São Paulo, quinta-feira, 22 de junho de 2000


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Ex-ministro afirma no Rio que aguarda "alguma atitude" do presidente
Pelé ataca mudanças em sua lei e faz lobby

Antônio Gaudério/Folha Imagem
Em seu escritório, no Rio, Pelé mostra os pés depois de imprimir caixa de cimento que será usada na Calçada da Fama do Maracanã



Novo texto da lei, aprovado anteontem pelo Congresso, desobriga os clubes a se tornarem empresas e estende privilégios das equipes após o fim do passe


JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
DO PAINEL FC

PEDRO DANTAS
DA SUCURSAL DO RIO

Dizendo-se indignado com as modificações da Lei Pelé, o ex-ministro dos Esportes Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, já está fazendo lobby para o presidente Fernando Henrique Cardoso vetar o texto, aprovado anteontem pelo Congresso Nacional.
Na semana passada, antes mesmo da votação das emendas à lei, Pelé havia telefonado para o presidente e reclamado que o que chama de seu principal feito como ministro (1995-1998) estava sendo desfigurado pelos políticos.
Ontem, no Rio, quando voltou a deixar a marca de seus pés para o Calçada da Fama do Maracanã -a primeira, deixada na sexta-feira, fora apagada-, Pelé voltou a mandar uma mensagem para FHC. Só que, agora, pública.
""As modificações (entre as quais, o fim da obrigatoriedade de um clube se transformar em empresa) são retrógradas. Foram um passo para trás. Infelizmente, saíram ganhando as pessoas que queriam detonar a Lei Pelé."
Dizendo-se ""triste" com a situação, o ex-ministro afirmou que, desde que foram lançados os primeiros indícios de profissionalização do futebol brasileiro -""com a Lei Pelé"-, ""US$ 65 milhões de investimentos (estrangeiros) foram feitos aqui".
Mais tarde, disse esperar ""alguma atitude" do presidente.
""Até mesmo no passe mexeram", lamentou. Pela redação aprovada pelo Congresso, o clube com um atleta em categorias de base pode fazer contrato de até quatro anos com o mesmo, fixando o valor da multa contratual. No original, era de dois anos.
Considerando que a Lei Pelé foi desfigurada, o ex-jogador chegou até mesmo a sugerir que se inicie agora, então, novo debate sobre o assunto. Para isso, chegou a oferecer o portal que lançará na Internet como espaço para o que chama de ""Grande Fórum de Evolução da Lei Pelé".
A idéia, na verdade, foi levada a Pelé Sports & Marketing, agência de marketing esportivo do ex-ministro dos Esportes, por José Cláudio Compan, um dos diretores da GOL! Comunicação, empresa especializada em gestão de marcas do futebol. Aprovada por Pelé, estaria sendo discutida com a Zipnet, que hospeda seu portal.
""Seria uma forma de derrubar um dos argumentos usados contra a Lei Pelé. Não dizem que não houve discussão suficiente? Então agora haveria", disse Compan.
Só que a sugestão do empresário e do próprio Pelé já está sendo atacada -e muito- por opositores do ex-ministro.
Fábio Koff, presidente do Clube dos 13, entidade que reúne 20 dos principais times brasileiros, e Eurico Miranda, vice-presidente do Vasco e deputado federal (PPB-RJ), acham que não tem cabimento Pelé começar agora uma discussão, criando um ""fórum virtual", se teve quatro anos como ministro para promover um amplo debate sobre o assunto.
E o dirigente vascaíno vai mais longe. Vê a proposta como mais um indício de que o maior interesse do ex-ministro ao formular a lei foi o de ajudar a Pelé Sports & Marketing, que atua justamente com marketing esportivo.


Colaboraram José Alberto Bombig, da Reportagem Local, e Marcelo Damato, do Painel FC


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