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WASHINGTON OLIVETTO
Black and White is Beautiful
Pra você, que está me lendo
agora, hoje é sábado e
amanhã é domingo, como
diria o poeta Vinícius de Morais.
Mas pra mim, que estou escrevendo agora, hoje é ainda quinta-feira e a Copa do Mundo está
de folga.
Aproveito, então, pra fazer um
balanço com muito balanço do
Mundial até este momento, sem
me comprometer exageradamente com o futuro, que a Felipão e a
Deus pertence.
O Brasil do Antônio Carlos Jobim ganhou da Bélgica do Jacques Brel, e o magnífico árbitro
jamaicano Peter "Ne Me Quitte
Pas" Prendergast teve uma atuação que merece ser comemorada
ao som do CD "Kaya N'Gan Daya", com Gilberto Gil cantando
as músicas de Bob Marley.
O México de Armando Manzanero, autor de clássicos como
"Mia", "Contigo Aprendi" e "Esta Tarde Vi Chover" (feita em homenagem ao Pelé), caiu diante
dos Estados Unidos dos irmãos
George e Ira Gershwin, autores de
maravilhas como "Summertime"
e "But Not For Me".
O Japão de Ryuichi Sakamoto e
Matinas Suzuki, primo da estrela
da equipe japonesa, Takayuki
Suzuki, se deu mal diante da Turquia de Tarkan, o jovem astro
pop turco, primo de Nesuhi Ertegun.
E a Itália de Roberto Murolo foi
uma "Malafemmena" para os
seus "tifosi" e acabou perdendo,
na prorrogação, da Coréia do Sul,
equipe videogame, embalada ao
som tecnopop coreano da banda
G.O.D.
Continuando o nosso balanço
com muito balanço, o Senegal de
Youssou N'Dour comprovou a tese do Chico César de que deve ser
legal ser negão no Senegal e mandou a Suécia do ABBA pra casa.
Coisa que a Inglaterra dos Rolling Stones também fez com a
Dinamarca do Savage Rose.
A Espanha de Paco de Lucía,
apesar do técnico José Antonio
Camacho, mas não muito, eliminou nos pênaltis a Irlanda do U2
-com Bono Vox e tudo.
E o Paraguai de Ortiz Guerrero
e José Asunción Flores, autores da
inesquecível "Índia", mesmo contando com o sensacional Gamarra, foi mandado de volta pra casa
pela Alemanha de Marlene Dietrich e Ute Lemper.
No caso da Alemanha, convém
ressaltar a presença do sempre
impecável uniforme alvinegro,
garantia de vitória sobre equipes
vestidas de verde e outras cores.
Como diz Marcos Valle numa de
suas muitas grandes canções,
"Black and White is Beautiful".
Fora da última rodada, mas
ainda dentro do Mundial-musical, não podemos deixar de lamentar as eliminações precoces
da França de Edith Piaf, MC Solaar e Zinedine Zidane, da Argentina de Carlos Gardel, Fito
Paez e Gabriel Batistuta e do Portugal de Amália Rodrigues, Carlos do Carmo e Luis Figo. Craques como eles fazem falta para o
espetáculo.
Mas agora que a Copa do Mundo vai para o seu grand finale, a
minha grande preocupação é a
afinação do meio-de-campo da
seleção brasileira.
Espero que o Felipão finalmente deixe de ser surdo, ouça "A Voz
do Coração" e escale o Little Richard, como havia sugerido o Oswaldo de Oliveira, o único técnico
campeão do Mundial de Clubes
da Fifa.
Aposto que, com Little Richard,
o Ricardinho, na posição de titular após o jogo contra a Inglaterra do Beckham, do Owen, da Victoria Adams e das Spice Girls, Felipão e os estádios japoneses vão
poder finalmente ouvir aquilo
que é música para os nossos ouvidos:
"Me dê a mão, me abraça, viaja
comigo pro céu, sou Gavião, levanto a taça com muito orgulho,
pra delírio da Fiel".
Washington Olivetto, publicitário sempre (e cronista esportivo eventual), raramente bebe whisky, mas, quando bebe,
prefere Black&White
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