São Paulo, quinta-feira, 22 de junho de 2000


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AÇÃO
Campeão e sobrando

CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA

Pernambuco deu sorte, comentou meu sogro, nascido em Ferreiros (PE), sobre a incontestável vitória da equipe brasileira nos ISA Maresia World Surfing Games, as Olimpíadas do surfe, realizados em Maracaípe.
Afeito à política e ao jornalismo, o surfe não figura entre seus assuntos mais freqüentes. Na verdade, sorte ficou longe de ser componente determinante na conquista brasileira da competição, cujo status é de título mundial.
O que sobrou ao time brasileiro foi competência mesmo. Das sete categorias em disputa, fizemos seis campeões, só não garantindo o título na categoria júnior, a que parecia mais ganha, com três brasileiros entre os quatro finalistas.
De resto, foi tudo festa. Depois de quatro vice-campeonatos nas edições anteriores dos WSG, o Brasil chegou ao inédito título com ampla vantagem sobre o Havaí, vice-campeão, e a Austrália, terceira colocada. Namíbia, Suíça, Canadá, Israel e Irlanda do Norte competiram no mais autêntico estilo Barão de Coubertin, enquanto os EUA, campeões em 1996, repetiram o fraco desempenho de 1998 em Portugal e amargaram o décimo lugar.
A competição envolve 15 atletas por equipes, com provas de kneeboarding (surfe de joelho), longboard, bodyboarding (masculino e feminino) e surfe júnior e open, que também é disputado pelas mulheres. A somatória da classificação de todos os atletas define o ranking por países.
Quatro cariocas tiveram um papel determinante no título. Sérgio Peixe, 43, o mais velho entre os competidores, alcançou o tão sonhado título no kneeboarding, e Marcelo Freitas foi o melhor no pranchão. No bodyboarding, o tetracampeão mundial profissional, Guilherme Tâmega, ratificou o favoritismo, numa decisão acirrada, enquanto a atual campeã mundial, Karla Costa, levou o título com folga.
Os dois outros títulos individuais alcançados pelo Brasil têm um glamour especial. Fábio Silva (open) e Tita Tavares (feminino) cresceram no mesmo bairro. Na verdade, na mesma favela do Titanzinho, em Fortaleza. Do barraco junto ao mar avistaram nas ondas a chance de encontrar um pouco de prazer, sentimento escasso naquelas paradas.
Começaram deslizando sobre tocos de madeira e hoje disputam circuitos profissionais. Ganham prêmios e salários que pareceriam sonhos impossíveis há alguns poucos anos, continuam fiéis às suas origens e hoje podem se orgulhar de serem campeões mundiais.
Os WSG são realizados a cada dois anos e crescem a cada nova edição. São uma oportunidade para novos talentos despontarem, como aconteceu recentemente com Yuri Sodré e Taj Burrow, ou no passado, quando ainda era chamado de Mundial amador, com Felipe Pomar, Nat Young, Tom Curren e Fábio Gouveia.
Desde que Pepê Lopez foi finalista do Pipe Masters de 77, no Havaí, o surfe nacional vem conquistando, a duras penas, o reconhecimento internacional. A recente vitória de Carlos Burle no Mundial de ondas grandes não deixou dúvidas sobre nossa competência em qualquer tipo de onda, e o título da ISA pavimenta o caminho para novas conquistas.

Longboard
A decisão do título mundial será no Brasil, entre 1º e 10 de outubro, na praia do Rosa, em Imbituba (SC). O Oxbow World Championships terá US$ 70 mil de premiação.

WCT
Após um mês de intervalo, os top 44 do WCT voltam ao circuito para competir no Billabong-MSF Pro, que começa na próxima quinta e vai até 9 de julho. A prova será em Jeffrey's Bay (África do Sul), onde água gelada, boas ondas e tubarões tornam o esporte mais emocionante.

Queda livre
No feriado prolongado, enquanto alguns atletas participam da terceira etapa do Circuito Brasileiro de pára-quedismo, em Ponta Grossa (PR), outros disputam o Primeiro Desafio de velocidade vertical, em Boituva (SP).
E-mail
carlosarli@revistatrip.com.br
www.uol.com.br/folha/pensata

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