São Paulo, segunda-feira, 22 de julho de 2002

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AUTOMOBILISMO

Schumacher é penta, iguala Fangio e vira o maior piloto da história da F-1

O melhor de todos

France Presse
Pentacampeão mundial, Michael Schumacher chora no pódio do GP da França


FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A MAGNY-COURS

Há homens que extrapolam essa condição. Brilham, se destacam, chegam onde ninguém havia chegado. Diante de 106 mil torcedores que estiveram nas arquibancadas de Magny-Cours e milhões de pessoas que viram o GP da França pela TV, Michael Schumacher, 33, se tornou um desses homens. Virou lenda.
O alemão venceu a 11ª etapa do Mundial de F-1. Com o resultado, alcançou o pentacampeonato da principal categoria do automobilismo, se transformando no primeiro homem a igualar a marca mítica de Juan Manuel Fangio.
Com 61 vitórias contra 24 conquistadas pelo argentino, Schumacher é, desde ontem, o maior piloto dos 52 anos do esporte.
Desde 4 de agosto de 1957, quando, ao volante de um Maserati, Fangio ganhou o quinto título, todos haviam fracassado na tentativa de igualá-lo. Gente do quilate de Alain Prost, Ayrton Senna, Jackie Stewart, Jim Clark e Niki Lauda ficou pelo caminho.
Exatos 16.422 dias depois, Schumacher conseguiu. Com classe. Nunca, na história, um piloto havia fechado o campeonato tão cedo, em julho, e com apenas 64,7% da temporada percorrida.
Assim que parou o carro vermelho número 1 da Ferrari debaixo do pódio de Magny-Cours, o alemão levou as mãos à cabeça. Ao tirar o capacete, revelou que chorava. Um choro que começou no momento em que cruzou a linha de chegada, 1s105 antes do segundo colocado, o finlandês Kimi Raikkonen, da McLaren.
"Obrigado, obrigado. Amo todos vocês, rapazes", disse pelo rádio, ao receber a bandeirada.
Em 11 anos de F-1 e 172 corridas, foi apenas a segunda vez que Schumacher derramou lágrimas publicamente. A primeira foi em 2000, no GP de Itália, quando igualou as 41 vitórias de Senna.
"Nesses momentos, nunca consigo encontrar as palavras corretas. Hoje (ontem), estou completamente realizado, principalmente por ter conseguido esse feito com a Ferrari", declarou.
A mais tradicional escuderia do automobilismo, a única presente em todos os campeonatos da história, explodiu em festa.
Às 19h30 locais, 14h30 no horário de Brasília, Luca di Montezemolo, presidente ferrarista, chegou ao autódromo para participar das comemorações.
"Dedico essa conquista à Itália. O trabalho duro de todo o país está representado aqui, no nosso sucesso", disse Montezemolo.
Com o título, a Ferrari superou a McLaren e se tornou a equipe mais vitoriosa da F-1 -soma, agora, 12 Mundiais de Pilotos, um a mais que a rival inglesa.
O colombiano Juan Pablo Montoya e o brasileiro Rubens Barrichello, os únicos que poderiam atrapalhar o pentacampeonato do alemão, não foram bem.
Na pole position, Montoya liderou 30 das 72 voltas, mas acabou superado pela estratégia mais eficiente da Ferrari.
Barrichello, terceiro no grid, não chegou a largar, vítima de um erro infantil da escuderia.
Assim, o maior oponente do alemão na prova foi uma zebra, Raikkonen. O finlandês seguia para sua primeira vitória na F-1 quando saiu da pista a quatro voltas do final. Schumacher assumiu a ponta e disparou para o penta.
Não havia ninguém à sua frente. Na verdade, nunca houve.


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