|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
BASQUETE
Comer, jogar, viver
MELCHIADES FILHO
EDITOR DE ESPORTE
Com um pacote de Doritos,
arrastei companhia para
Brasil x Venezuela, na quarta-feira passada, o retorno da seleção
brasileira masculina à capital
paulista depois de cinco anos.
O pequeno ginásio do Paulistano, com capacidade para 1.200
pessoas, entupiu. Centenas se acotovelavam ao redor da quadra.
No corredor de entrada, outra
multidão ficava na ponta dos pés
para tentar enxergar o jogo.
Vi, espremidos nas arquibancadas, veteranos do bicampeonato
mundial (Amaury, Sucar, Victor
e Paulista). Treinadores de renome (Mortari, Marcel, Carlão).
Mestres das categorias de base.
Cartolas de vários clubes (Pinheiros, Hebraica, Sírio). Quase uma
dezena de jornalistas.
Vi, protegido por uma simbólica correntinha de metal, o presidente da Confederação Brasileira, contente (e surpreso?) com os
aplausos que recebeu da turba.
Vi vários jovens atletas, alguns
de fora da cidade, todos ansiosos
por um referencial. E vi o técnico
Lula manter a palavra e, a despeito da onda de contusões, prestigiar a molecada, colocando em
ação uma geração que tem potencial para saciar essa sede.
Vi uma comissão técnica descontraída. Flávio Davis entendia-se com as estatísticas; Guerrinha,
com os reservas; Lula, com o repórter Bruno Laurence (Sportv).
Vi, finalmente, Valtinho começar uma partida da seleção como
titular. O prodígio Tiago Splitter
mostrar o repertório de fundamentos que aprende na Espanha.
Tiagão fazer-se de mau sob a tabela. Alex comandar, com cinco
desarmes, uma poderosa blitz no
perímetro da defesa.
Vi, no banco, Dedé brincar de
"cheerleader" com uma toalha.
Arnaldinho, convertido em "bad
boy", brincar amarelo, sem jeito,
nos pedidos de tempo. Marcelinho, de agasalho, sorrir confiante,
como se avisasse que o time será
seu tão logo se recupere.
Vi um quinteto que procurou
sempre o contra-ataque, a bandeja fácil. Mas que, em potencial
ofensivo (177 pontos), descumpriu a meta fixada por Lula (200).
Vi os ribeirão-pretanos em apuros para marcar sem acumular
faltas (fizeram uma a cada sete
minutos, enquanto os companheiros cometeram uma a cada
dez). Renato, 25, levar um inexplicável baile de Victor Díaz, 35.
Vi um escândalo de 25 bolas
perdidas. Valtinho registrar tantos "turnovers" (cinco) quanto assistências (seis), sinal de que ainda não reconhecem sua batuta. O
rodado Demétrius (dois/seis) cavar exatos 20 minutos de jogo.
Vi uma equipe baixa (média de
2,00 m), sem nenhum tipo de sincronia de pivôs. Um garrafão vulnerável, sobretudo quando atacado no fundo da quadra.
Mas, por ora, fico com a grande
imagem, de um time vibrante em
sintonia com a torcida. Da festa
animada para enterradas, tocos e
tiros de três pontos. E dos aplausos sábios também para corta-luzes, passes e chutes "normais".
Até porque, perplexo e agradecido, eu vi o saco de salgadinhos
voltar quase intacto para casa.
Joaquim, quase 7, descobriu
que basquete é gostoso e alimenta. Que não imponham a ele, a
nós, outro jejum de meia década.
Petisco 1
Hoje começa o Sul-Americano, útil para engrenar o novo time do
Brasil. Já que a Argentina usará um time B, o título virou obrigação.
Petisco 2
Quinta-feira é dia de inédito duelo brasileiro nos EUA. O Denver de
Nenê pega o Phoenix do novato Leandrinho pelo torneio Rocky
Mountain Revue. Bem que uma emissora antenada (como a ESPN
Brasil) podia retransmitir as imagens geradas pela TV da NBA.
Petisco 3
A sexta-feira abre, na Croácia, o Mundial sub-21, que, fora os Pré-Olímpicos, é a competição mais importante de 2003 para o basquete
nacional. Enfim saberemos o poder de fogo de Érika & cia.
E-mail melk@uol.com.br
Texto Anterior: Futebol: Ulbra é tri e se torna a maior campeã da Liga Próximo Texto: Futebol - Marcos Augusto Gonçalves: Pontos corridos Índice
|