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AUTOMOBILISMO
Para alemão, é impossível traçar comparações com Fangio
Schumacher vê argentino como herói e evita paralelo
DO ENVIADO A MAGNY-COURS
A comparação com Juan Manuel Fangio é inevitável. Mas Michael Schumacher quer evitá-la.
Para o alemão, não há como fazer nenhum paralelo entre seu
pentacampeonato e o do argentino, conquistado há 45 anos.
Além de igualar o número de títulos, Schumacher se tornou ontem o primeiro homem, desde
Fangio, a conquistar três Mundiais de Pilotos consecutivos -o
argentino foi além, ganhando
quatro, entre 1954 e 1957.
"Aqueles pilotos eram muito
mais heróis do que a gente. Eles
pilotavam sem nenhuma segurança, a velocidades muito altas",
disse, ontem, em Magny-Cours.
"E, além de tudo, eles não tinham
toda essa estrutura que hoje nos
cerca. Com certeza, tudo era mais
difícil naquela época."
São declarações simpáticas, de
um piloto que há anos sofre com o
estigma de antipático, vigarista.
Essa fama ganhou força em
1994, quando Schumacher jogou
seu Benetton contra o Williams
de Damon Hill na última corrida
do ano, em Suzuka, no Japão.
Com o adversário fora de combate, o alemão ganhou o título.
Em 1997, a história se repetiu,
mas dessa vez com um resultado
desastroso para Schumacher.
Em Jerez de la Frontera, na Espanha, o alemão, então bicampeão mundial, tentou tirar o canadense Jacques Villeneuve da corrida, manobra que também lhe
daria o campeonato.
A estratégia deu errado. Villeneuve continuou na pista, sagrou-se campeão, e o ferrarista ainda
foi punido pela FIA (entidade máxima do automobilismo) com a
perda do vice-campeonato.
Oficialmente, foram mantidos
os 78 pontos que obteve no campeonato, mas ele perdeu a classificação daquela temporada.
Após um período sem polêmicas, Schumacher protagonizou
talvez a maior delas há pouco
mais de dois meses. E teve como
companheiro o brasileiro Rubens
Barrichello, seu parceiro de Ferrari desde o Mundial de 2000.
No dia 12 de maio, a poucos metros da linha de chegada do GP da
Áustria, em Zeltweg, Barrichello
abriu mão da vitória para entregá-la a Schumacher.
A ordem para que isso fosse feito partira minutos antes, do rádio
de Ross Brawn, o estrategista da
equipe. Jean Todt, diretor esportivo, assumiu a responsabilidade
pelo polêmico episódio.
A Ferrari foi punida com uma
multa de US$ 500 mil pela quebra
de protocolo no pódio.
Isso ocorreu porque Schumacher cedeu seu troféu e o posto
mais alto para o brasileiro.
Ontem, após obter a sua mais
importante conquista no automobilismo, tudo isso ficou em segundo plano.
Festejado como o piloto com
melhores resultados na história
da F-1, Schumacher não precisou
responder em Magny-Cours a nenhuma pergunta sobre atitudes
antiéticas do passado.
E, como que para evitar novas
polêmicas, respondeu sempre da
mesma forma quando indagado
sobre o lendário Fangio.
Talvez, no próximo ano, o alemão não precise mais falar sobre
o argentino. Se conseguir manter
seu ritmo atual, Schumacher pode escapar de qualquer parâmetro de comparação já após a disputa do campeonato de
2003.
(FÁBIO SEIXAS)
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