São Paulo, segunda-feira, 22 de junho de 2009

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Itália vira refém da Copa-2006

Mesmo questionados, atletas que levaram tetracampeonato na Alemanha permanecem na equipe

Imprensa italiana faz críticas à forma física dos atuais jogadores da Azzurra, e pressiona treinador para promover renovação no time

DOS ENVIADOS A PRETÓRIA

O técnico da Itália, Marcello Lippi, estava cabisbaixo após a derrota para o Brasil. Ouviu nos corredores que davam acesso à sala de imprensa do estádio Loftus Versfeld, em Pretória, que havia se tornado "prisioneiro dos heróis de Berlim".
De fato, ele confiou e insistiu nos jogadores que conquistaram o tetracampeonato mundial para o país três anos atrás, na Alemanha. Alguns heróis de 2006, como o zagueiro Cannavaro, o volante Pirlo e o atacante Luca Toni, foram à África em condições físicas precárias.
"Estou convicto de que o projeto continua. Meus planos não vão se alterar. Me sinto entristecido. Não era a imagem que queríamos mostrar da Itália. Mas, infelizmente, foi isso que vimos [hoje]", afirmou o treinador que, desde que assumiu a Azzurra, após o fracasso na Euro-2008, tem sofrido pressão para renovar a seleção.
Ontem, Lippi admitiu que seus atletas não estavam nas melhores condições para atuar na Copa das Confederações.
"A nossa situação não foi boa. Tivemos muitos jogadores com problemas físicos. Se não fosse isso, talvez tivéssemos um desempenho melhor", disse.
Um dos "heróis de Berlim", o goleiro Buffon, afirmou na véspera que o confronto com o Brasil serviria para medir a capacidade atual dos italianos.
Ao final da partida de ontem, alguns campeões, como Luca Toni, sinalizavam que o ciclo na sua seleção está no fim.
"A nossa condição física foi decisiva para o resultado", afirmou ele, que foi substituído aos 12min do segundo tempo.
Lippi afirmou que pretende renovar a seleção italiana, mas que isso não pode ser feito de forma abrupta. "Os jovens têm de ser introduzidos lentamente e não podem entrar em jogos importantes como esse. Não podemos colocar sete ou oito jogadores inexperientes no time de uma só vez", explicou.
A imprensa italiana pressiona Lippi a convocar atletas como Balotelli e até o atacante brasileiro, naturalizado italiano, Amaury. A volta do atacante Casano também é pedida.
"Agora temos que ter calma para mudar. Se isso acontece [a eliminação], temos de refletir para corrigir o que está errado", pregou Lippi, dizendo que sabia durante o segundo tempo que um gol italiano poderia ter classificado seu time na semifinal. "Mas faltou força. Não fomos a Itália campeã."
O técnico Dunga, que se viu obrigado a promover uma renovação na seleção brasileira após o fracasso em 2006, disse que duas derrotas seguidas de um time que é o atual campeão do mundo não é algo normal.
"Jogamos contra uma grande equipe e, quando algo assim [derrota por 3 a 0] acontece, há algo errado", disse. (EDUARDO ARRUDA E PAULO COBOS)

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