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Itália vira refém da Copa-2006
Mesmo questionados, atletas que levaram tetracampeonato na Alemanha permanecem na equipe
Imprensa italiana faz críticas à forma física dos atuais jogadores da Azzurra, e pressiona treinador para promover renovação no time
DOS ENVIADOS A PRETÓRIA
O técnico da Itália, Marcello
Lippi, estava cabisbaixo após a
derrota para o Brasil. Ouviu nos
corredores que davam acesso à
sala de imprensa do estádio
Loftus Versfeld, em Pretória,
que havia se tornado "prisioneiro dos heróis de Berlim".
De fato, ele confiou e insistiu
nos jogadores que conquistaram o tetracampeonato mundial para o país três anos atrás,
na Alemanha. Alguns heróis de
2006, como o zagueiro Cannavaro, o volante Pirlo e o atacante Luca Toni, foram à África em
condições físicas precárias.
"Estou convicto de que o projeto continua. Meus planos não
vão se alterar. Me sinto entristecido. Não era a imagem que
queríamos mostrar da Itália.
Mas, infelizmente, foi isso que
vimos [hoje]", afirmou o treinador que, desde que assumiu a
Azzurra, após o fracasso na Euro-2008, tem sofrido pressão
para renovar a seleção.
Ontem, Lippi admitiu que
seus atletas não estavam nas
melhores condições para atuar
na Copa das Confederações.
"A nossa situação não foi boa.
Tivemos muitos jogadores com
problemas físicos. Se não fosse
isso, talvez tivéssemos um desempenho melhor", disse.
Um dos "heróis de Berlim", o
goleiro Buffon, afirmou na véspera que o confronto com o
Brasil serviria para medir a capacidade atual dos italianos.
Ao final da partida de ontem,
alguns campeões, como Luca
Toni, sinalizavam que o ciclo na
sua seleção está no fim.
"A nossa condição física foi
decisiva para o resultado", afirmou ele, que foi substituído aos
12min do segundo tempo.
Lippi afirmou que pretende
renovar a seleção italiana, mas
que isso não pode ser feito de
forma abrupta. "Os jovens têm
de ser introduzidos lentamente
e não podem entrar em jogos
importantes como esse. Não
podemos colocar sete ou oito
jogadores inexperientes no time de uma só vez", explicou.
A imprensa italiana pressiona Lippi a convocar atletas como Balotelli e até o atacante
brasileiro, naturalizado italiano, Amaury. A volta do atacante
Casano também é pedida.
"Agora temos que ter calma
para mudar. Se isso acontece [a
eliminação], temos de refletir
para corrigir o que está errado",
pregou Lippi, dizendo que sabia durante o segundo tempo
que um gol italiano poderia ter
classificado seu time na semifinal. "Mas faltou força. Não fomos a Itália campeã."
O técnico Dunga, que se viu
obrigado a promover uma renovação na seleção brasileira
após o fracasso em 2006, disse
que duas derrotas seguidas de
um time que é o atual campeão
do mundo não é algo normal.
"Jogamos contra uma grande
equipe e, quando algo assim
[derrota por 3 a 0] acontece, há
algo errado", disse.
(EDUARDO ARRUDA E PAULO COBOS)
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