PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Acertar a bola em uma área de 7,32 m de comprimento por 2,44 m de altura. Para os jogadores que disputam o Brasileiro-2004, essa é uma missão bem complicada, tanto que o futebol do país, famoso por sua ofensividade e seu estilo vistoso, registra hoje praticamente o mesmo número de gols do retrancado "calcio" Italiano.
Segundo o Datafolha, o nível de finalizações certas (aquelas que acabam em gol ou exigem a defesa do goleiro) é a mais baixa desde 1994, quando os números começaram a ser radiografados.
Em média, cada time acerta 4,8 chutes por jogo. Esta é a primeira vez no período que esse número fica abaixo de cinco.
A falta de pontaria tem dois reflexos principais. Com menos chutes certos, os jogos têm menos momentos de emoção, como defesas dos goleiros. Mas o efeito mais grave acontece na artilharia.
Em relação ao torneio de 2002, a edição mais goleadora da história do Nacional, o número de finalizações corretas caiu 13%. A queda no número de gols praticamente foi igual -o campeonato de 2004 tem 11% menos tentos do que aconteceu há dois anos.
"Em alguns jogos, criamos muitas chances e conseguimos fazer pelo menos um gol. O problema acontece nas partidas em que criamos poucas chances. Nesses casos, não podemos desperdiçar nada", diz o atacante Gil, do Corinthians, sobre a dificuldade em fazer gols, como aconteceu com o seu time no empate de anteontem contra o Internacional (0 a 0).

Fim da liderança
Com os tombos na pontaria e no número de vezes que a rede balança, o Brasil deixou de ter o seu campeonato mais nobre como o recordista de gols entre os nacionais da elite do futebol.
Em 2002, o Brasileiro teve uma média de gols maior do que as registradas nas edições 2001/2002 dos campeonatos de Alemanha, Espanha, Inglaterra e Itália.
De lá para cá, enquanto no Brasil o número de gols caiu 11%, esses países registraram leves aumentos em suas artilharias. Assim, hoje o Brasileiro é bem menos goleador do que o Campeonato Alemão e tem praticamente a mesma média (2,69 contra 2,66) registrada no Italiano, famoso por suas ferrenhas retrancas.
Nenhum dos 24 times que jogam na primeira divisão brasileira hoje registra média de gols superior a dois -o Santos é a equipe mais goleadora, com a exata média de dois tentos por partida.
No ano passado, dois clubes (Cruzeiro e Santos) conseguiram acabar o campeonato com média maior que dois.
Nada menos do que um quarto das equipes na disputa não consegue ultrapassar a modesta marca de um gol por partida. Está nesse grupo, por exemplo, o Paraná, que só acerta, em média, 3,2 conclusões por confronto.
No ano passado, no mesmo sistema de pontos corridos adotado hoje, todos os 24 clubes finalizaram suas participações anotando mais de um gol por jogo.


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