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São Paulo, terça-feira, 22 de julho de 2003

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BASQUETE

Comer, jogar, viver

MELCHIADES FILHO
EDITOR DE ESPORTE

Com um pacote de Doritos, arrastei companhia para Brasil x Venezuela, na quarta-feira passada, o retorno da seleção brasileira masculina à capital paulista depois de cinco anos.
O pequeno ginásio do Paulistano, com capacidade para 1.200 pessoas, entupiu. Centenas se acotovelavam ao redor da quadra. No corredor de entrada, outra multidão ficava na ponta dos pés para tentar enxergar o jogo.
Vi, espremidos nas arquibancadas, veteranos do bicampeonato mundial (Amaury, Sucar, Victor e Paulista). Treinadores de renome (Mortari, Marcel, Carlão). Mestres das categorias de base. Cartolas de vários clubes (Pinheiros, Hebraica, Sírio). Quase uma dezena de jornalistas.
Vi, protegido por uma simbólica correntinha de metal, o presidente da Confederação Brasileira, contente (e surpreso?) com os aplausos que recebeu da turba.
Vi vários jovens atletas, alguns de fora da cidade, todos ansiosos por um referencial. E vi o técnico Lula manter a palavra e, a despeito da onda de contusões, prestigiar a molecada, colocando em ação uma geração que tem potencial para saciar essa sede.
Vi uma comissão técnica descontraída. Flávio Davis entendia-se com as estatísticas; Guerrinha, com os reservas; Lula, com o repórter Bruno Laurence (Sportv).
Vi, finalmente, Valtinho começar uma partida da seleção como titular. O prodígio Tiago Splitter mostrar o repertório de fundamentos que aprende na Espanha. Tiagão fazer-se de mau sob a tabela. Alex comandar, com cinco desarmes, uma poderosa blitz no perímetro da defesa.
Vi, no banco, Dedé brincar de "cheerleader" com uma toalha. Arnaldinho, convertido em "bad boy", brincar amarelo, sem jeito, nos pedidos de tempo. Marcelinho, de agasalho, sorrir confiante, como se avisasse que o time será seu tão logo se recupere.
Vi um quinteto que procurou sempre o contra-ataque, a bandeja fácil. Mas que, em potencial ofensivo (177 pontos), descumpriu a meta fixada por Lula (200).
Vi os ribeirão-pretanos em apuros para marcar sem acumular faltas (fizeram uma a cada sete minutos, enquanto os companheiros cometeram uma a cada dez). Renato, 25, levar um inexplicável baile de Victor Díaz, 35.
Vi um escândalo de 25 bolas perdidas. Valtinho registrar tantos "turnovers" (cinco) quanto assistências (seis), sinal de que ainda não reconhecem sua batuta. O rodado Demétrius (dois/seis) cavar exatos 20 minutos de jogo.
Vi uma equipe baixa (média de 2,00 m), sem nenhum tipo de sincronia de pivôs. Um garrafão vulnerável, sobretudo quando atacado no fundo da quadra.
Mas, por ora, fico com a grande imagem, de um time vibrante em sintonia com a torcida. Da festa animada para enterradas, tocos e tiros de três pontos. E dos aplausos sábios também para corta-luzes, passes e chutes "normais".
Até porque, perplexo e agradecido, eu vi o saco de salgadinhos voltar quase intacto para casa.
Joaquim, quase 7, descobriu que basquete é gostoso e alimenta. Que não imponham a ele, a nós, outro jejum de meia década.

Petisco 1
Hoje começa o Sul-Americano, útil para engrenar o novo time do Brasil. Já que a Argentina usará um time B, o título virou obrigação.

Petisco 2
Quinta-feira é dia de inédito duelo brasileiro nos EUA. O Denver de Nenê pega o Phoenix do novato Leandrinho pelo torneio Rocky Mountain Revue. Bem que uma emissora antenada (como a ESPN Brasil) podia retransmitir as imagens geradas pela TV da NBA.

Petisco 3
A sexta-feira abre, na Croácia, o Mundial sub-21, que, fora os Pré-Olímpicos, é a competição mais importante de 2003 para o basquete nacional. Enfim saberemos o poder de fogo de Érika & cia.

E-mail melk@uol.com.br


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