São Paulo, quinta-feira, 22 de abril de 2004

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AÇÃO

10 de janeiro de 2004

CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA

Há cerca de dez anos, a revista "Surfer" publicou uma foto impressionante: um windsurfista, Pete Cabrinha, velejando/surfando uma onda que, para os padrões da época, era tão grande que mereceu destaque na publicação, exclusiva de surfe.
Era a descoberta de Jaws, Maui, Havaí, até então privilégio de alguns poucos e bons windsurfistas que saíam da praia vizinha de Hookipa e se aventuravam pela área. Aquela foto revelou a maior onda do mundo e mexeu com os big riders.
Nessa época, o tow in engatinhava. O pioneiro Laird Hamilton já havia tentado no North Shore de Oahu com a ajuda de um Zodiac e iniciava as experiências do reboque com jet-skis. Surfar Jaws com aquelas dimensões usando só a propulsão dos braços era, e continua sendo, impossível.
A experiência nas ondas gigantes aproximou Cabrinha e Dave Kalama de Hamilton. Juntos, fundaram o Strapped Team, o primeiro grupo treinado para o surfe tow in. Daí para a frente o big surfe nunca mais foi o mesmo.
O dia, o do título, entrou para a história do surfe. Foi em 10 de janeiro deste ano que um homem desceu a maior onda já surfada. O novo recordista mundial é Pete Cabrinha, 42. Após debates e medições empíricas, os juízes do Billabong XXL Global Big Wave Award decidiram dar o prêmio máximo ao americano.
Na briga pelo título estava, entre três outros, o brasileiro Danilo Couto, que surfou Jaws no mesmo histórico 10 de janeiro. A face da onda de Cabrinha, segundo os organizadores do XXL, tinha 70 pés, dois a mais do que a dropada pelo brasileiro Carlos Burle em Maverick's, em 2001. Até então era de Burle, que em 2002 levou o XXL, a honra de ter surfado a maior onda de que se tinha registro.
O que os juízes fazem é comparar a onda em relação ao tamanho do surfista e, por horas, debater e comparar fotos até determinar um campeão. É natural que haja controvérsias sobre vencedores e recordistas, mas a comunidade do surfe esteve reunida na sexta, dia 17, em Anaheim, EUA, para celebrar o esporte e eleger seu mais novo ícone. Eram 1.500 pessoas, num clima digno de Oscar, dentro do Grove Theather.
Quando a principal categoria ia ser anunciada, Cabrinha se colocou de pé no corredor. Veterano, via a chance de entrar para a seleta lista de vencedores do cabeludo torneio. Na falta de uma medição mais precisa, o que se pode dizer é que o julgamento foi imparcial, justo. Mas a pergunta que corria de boca em boca era: quem seria o vencedor se Laird Hamilton, radicalmente avesso às competições, tivesse se inscrito no concurso? Ele surfou Jaws no mesmo dia e, assim como Cabrinha, optou em surfar para a esquerda uma onda que, para muitos, foi maior.
Para Couto e todos nós, brasileiros, ficou a frustração de, por uma margem ínfima, se é que ela existe, não colocarmos outro nome nessa galeria de campeões.
As dúvidas permanecem, mas o que fica é a grandiosidade de eventos desse tipo, a criação de novos mitos para o esporte e o cheque de US$ 70 mil que Cabrinha levou para casa.

WCT - Austrália
Joel Parkinson venceu seu conterrâneo Taj Burrow na final caseira do Rip Curl em Bell's. Andy Irons, terceiro na prova, assumiu a liderança do ranking, e quatro brasileiros estão entre os top 16.

Escalada esportiva
Neste sábado, na Climbing, acontece a primeira etapa do Campeonato Paulista, modalidade boulder. Destaque para a apresentação de um grupo de escaladores cegos.

Expo Adventure Nordeste
Começa hoje, em Recife (PE), a primeira edição da feira de ecoturismo e esportes de aventura. A geografia da região contribui, e o evento estréia com força.

E-mail sarli@trip.com.br


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