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LEGISLAÇÃO
Nova lei barra dirigentes profissionais na negociação de contratos
Texto da Lei Pelé atende a interesses de dirigentes
MARCELO DAMATO
DO PAINEL FC
A nova lei do esporte, aprovada
anteontem por uma sessão conjunta do Congresso Nacional, é
marcada por artigos que atendem
a interesses dos dirigentes esportivos amadores.
O projeto de reconversão, redigido pelo senador Maguito Vilela,
impede que uma empresa tenha
participação na administração de
mais de um clube de futebol, mas
permite que isso aconteça em outros esportes.
Dessa maneira, o Vasco poderá
continuar a ter duas equipes de
basquete disputando o Campeonato Nacional masculino.
O principal inspirador do novo
texto legal é o deputado federal
Eurico Miranda (PPB-RJ). Uma
de suas poucas derrotas foi o fracasso em incluir um artigo que
proibia os clubes de recorrerem à
Justiça caso se sentissem lesados
pelos tribunais esportivos.
O artigo foi rejeitado porque foi
considerado inconstitucional.
Mas Miranda, vice-presidente
de futebol do Vasco, conseguiu
manter o artigo que proíbe dirigentes profissionais de assinar
contratos em nome do clube.
O dirigente, que já prorrogou o
contrato do Vasco com o Bank of
America até 2098, garante agora o
direito de assinar todos os contratos relativos à imagem do clube,
cuja exploração pertence ao seu
parceiro norte-americano.
Esse artigo também impede que
os parceiros substituam os dirigentes tradicionais na discussão
dos contratos de TV, a principal
fonte de renda dos clubes na atualidade.
Mas Miranda não foi, nem de
longe, o único dirigente atendido
em seus interesses.
Os dirigentes dos esportes olím
picos conseguiram que seus esportes voltassem a receber um
tratamento diferenciado.
A principal diferença é a manutenção do amadorismo marrom,
que havia sido colocado na ilegalidade pela Lei Pelé.
Pelo texto aprovado, essa figura
recebeu até uma espécie de sanção oficial, com a inclusão de uma
frase que permite que atletas amadores tenham patrocinadores
pessoais.
Mas a principal mudança no espírito da Lei Pelé foi o fim da obrigatoriedade da transformação
dos clubes em empresas.
O lei aprovada anteontem praticamente recupera os artigos da
Lei Zico (a antecessora da Lei Pelé) sobre o assunto.
A partir de agora, operações financeiras como as realizadas pelo
Vitória e o Bahia não poderão
mais ser repetidas, pois agora é
obrigatório que o clube tenha o
controle acionário de uma eventual sociedade.
Os compradores, muito menos,
poderão comprar bens patrimoniais dos clubes aos quais se associarem.
Politicamente, a aprovação da
"Lei Maguito Vilela" é uma reviravolta. Há dois anos, a bancada
governista deu apoio ao então ministro dos Esportes Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, para
aprovar o seu projeto de lei. Desta
vez, bancou outro projeto, que
desfigura o primeiro.
A única possibilidade de o espírito da Lei Pelé ser mantido é o
presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, vetar o texto aprovado ontem.
Curiosamente, foi o bloco de
oposição quem mais defendeu a
lei, principalmente seu segundo
ponto mais importante (na opinião de Pelé), os artigos que extinguem o passe.
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