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A ENCANTADORA DE CAVALOS
Vitória esporádica em prova de biatlo leva pernambucana Yane Marques ao pentatlo
corrida, esgrima, hipismo e tiro, posa no Recife
Nadadora decide multiplicar suas habilidades por 5
DA REPORTAGEM LOCAL
"Você quer treinar pentatlo
moderno?". A pergunta fez Yane
Marques divagar. As três provas
do triatlo ela já conhecia. Então
teria de nadar, correr, pedalar...
Quando a bicicleta foi citada, o
técnico Alexandre França interrompeu a nova pupila.
"Não", afirmou. "Você terá de
nadar, correr, lutar esgrima, saltar a cavalo e atirar".
Após o susto com a lista exótica apresentada, o franzido na
testa sumiu, e Yane acabou por
topar o desafio, exatamente por
ele parecer tão ameaçador.
A jovem nadadora, dona de
um título brasileiro nas piscinas,
nunca havia pegado em uma arma. Espadas, havia visto somente em filmes. Com os cavalos era
mais familiarizada. Nascida no
sertão pernambucano, conhecia
bem a vaquejada.
"Mas aquilo não tem nada a
ver com equitação. Só dava mesmo para dizer que eu conhecia
cavalos", esclarece ela.
Yane foi descoberta em um
torneio de biatlo promovido pela Confederação Brasileira de
Pentatlo Moderno no final de
2003 para iniciar as atividades da
modalidade em Pernambuco e
arregimentar praticantes.
"Eu não corria. Nem de brincadeira. Mas fui lá, ganhei. E me
chamaram", relembra.
Em um mês e meio, a pentatleta já estava recebendo um bronze no Campeonato Brasileiro.
"Ela é uma pentatleta nata, assimila os movimentos com rapidez e tem uma ótima consciência corporal", afirma Alexandre
França a respeito da pupila.
A maior preocupação do técnico no início eram os cavalos.
Muitas pessoas sofrem quedas e
desenvolvem traumas que podem até encerrar uma carreira.
O batizado de Yane, 21, ocorreu logo em sua primeira competição de saltos -disputada
como treino. Corsário, sua montaria, refugou e jogou-a em cima
do obstáculo. O saldo: 11 pontos
nas nádegas e um trauma.
"Eu não queria montar mais
aquele cavalo de jeito nenhum.
Fiquei uns dois meses longe dele
e, quando montei Corsário de
novo, caí de novo", diverte-se.
O episódio a ajudou a se aproximar dos animais. Como a
maior parte dos atletas do esporte, passou a conversar com eles.
"No México, eu fiquei um tempão falando com o cavalo... Só
depois percebi o tamanho da
burrice. O cavalo era mexicano,
não estava entendendo nada."
Apesar do erro no idioma,
Corsário entendeu de alguma
forma o recado, e Yane deixou a
etapa da Copa do Mundo com a
melhor posição registrada por
um brasileiro: 19ª.
Por mais estranho que possa
parecer, a maior dificuldade dela
foi se adaptar à corrida.
"É sofrimento do começo ao
fim. Depois da primeira volta, já
estou exausta. No treino também é um sofrimento só", conta.
No pentatlo, o atleta disputa,
nesta ordem, provas de tiro, esgrima, natação, equitação e corrida. Em cada uma delas larga
com uma pontuação base. A
partir dela, são descontados ou
somados pontos de acordo com
o desempenho em cada modalidade. Vence a disputa o competidor que somar mais pontos.
"O pentatlo é diferente de todos os outros esportes porque
você tem de ser constante. Hoje
eu sou a número um do Brasil,
mas, se der uma escorregada em
uma delas, caio na hora", constata Yane.(ML)
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