o time que mais evoluiu ao longo da primeira fase do torneio. Se antes dependia quase exclusivamente de Arce, hoje é um conjunto mais organizado, que valoriza o toque de bola no meio de campo.
Luxemburgo fez uma mágica (o nome dela é treino) para melhorar o desempenho técnico de jogadores como Magrão, Paulo Assunção e Daniel. Claudecir, que já era bom, recupera aos poucos a autoconfiança e Alex é o talento que conhecemos. O ataque também melhorou muito.
Por fim, mas não menos importante, o alviverde conta com a volta de São Marcos.
Se Rogério e Dida têm jogado bem, Marcos ontem mostrou reflexo, elasticidade e colocação impecáveis. Tomara que mostre a mesma segurança na seleção brasileira.

Fiasco do Grêmio
Na Sul-Minas tudo indicava também um grande equilíbrio entre os semifinalistas. Mas eis que o Grêmio, num jogo atípico, em que teve dois jogadores expulsos, surpreendeu todo mundo ao ser goleado pelo Atlético-PR em casa por 5 a 1. Agora, o Furacão, que se classificou por um triz, está com um pé na final. Resta saber qual dos mineiros será o outro finalista.

Menor dos males
Quando sugeri Vampeta como uma possível alternativa ao pesado meio-campo da seleção, parti do princípio de que Scolari não vai mesmo chamar Juninho Pernambucano, nem Ricardinho, nem Zinho, nem Felipe, nem nenhum outro meia que ele já não tenha testado. Entre os que têm alguma chance com o treinador, Vampeta é o que, teoricamente, pode render mais. Mas não é nenhuma Brastemp.

E-mail jgcouto@uol.com.br



Texto Anterior: O segredo é marcar no ataque
Próximo Texto: Futebol: Bicheiro assume hoje futebol do Botafogo
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.