São Paulo, sexta, 22 de maio de 1998

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FUTEBOL
'É muito fácil entrar no château', afirma um dos invasores, de 12 anos
Garotos driblam policiais e entram em hotel da seleção

dos enviados a Ozoir-la- Ferrière

Dois garotos franceses driblaram ontem a polícia antiterror, responsável pela segurança da seleção durante a Copa do Mundo, e invadiram o Château de Grande Romaine, local da concentração da equipe brasileira na França.
Aurélien Lefevre, 12, e Clêment Brault, 12, entraram no château pela floresta que o circunda e só foram descobertos porque Patrícia, mãe de Clêment, chamou a segurança, suspeitando que os dois estariam lá dentro.
"Meu filho tem o hábito de cortar caminho para visitar os amigos passando pelo château", disse Patricia Brault. "Como ele tinha saído cedo de casa e não voltava para o almoço, desconfiei que poderia estar dentro do hotel."
Alertados pela mãe de Clêment, 12 policiais, que estavam no château montando os preparativos finais para o esquema de proteção à seleção, fizeram uma busca no local e encontraram o garoto, com seu amigo Aurélien, escondidos no prédio B, o edifício em que dormirão os jogadores do Brasil.
"É muito fácil entrar no château", contou Clêment. "É só atravessar a floresta, que dá fundos para a minha casa, que eu saio na quadra de tênis do hotel. Hoje (ontem), eu e o Aurélien decidimos entrar escondidos para ver se chegava algum jogador."
Quando encontrados pela polícia, os pré-adolescentes foram obrigados a se retirar. Antes, porém, após muito insistirem, puderam conhecer os quartos em que os atletas brasileiros dormirão.
"Se a mãe do Clêment não tivesse desconfiado, eles teriam levado mais tempo para nos encontrar e poderíamos ter visto melhor o château", lamentava Aurélien, que passou a tarde no hotel, observando a movimentação.
Apesar da presença de 12 policiais antiterror no momento da "invasão" dos dois, a segurança argumentou que, pelo fato de a seleção ainda não ter chegado, os cães farejadores, que ficarão na floresta, só estariam a postos no final do dia.
Em Ozoir-la-Ferrière, cidade em que a seleção fará a maioria de seus treinos, e em Lésigny, onde fica o château, a polícia já está distribuindo passes para que os moradores possam entrar com seus carros e isolando diversas ruas.
Perto da concentração, a segurança quer proibir a circulação de torcedores e jornalistas. A imprensa só teria acesso ao château, por microônibus, na hora das entrevistas coletivas.
Uma grande operação policial está prevista para hoje de manhã na chegada da seleção a Paris, prevista para as 8h20, no aeroporto Charles de Gaulle.
Até o fim da tarde de ontem, o administrador da seleção, Carlos Alberto da Luz, não havia sido informado sobre detalhes.
A princípio, a equipe não deve passar pelo interior do aeroporto. Deve descer do avião e pegar um ônibus em plena pista.
O Grupo Especial de Intervenção da Polícia Nacional, o pelotão de elite que acompanhará o time brasileiro durante a Copa do Mundo, não quer que a delegação passe pelo interior do aeroporto.
Na pista, acreditam os policiais, seria mais difícil qualquer ação de grupos terroristas. (JCA e MM)


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