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FUTEBOL
Bye Bye, Brasil
MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
EDITOR DE OPINIÃO
Luis Fabiano e Vagner Love,
os dois melhores centroavantes em atividade no país, afivelam
as malas e embarcam para outros
gramados. O atacante do São
Paulo vai para a Espanha, enquanto Love prepara-se para
atuar no futebol russo. Enquanto
isso, Alex, outra das poucas estrelas que atuavam por aqui, aparece nos jornais vestindo o uniforme de seu novo time. Turco.
A debandada continua. Vai arrastando desde craques formados
e jogadores promissores a outros,
menos cotados, que saem do país
a valores reduzidos e vão sabe-se
lá para onde.
Boa parte da crônica esportiva e
de profissionais ligados ao futebol
assiste a esse processo com um
conformismo irritante. O discurso
padrão, que serve basicamente
para encobrir as causas mais profundas da crise dos clubes, é culpar a Lei Pelé pelo fim do passe e
constatar que a Europa é mais rica, o que tornaria a fuga de jogadores algo inexorável.
Por esse raciocínio, a grande
ambição do futebol brasileiro seria andar para trás, restaurando
a ignominiosa lei do passe de modo que os clubes -e seus dirigentes, obviamente- pudessem se
aproveitar melhor do inevitável
comércio de jogadores para os
centros mais ricos.
Ora, o que o futebol brasileiro
precisa é repensar-se de maneira
profunda e encontrar um modelo
de geração de receitas que não se
concentre unicamente na transferência de jogadores. É preciso trabalhar para tornar o futebol do
país uma atividade sustentável
dentro de padrões condizentes
com o potencial que ele tem. É fato que o pólo europeu sempre
atrairá grandes estrelas, mas o
que temos visto é muito mais do
que isso: um êxodo amplo e incontrolável de jogadores de todos
os tipos -e cada vez mais jovens- para os mais diversos países, muitos deles, em situação econômica semelhante ou mesmo inferior à do Brasil, como as citadas
Rússia e Turquia.
Parece claro que se deve evoluir
para a separação entre as estruturas clubísticas e o futebol. Os clubes, tal como se estruturam, tiveram um papel fundamental ao
longo da história, mas acontece
que o futebol, queiramos ou não,
tornou-se uma poderosa atividade econômica ligada à indústria
do entretenimento, que exige gestão própria, profissional e transparente. A atual estrutura clubística não é compatível com a nova
realidade do futebol. Transformou-se numa amarra, quando o
que se precisa é de uma plataforma de lançamento.
A indispensável reformulação
da relação clube-futebol, deve ser
acompanhada de uma reestruturação das entidades esportivas (é
preciso limitar a renovação de
mandatos de dirigentes, por
exemplo) e de novos avanços na
organização do calendário (como
a redução a 18 dos participantes
do Brasileiro).
Esses temas estão novamente
em pauta com os debates sobre o
Estatuto do Esporte. Seria triste se
mais uma vez fosse desperdiçada
a chance de avançar na direção
de uma organização mais ambiciosa e limpa de nosso futebol.
Preju no Flamengo
Um pequeno exemplo dos erros de gestão de nosso futebol:
o mega-endividado Flamengo
(que poderia ser uma máquina
de ganhar dinheiro) desembolsa pagamentos regulares para
11 ex-treinadores e, durante 12
anos, continuará saldando uma
dívida com Romário.
A grande chance
Caiu do céu para o Flamengo
essa final da Copa do Brasil. É a
chance de o clube dar uma aliviada na situação. Só falta agora
avisar ao brioso Santo André
-que, pelo que mostrou até
aqui, vai ser dureza.
Eurobola
Quem estava achando ruim já
pode achar bom. Tivemos jogos muito bons no fim de semana da Eurocopa, com direito
a belos gols e muita emoção.
E-mail mag@folhasp.com.br
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