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BASQUETE
Nirvana
MELCHIADES FILHO
EDITOR DE ESPORTE
Os Lakers não souberam
responder ao ataque dos Pistons. No começo, foi o "pick and
roll". Assim como rolou com Mike
Bibby (Sacramento), em 2002, e
com Tony Parker (San Antonio),
em 2003, o time de Los Angeles
consagrou o armador adversário.
Os Wallaces, Rasheed e Ben, rebolavam seus traseiros gordos no topo do garrafão, e Chauncey Billups aproveitava os corta-luzes
para deitar e rolar nos arremessos. Shaquille O'Neal nunca teve
mobilidade lateral para combater
essa jogadinha básica. Que dirá
com os joelhos e pés estropiados
pelos 32 anos e 140 e tantos quilos.
É por isso que os Lakers costumam trazer outro jogador para
cobrir o "pick and roll". O problema é que essa rotação sacode o
garrafão, deixa as coisas um pouco mais confusas do que já são. E
é no caos que o outro bom chutador do Detroit, Richard Hamilton, cava suas chances de pontuar. Clone do legendário Reggie
Miller, ele dispara de um lado da
quadra para o outro aproveitando justamente os corpos em movimento no garrafão para se desvencilhar de seu marcador. Pior,
o Laker mais competente para cobrir o "pick and roll", Karl Malone, machucou-se no início do mata-mata. Tremendo desfalque,
pois foi ele quem pavimentou a
classificação à decisão -nos dois
rounds anteriores, anulou Tim
Duncan (San Antonio) e intimidou Kevin Garnett (Minnesota).
Que azar, em 19 temporadas, se
machucar pela primeira vez justamente quando parecia à beira
do inédito e tão sonhado título...
O Los Angeles, então, teve de recorrer ao artilheiro Kobe Bryant
para fazer a cobertura, o que facilitou os "flashes" do pêndulo Hamilton. Ou então abandonar as
rotações, botando Kobe para defender sozinho o "pick and roll".
Isto deu certo no jogo 4, mas só
até Kobe pregar e os Pistons detonarem a terceira arma ofensiva:
Rasheed, livre de Malone. Em todos os cinco confrontos, a defesa
dos Lakers não soube o que fazer.
Detroit sobrou tanto nos tapinhas
como nos lances livres, as cestas
mais "fáceis". Por fim, com um
ataque tão azeitado, cerebral,
sem sobressaltos, os Pistons permitiram poucos contra-ataques,
retardando a transição californiana, sabidamente lenta por
conta das limitações físicas de
Shaq. (O badalado pivô é, a rigor,
o ponto fraco dos Lakers. Não à
toa, Kobe recusa-se a reverenciar
a estrela do colega, e os Lakers hoje admitem negociar o gigante.)
Assim, além de enfrentar uma defesa fortíssima, que coletivamente
converge para a bola, os Lakers
precisaram lidar no ataque com a
pressão do relógio. O glamouroso
triângulo simplesmente não se
formava ante um rival aparentemente moldado pelo técnico
Larry Brown com o propósito de
reescrever a geometria do basquete. O 4 x 1 foi uma ilusão. Um 4 x 0
teria sido mais justo. Os jurados
da NBA reconheceram o peso do
"pick and roll" e conferiram o
prêmio de craque das finais para
o unidimensional Billups. Mas o
título coroou o jogo coletivo, de
execução. Consagrou um time
operário que ressaltou o que há
de melhor, de mais singular e vertiginoso no esporte. Eu fiquei zonzo, abobado. Ou apenas feliz.
Grunge 1
Mais do que o vice-campeonato (mais um!), cabe lamentar o chocolate que os brasileiros tomaram dos argentinos em ambos os encontros no Sul-Americano Sub-21 masculino: 81 x 64 e 79 x 63.
Grunge 2
Mesmo sem garantia de um bom contrato, o cabeludo Anderson Varejão decidiu ir para as cabeças. O ala-pivô do Barcelona será escolhido na quinta-feira no "draft", o vestibular anual da NBA. O pivô Rafael Araújo, o Baby, há quatro anos nos EUA, também está garantido.
Grunge 3
Boas novas na internet: a volta do pioneiro www.bbheart.com.br e a
criação do www.draftbrasil.kit.net, mapa dos contratáveis da NBA.
E-mail melk@uol.com.br
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