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São Paulo, quinta-feira, 22 de junho de 2006

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Clóvis Rossi

"Tops" fora dos "tops"

OS BLOGUEIROS do "New York Times" que estão acompanhando a Copa do Mundo (sim, até nos Estados Unidos, para você aí que acha que o Brasil exagera) foram convidados a selecionar os dez melhores momentos do Mundial até agora (na verdade, até quarta-feira). É gente que está não apenas vendo todos os jogos mas interagindo com os leitores dos blogs, de tal sorte que a lista deles, em tese, é mais, digamos, universal, tipo "o povo fala". O que o "povo" falou não é bom para o Brasil. Não aparecem nem o Brasil nem jogadores brasileiros nem um só momento brasileiro na lista. Tudo bem que ela tem seu lado questionável: blogueiros acabam escrevendo mais sobre as próprias ações, reações e emoções do que sobre os fatos que acompanham. Assim, um deles tascou na lista o fato de que, à espera de um vôo em San Francisco, pôde assistir a Equador x Polônia no bar do aeroporto. Bela porcaria, dirá você. Mas o blogueiro explica: é de uma geração que "teria que implorar para que o dono do bar pusesse a TV em jogo de soccer" (sim, eles continuam chamando futebol de soccer). Agora, não. "Homens de negócio, passageiros e até o pessoal da manutenção estavam grudados na tela", escreve. Feita essa fundamental ressalva, suspeito que até você, brasileiro e torcedor, desde que não seja um patrioteiro de carteirinha, terá imensa dificuldade para lembrar um momento brasileiro digno de figurar entre os melhores até agora. Pior: não só os brasileiros (mesmo os não patrioteiros, como eu) mas o resto do mundo acreditava que o Brasil preencheria pelo menos oito ou nove lugares nessa hipotética seleção. Será que vou/vamos ter que concordar com Marco van Basten, o técnico da Holanda, quando ele diz que a expectativa criada em torno do Brasil era excessiva, impossível de ser satisfeita? Será que vou ter que publicar um "erramos" para coluna que escrevi no ano passado, dizendo que o "quadrado mágico" de 2006 poderia ser tão bom ou melhor que o de 1970? Mas, atenção, meu quadrado era Kaká, Ronaldinho Gaúcho, Ronaldo e Robinho, sem Adriano. Faltam apenas quatro jogos para me salvar (o de hoje não conta: não vale nada e o adversário, com perdão da incorreção futebolística, é tudo japonês).

crossi@uol.com.br


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