São Paulo, sábado, 22 de junho de 2002

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QUARTAS/ ONTEM

Atleta cria lance do 1º gol, vira jogo ao cobrar falta e é expulso

Último "erre" a se destacar, Ronaldinho tem brilho fugaz

Associated Press
Na sequência de imagens, o goleiro inglês David Seaman, mal posicionado, é encoberto e só observa entrar em seu gol a bola chutada por Ronaldinho, que após marcar comemora abraçado a Rivaldo

DOS ENVIADOS A SHIZUOKA

O mais apagado dos "erres" brasileiros até então renasceu e sucumbiu em apenas 13 minutos.
Coadjuvante de Rivaldo e Ronaldo nas quatro partidas anteriores do Brasil na Copa, Ronaldinho ontem foi o protagonista do jogo -para o bem e para o mal.
No último lance do primeiro tempo, Ronaldinho, 22, começou a viver seu melhor momento neste Mundial. Em uma arrancada, passou pela defesa inglesa e deixou Rivaldo livre para empatar.
No início da segunda etapa, o ""erre" mais novo da seleção voltou a brilhar. O meia-atacante bateu falta de longe, no lado direito do ataque, e encobriu o goleiro inglês Seaman, virando a partida.
Foi seu segundo gol na Copa. Os outros dois ""erres" da equipe, Ronaldo e Rivaldo, são artilheiros do torneio, ao lado do alemão Klose. Com o que fez ontem, Rivaldo se igualou aos dois atacantes, que já estavam com cinco gols cada um.
O futebol rápido, objetivo e de dribles desconcertantes de Ronaldinho parecia estar de volta.
Uma das apostas do técnico Luiz Felipe Scolari, que garantiu o lugar do jogador na seleção mesmo com o período que ele ficou sem atuar devido a litígio entre o Grêmio e o Paris Saint-Germain (França), o meia-atacante gaúcho foi o melhor do time nacional enquanto esteve em campo ontem.
Pouco depois do gol antológico, porém, aos 12min, Ronaldinho quase pôs a perder a vantagem brasileira ao dar entrada dura no lateral-direito Mills e ser expulso. Para o Brasil, jogar com dez atletas significava mais um baque.
Após quase duas horas sem poder abandonar a sala de coleta de urina para o exame antidoping, o meia-atacante só deu uma rápida entrevista ontem. Respondeu a apenas três perguntas formuladas por um jornalista da Fifa e deixou o estádio mais de uma hora e meia depois de seus companheiros.
Questionado sobre seu gol, ele negou que tenha tentado cruzar a bola, como afirmou o goleiro Marcos ao término da partida.
"Eu quis chutar [na cobrança". O Cafu já vinha me alertando que o goleiro deles jogava adiantado. Chutei no gol e fui feliz", contou.
Ronaldinho, que foi vaiado pelos torcedores ingleses depois de ter levado o cartão vermelho, disse discordar de sua expulsão.
"Foi um lance rápido. Infelizmente, não tem como voltar atrás, mas não foi uma falta para cartão vermelho. O próprio inglês [Mills" que sofreu a falta me disse isso [na sala do exame". Acho que a expulsão foi injusta", avaliou.
O administrador da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) Américo Faria disse logo depois da partida, ainda no estádio Shizuoka Ecopa, que não há possibilidade de a entidade recorrer contra a expulsão para que o atleta já pudesse participar da semifinal.
O presidente da CBF, Ricardo Teixeira, está concentrado, sim, em garantir a escalação de Ronaldinho no jogo seguinte -a final ou a disputa da terceira posição.
Hoje, Texeira começará a fazer lobby com os dirigentes da Fifa para que o atleta seja punido com apenas uma partida afastado.
Se não ficará livre da suspensão automática, o meia-atacante pelo menos acabou absolvido pelo treinador da seleção brasileira.
"Acho que ele não merecia ter sido expulso. O Ronaldinho havia sido chutado anteriormente pelo atleta [inglês", e o árbitro puniu de uma forma muito rigorosa. Não entendi a expulsão", reclamou.
Na partida seguinte à semifinal, Ronaldinho dificilmente deixará de retornar normalmente ao time titular, caso seja mesmo punido com só um jogo de suspensão.
Pelo futebol que mostrou ontem, tem sua vaga garantida. Mesmo porque, a pessoas próximas, Luiz Felipe Scolari disse que ainda espera que o meia-atacante vire o principal jogador da equipe neste Mundial. (FÁBIO VICTOR, FERNANDO MELLO, JOSÉ ALBERTO BOMBIG, SÉRGIO RANGEL E RODRIGO BUENO)


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