|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
AÇÃO
10 de janeiro de 2004
CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA
Há cerca de dez anos, a revista "Surfer" publicou uma
foto impressionante: um windsurfista, Pete Cabrinha, velejando/surfando uma onda que, para
os padrões da época, era tão grande que mereceu destaque na publicação, exclusiva de surfe.
Era a descoberta de Jaws, Maui,
Havaí, até então privilégio de alguns poucos e bons windsurfistas
que saíam da praia vizinha de
Hookipa e se aventuravam pela
área. Aquela foto revelou a maior
onda do mundo e mexeu com os
big riders.
Nessa época, o tow in engatinhava. O pioneiro Laird Hamilton já havia tentado no North
Shore de Oahu com a ajuda de
um Zodiac e iniciava as experiências do reboque com jet-skis. Surfar Jaws com aquelas dimensões
usando só a propulsão dos braços
era, e continua sendo, impossível.
A experiência nas ondas gigantes aproximou Cabrinha e Dave
Kalama de Hamilton. Juntos,
fundaram o Strapped Team, o
primeiro grupo treinado para o
surfe tow in. Daí para a frente o
big surfe nunca mais foi o mesmo.
O dia, o do título, entrou para a
história do surfe. Foi em 10 de janeiro deste ano que um homem
desceu a maior onda já surfada.
O novo recordista mundial é Pete
Cabrinha, 42. Após debates e medições empíricas, os juízes do Billabong XXL Global Big Wave
Award decidiram dar o prêmio
máximo ao americano.
Na briga pelo título estava, entre três outros, o brasileiro Danilo
Couto, que surfou Jaws no mesmo
histórico 10 de janeiro. A face da
onda de Cabrinha, segundo os organizadores do XXL, tinha 70 pés,
dois a mais do que a dropada pelo
brasileiro Carlos Burle em Maverick's, em 2001. Até então era de
Burle, que em 2002 levou o XXL, a
honra de ter surfado a maior onda de que se tinha registro.
O que os juízes fazem é comparar a onda em relação ao tamanho do surfista e, por horas, debater e comparar fotos até determinar um campeão. É natural que
haja controvérsias sobre vencedores e recordistas, mas a comunidade do surfe esteve reunida na
sexta, dia 17, em Anaheim, EUA,
para celebrar o esporte e eleger
seu mais novo ícone. Eram 1.500
pessoas, num clima digno de Oscar, dentro do Grove Theather.
Quando a principal categoria ia
ser anunciada, Cabrinha se colocou de pé no corredor. Veterano,
via a chance de entrar para a seleta lista de vencedores do cabeludo
torneio. Na falta de uma medição
mais precisa, o que se pode dizer é
que o julgamento foi imparcial,
justo. Mas a pergunta que corria
de boca em boca era: quem seria o
vencedor se Laird Hamilton, radicalmente avesso às competições, tivesse se inscrito no concurso? Ele surfou Jaws no mesmo dia
e, assim como Cabrinha, optou
em surfar para a esquerda uma
onda que, para muitos, foi maior.
Para Couto e todos nós, brasileiros, ficou a frustração de, por
uma margem ínfima, se é que ela
existe, não colocarmos outro nome nessa galeria de campeões.
As dúvidas permanecem, mas o
que fica é a grandiosidade de
eventos desse tipo, a criação de
novos mitos para o esporte e o
cheque de US$ 70 mil que Cabrinha levou para casa.
WCT - Austrália
Joel Parkinson venceu seu conterrâneo Taj Burrow na final caseira
do Rip Curl em Bell's. Andy Irons, terceiro na prova, assumiu a liderança do ranking, e quatro brasileiros estão entre os top 16.
Escalada esportiva
Neste sábado, na Climbing, acontece a primeira etapa do Campeonato Paulista, modalidade boulder. Destaque para a apresentação de
um grupo de escaladores cegos.
Expo Adventure Nordeste
Começa hoje, em Recife (PE), a primeira edição da feira de ecoturismo e esportes de aventura. A geografia da região contribui, e o evento
estréia com força.
E-mail sarli@trip.com.br
Texto Anterior: Automobilismo: Rossi testa com Ferrari e tem dia de Schumacher Próximo Texto: Futebol - Soninha: Tudo Azul Índice
|