São Paulo, sábado, 22 de junho de 2002 |
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QUARTAS/ ONTEM Companheiros de time e adversários afirmam que Kahn foi o fiel da balança Goleiro veterano leva equipe alemã renovada à semifinal
ROBERTO DIAS ENVIADO ESPECIAL A ULSAN A Alemanha pode até se gabar de apresentar na Copa Coréia/Japão uma seleção renovada, mas quem teve de resolver a vida da equipe ontem contra os EUA foi o mais velho jogador alinhado para o duelo, o goleiro Oliver Kahn. Não fosse ele, é bem possível que o time europeu não tivesse de entrar em campo na terça-feira para jogar uma semifinal de Copa pela primeira vez em 12 anos. Algo que jogadores, técnicos e dirigentes, de um lado e de outro, fizeram questão de deixar claro após a vitória alemã por 1 a 0. "Estamos contentes de ter um goleiro tão bom", disse Ballack. "Ele salvou nossa vida muitas vezes", afirmou o técnico Rudi Völler. "Sem ele, não teríamos vencido", disse o ex-atacante Karl-Heinz Rummenigge, integrante da delegação de sua seleção. Dos derrotados, o encantamento. "A diferença do jogo foi Kahn. Ele esteve fantástico", afirmou o técnico Bruce Arena. "Ele foi o homem do jogo", declarou o goleiro Brad Friedel, também sem receio de melindrar seu companheiro Reyna, eleito pela Fifa "o melhor do jogo". Das seis defesas que o goleiro alemão fez ontem, três foram especialmente importantes. Primeiro, os americanos tentaram de longe. Donovan partiu da esquerda, driblou o zagueiro Linke e chutou no canto direito. Kahn se esticou e salvou o gol. Donovan experimentou, então, chegar mais perto, mas o alemão deixou o gol e abafou o atacante, que entrava livre na área. Logo depois, Lewis pegou um forte chute de primeira, mas Kahn não só estava no lugar certo -a bola foi em cima dele-, como teve reflexo para evitar o gol. Após seu goleiro neutralizar a pressão americana, os alemães conseguiram enfim marcar, ainda no primeiro tempo. Foi de cabeça, pela oitava vez neste Mundial: o meia Ballack, 1,89 m, ganhou o duelo com Sanneh, apenas um centímetro mais baixo, e concluiu com precisão uma cobrança de falta de Ziege. "As pessoas achavam que não iríamos longe. Provamos que podemos chegar até aqui com nosso tradicional estilo alemão de jogo", declarou o autor do gol. Após a segunda vitória por 1 a 0 no mata-mata da Copa, a Alemanha tem sim o que comemorar. Primeiro, superou o trauma das quartas-de-final, fase em que caíra nos dois últimos Mundiais. Além disso, apagou a má impressão das eliminatórias, quando, à semelhança do Brasil, correu sério risco de não se classificar -só o fez na repescagem. Essa já é a melhor campanha de um país que se prepara para receber a Copa desde a performance dos próprios alemães em 1970, quando acabaram em terceiro. Na Ásia, provaram mais uma vez sua regularidade: em 15 participações no Mundial, essa é a décima vez que ficam entre os quatro primeiros (mesmo número do Brasil, que esteve em todas as 17 edições realizadas até hoje). Com a vitória de ontem, conseguiram ainda manter um belo retrospecto contra equipes do continente americano. Em 19 jogos de Copa, só perderam uma vez, na final de 1986, para a Argentina. Se os americanos voltam para casa após terem cumprido sua melhor campanha em Copas desde 1930, os alemães, após o jogo de ontem em Ulsan (Coréia), esperam agora Espanha ou Coréia do Sul para tentar algo que parecia impossível há menos de um mês: classificar-se para a final. Só falta agora a equipe conseguir se livrar da dependência crônica dos milagres de Kahn. Afinal, como sempre disse a seleção alemã, esta é uma Copa de preparação para 2006 -quando o goleiro já estará com 37 anos. Texto Anterior: Painel na Copa Próximo Texto: Pingue-Pongue: "Só posso fazer uma pequena diferença", diz goleiro alemão Índice |
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