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OLIMPÍADA
Atolado por denúncias de corrupção, comitê norte-americano quer reestruturar a entidade de rival de guerra
EUA já controlam até o esporte iraquiano
JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
DA REPORTAGEM LOCAL
O Usoc, comitê olímpico norte-americano, não é exemplo para
ninguém, mas será ele o responsável pelo processo de tentar reconstruir o esporte no Iraque.
Atolado por denúncias de corrupção e investigado pelo Congresso dos EUA, o Usoc iniciou a
discussão sobre o processo de
transição pelo qual passará o Comitê Olímpico Iraquiano, que, no
momento, só existe no papel.
Apesar de continuar sendo reconhecido pelo Comitê Olímpico
Internacional, a entidade está acéfala e sem sede. Uday Hussein, 39,
filho mais velho de Saddam que
presidia a entidade desde 1984, está desaparecido, e o prédio onde
funcionava o comitê foi destruído
por ataques das tropas norte-americanas em Bagdá.
Além de arrecadar fundos para
construir uma outra sede, o Usoc
deve assinar um convênio com a
nova diretoria do comitê, que seria comandado, provisoriamente,
pelo ex-jogador de futebol Sharar
Haydar e receberia um grupo de
esportistas iraquianos em Colorado Springs, onde eles poderiam
treinar para os Jogos de 2004.
Os norte-americanos querem
ainda fazer um levantamento para procurar possíveis talentos que
não estivessem sendo aproveitados por Uday Hussein e que não
tivessem ligações mais fortes com
o filho do ex-ditador.
Sharar Haydar, que fugiu do
Iraque para a Inglaterra em 1998 e
denunciou Uday por tortura a
atletas que não obtinham bons resultados, comandaria o novo comitê, com a supervisão do Usoc,
durante três meses. Em seguida,
seria escolhido um novo presidente para o comitê do Iraque.
Além de Haydar, tem mantido
contatos com o Usoc o ex-jogador
de vôlei Issam Thamer Al-Diwan,
que também fugiu do Iraque nos
anos 90 e se refugiou nos EUA.
Com a queda de Uday, os dois
acham necessário fazer todos os
esforços possíveis para os iraquianos serem representados nos Jogos de 2004, em Atenas.
""É hora de a comunidade internacional nos ajudar", disse Haydar. ""Não só o Usoc, mas especialmente o COI deveria pensar num
programa de ajuda aos atletas iraquianos. No regime de Saddam,
eles tinham medo de competir e,
depois, ser torturados e até mortos se não conseguissem o resultado esperado", afirmou Al-Diwan.
Mas o projeto de reconstrução
do esporte iraquiano, no momento, está longe de ser a única preocupação do Usoc.
A última operação de ajuda -à
organização dos Jogos de Santo
Domingo- acabou em polêmica. Lloyd Ward, diretor-executivo
do Usoc, foi afastado de seu cargo
por ter ocultado que seu irmão tinha ligações com a empresa que
ele indicou para realizar -e faturar com isso- obras para o Pan
na República Dominicana.
Desde 2000, após o escândalo de
Salt Lake City -oferecimento de
presentes e favores em troca de
votos para abrigar os Jogos de Inverno de 2002-, o Usoc trocou
cinco vezes sua direção.
E não pára de se envolver em
problemas. O último foi a revelação feita por Wade Exum, diretor
de controle de drogas do comitê
de 1991 a 2000, segundo o qual
cerca de cem atletas norte-americanos foram pegos no antidoping,
mas tiveram autorização para
competir nos Jogos de 1988, 1992,
1996 e 2000, ganhando 19 medalhas para os Estados Unidos.
Carl Lewis, considerado o maior
nome da história do atletismo
norte-americano, teria sido um
deles, com três exames positivos
acobertados pelo Usoc.
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