São Paulo, quinta-feira, 22 de abril de 2004

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FUTEBOL

Tudo Azul

SONINHA
COLUNISTA DA FOLHA

Vários fatores indicam que o São Caetano já é um time grande. A história é curta e a torcida é pequena, mas o retrospecto nos últimos quatro anos é fabuloso. No Campeonato Brasileiro de 2001, o time foi vice-campeão. Em 2002, terminou a primeira fase em segundo lugar, atrás apenas do São Paulo. O Azulão foi o último time a vencer o Santos naquela temporada... 3 a 2 no Anacleto Campanella. Os jogadores do Peixe terminaram o jogo aos prantos, porque pensavam ter pedido a classificação ali (se bem que a derrota para a Ponte na rodada anterior já tinha feito um belo estrago). No ano passado, o São Caetano terminou o Brasileirão em quarto lugar, despedindo-se com uma sonora goleada no Internacional (5 a 0).
Em 2000, vale lembrar, o São Caetano foi duas vezes vice-campeão brasileiro -dos módulos amarelo e azul. (Não foi à toa que ficou marcado!) Em 2002, foi vice da Libertadores. O fracasso na final teve toques patéticos, mas a chegada até lá tem de ser reconhecida como gloriosa. Poucos times têm esse item no currículo.
No âmbito local, o São Caetano ficou em quarto no Rio-SP-02. Em 2003, fez a melhor campanha da primeira fase do Paulista. Tinha o melhor ataque e a melhor defesa, mas caiu no mata-mata....
Apesar da arrancada espetacular nos mata-matas da João Havelange, o São Caetano não foi muito bem-sucedido nesse tipo de jogo, como é fácil perceber. Mas desta vez superou rivais difíceis e o tabu incômodo que se instalara com impressionante facilidade.
Após esse momento rolo compressor, o São Caetano já é apontado por muitos como um dos times que entram no Brasileiro para brigar pelo título. Na última edição, foi o único time que o Cruzeiro não venceu (empatou no Mineirão e perdeu no ABC). Em seu livro, Luxemburgo descreve o rival como "uma equipe que se comporta como time grande, principalmente quando joga em casa". Estava na hora de ganhar um título na primeira divisão...
Qual o segredo dessa equipe? A folha salarial é a maior de sua história oficialmente, R$ 450 mil, mas há quem jure que é o dobro -outras equipes fazem bobagem com o mesmo volume de dinheiro. O receio de alguns é que a relação com a prefeitura da cidade torne o time refém de questões partidárias e que se o poder mudar de mãos o time pode perder o lastro (embora a administração municipal diga que cede o estádio municipal e nada mais).
Agora o São Caetano tem o desafio de lidar com o favoritismo. (Prova de que está ficando grande? Já tem torcida contra!) Quem sabe precise também jogar algumas vezes com desfalques causados por convocações à seleção... Talvez o fenômeno São Caetano não dure; talvez acabe conquistando jovens torcedores que rejeitam os times poderosos das capitais. Sem querer transformá-lo em paradigma da perfeição administrativa, mas reconhecendo suas qualidades incomuns (como muda tanto e não perde o jeito?), gostaria de ver outros sãocaetanos surgindo por aí.

Ataque de nervos
Marcos e Muñoz, Cris e Eduardo... Geninho e as instruções violentas (ainda que não tivesse a intenção de ser entendido literalmente)... Brigas e expulsões... A última semana teve muitos momentos de virilidade exacerbada. Talvez os meninos sejam naturalmente inclinados a brigar, e ainda por cima são educados para serem brigões. Bancam os machões para imitar os adultos, sem perceber que os adultos em momentos de macheza parecem meninos.

Em série
Impressionante a fartura de goleadores de que desfruta o Goiás. Será Alex o próximo?

Desafortunados
A expulsão de Piá foi de dar dó. O gol de Alexandre também.

E-mail
soninha.folha@uol.com.br


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