São Paulo, segunda-feira, 22 de julho de 2002

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AUTOMOBILISMO

Para alemão, é impossível traçar comparações com Fangio

Schumacher vê argentino como herói e evita paralelo

DO ENVIADO A MAGNY-COURS

A comparação com Juan Manuel Fangio é inevitável. Mas Michael Schumacher quer evitá-la.
Para o alemão, não há como fazer nenhum paralelo entre seu pentacampeonato e o do argentino, conquistado há 45 anos.
Além de igualar o número de títulos, Schumacher se tornou ontem o primeiro homem, desde Fangio, a conquistar três Mundiais de Pilotos consecutivos -o argentino foi além, ganhando quatro, entre 1954 e 1957.
"Aqueles pilotos eram muito mais heróis do que a gente. Eles pilotavam sem nenhuma segurança, a velocidades muito altas", disse, ontem, em Magny-Cours. "E, além de tudo, eles não tinham toda essa estrutura que hoje nos cerca. Com certeza, tudo era mais difícil naquela época."
São declarações simpáticas, de um piloto que há anos sofre com o estigma de antipático, vigarista.
Essa fama ganhou força em 1994, quando Schumacher jogou seu Benetton contra o Williams de Damon Hill na última corrida do ano, em Suzuka, no Japão.
Com o adversário fora de combate, o alemão ganhou o título.
Em 1997, a história se repetiu, mas dessa vez com um resultado desastroso para Schumacher.
Em Jerez de la Frontera, na Espanha, o alemão, então bicampeão mundial, tentou tirar o canadense Jacques Villeneuve da corrida, manobra que também lhe daria o campeonato.
A estratégia deu errado. Villeneuve continuou na pista, sagrou-se campeão, e o ferrarista ainda foi punido pela FIA (entidade máxima do automobilismo) com a perda do vice-campeonato.
Oficialmente, foram mantidos os 78 pontos que obteve no campeonato, mas ele perdeu a classificação daquela temporada.
Após um período sem polêmicas, Schumacher protagonizou talvez a maior delas há pouco mais de dois meses. E teve como companheiro o brasileiro Rubens Barrichello, seu parceiro de Ferrari desde o Mundial de 2000.
No dia 12 de maio, a poucos metros da linha de chegada do GP da Áustria, em Zeltweg, Barrichello abriu mão da vitória para entregá-la a Schumacher.
A ordem para que isso fosse feito partira minutos antes, do rádio de Ross Brawn, o estrategista da equipe. Jean Todt, diretor esportivo, assumiu a responsabilidade pelo polêmico episódio.
A Ferrari foi punida com uma multa de US$ 500 mil pela quebra de protocolo no pódio.
Isso ocorreu porque Schumacher cedeu seu troféu e o posto mais alto para o brasileiro.
Ontem, após obter a sua mais importante conquista no automobilismo, tudo isso ficou em segundo plano.
Festejado como o piloto com melhores resultados na história da F-1, Schumacher não precisou responder em Magny-Cours a nenhuma pergunta sobre atitudes antiéticas do passado.
E, como que para evitar novas polêmicas, respondeu sempre da mesma forma quando indagado sobre o lendário Fangio.
Talvez, no próximo ano, o alemão não precise mais falar sobre o argentino. Se conseguir manter seu ritmo atual, Schumacher pode escapar de qualquer parâmetro de comparação já após a disputa do campeonato de 2003. (FÁBIO SEIXAS)


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