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AÇÃO
Campeão e sobrando
CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA
Pernambuco deu sorte, comentou meu sogro, nascido
em Ferreiros (PE), sobre a incontestável vitória da equipe brasileira nos ISA Maresia World Surfing
Games, as Olimpíadas do surfe,
realizados em Maracaípe.
Afeito à política e ao jornalismo, o surfe não figura entre seus
assuntos mais freqüentes. Na verdade, sorte ficou longe de ser componente determinante na conquista brasileira da competição,
cujo status é de título mundial.
O que sobrou ao time brasileiro
foi competência mesmo. Das sete
categorias em disputa, fizemos
seis campeões, só não garantindo
o título na categoria júnior, a que
parecia mais ganha, com três brasileiros entre os quatro finalistas.
De resto, foi tudo festa. Depois
de quatro vice-campeonatos nas
edições anteriores dos WSG, o
Brasil chegou ao inédito título
com ampla vantagem sobre o Havaí, vice-campeão, e a Austrália,
terceira colocada. Namíbia, Suíça, Canadá, Israel e Irlanda do
Norte competiram no mais autêntico estilo Barão de Coubertin,
enquanto os EUA, campeões em
1996, repetiram o fraco desempenho de 1998 em Portugal e amargaram o décimo lugar.
A competição envolve 15 atletas
por equipes, com provas de kneeboarding (surfe de joelho), longboard, bodyboarding (masculino
e feminino) e surfe júnior e open,
que também é disputado pelas
mulheres. A somatória da classificação de todos os atletas define o
ranking por países.
Quatro cariocas tiveram um
papel determinante no título. Sérgio Peixe, 43, o mais velho entre os
competidores, alcançou o tão sonhado título no kneeboarding, e
Marcelo Freitas foi o melhor no
pranchão. No bodyboarding, o tetracampeão mundial profissional, Guilherme Tâmega, ratificou
o favoritismo, numa decisão acirrada, enquanto a atual campeã
mundial, Karla Costa, levou o título com folga.
Os dois outros títulos individuais alcançados pelo Brasil têm
um glamour especial. Fábio Silva
(open) e Tita Tavares (feminino)
cresceram no mesmo bairro. Na
verdade, na mesma favela do Titanzinho, em Fortaleza. Do barraco junto ao mar avistaram nas
ondas a chance de encontrar um
pouco de prazer, sentimento escasso naquelas paradas.
Começaram deslizando sobre
tocos de madeira e hoje disputam
circuitos profissionais. Ganham
prêmios e salários que pareceriam sonhos impossíveis há alguns poucos anos, continuam
fiéis às suas origens e hoje podem
se orgulhar de serem campeões
mundiais.
Os WSG são realizados a cada
dois anos e crescem a cada nova
edição. São uma oportunidade
para novos talentos despontarem,
como aconteceu recentemente
com Yuri Sodré e Taj Burrow, ou
no passado, quando ainda era
chamado de Mundial amador,
com Felipe Pomar, Nat Young,
Tom Curren e Fábio Gouveia.
Desde que Pepê Lopez foi finalista do Pipe Masters de 77, no
Havaí, o surfe nacional vem conquistando, a duras penas, o reconhecimento internacional. A recente vitória de Carlos Burle no
Mundial de ondas grandes não
deixou dúvidas sobre nossa competência em qualquer tipo de onda, e o título da ISA pavimenta o
caminho para novas conquistas.
Longboard
A decisão do título mundial
será no Brasil, entre 1º e 10 de
outubro, na praia do Rosa,
em Imbituba (SC). O Oxbow
World Championships terá
US$ 70 mil de premiação.
WCT
Após um mês de intervalo, os
top 44 do WCT voltam ao circuito para competir no Billabong-MSF Pro, que começa
na próxima quinta e vai até 9
de julho. A prova será em Jeffrey's Bay (África do Sul), onde água gelada, boas ondas e
tubarões tornam o esporte
mais emocionante.
Queda livre
No feriado prolongado, enquanto alguns atletas participam da terceira etapa do Circuito Brasileiro de pára-quedismo, em Ponta Grossa
(PR), outros disputam o Primeiro Desafio de velocidade
vertical, em Boituva (SP).
E-mail
carlosarli@revistatrip.com.br
www.uol.com.br/folha/pensata
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