São Paulo, quinta-feira, 22 de julho de 2004

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GINÁSTICA

Atleta é cortada da trave para priorizar o solo

Dor no joelho recém-operado dita escala de Daiane na Olimpíada

DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de realizar uma cirurgia às escondidas, ficar fora do Brasileiro e reduzir a carga de treinos, Daiane dos Santos agora abrirá mão de uma prova olímpica por causa das dores no joelho direito.
A decisão de deixar a atleta fora da trave -considerado o aparelho que maior impacto impõe ao joelho de uma atleta na ginástica artística feminina- tanto nos Jogos de Atenas como nos treinos foi tomada pela confederação e pela comissão técnica da seleção.
A alegação é a de poupar Daiane para o solo, aparelho em que é especialista e no qual pode obter o histórico pódio olímpico.
"A Daiane está fora da trave, mas o está desde o ano passado, se contar o índice técnico. As outras atletas estão melhores. Além disso, existe a preocupação em poupá-la por causa da cirurgia [a artroscopia para a retirada de cartilagem, realizada há cerca de um mês], pois a prova força muito o joelho", afirma Eliane Martins, supervisora da Confederação Brasileira de Ginástica.
O corte frustra o plano da ginasta de tentar um melhor resultado para o país no individual geral (prova que contabiliza o desempenho nos quatro aparelhos), cuja marca olímpica mais expressiva é o 20º lugar de Daniele Hypólito nos Jogos de Sydney-2000.
Com o corte, Daniele, Camila Comin, Ana Paula Rodrigues, Laís Souza e Caroline Molinari poderão atuar na trave. A CBG afirma que a escala dos outros três aparelhos (cada um pode ter até cinco atletas de um país na fase de classificação) será definida às vésperas dos Jogos. Além de estar confirmada no solo, Daiane ainda poderá competir nas paralelas assimétricas e no salto.
"Havia expectativa de que ela competisse e que houvesse um corte apenas por condições técnicas, mas é melhor prevenir", diz o médico Ivan Pacheco, que operou o joelho esquerdo e o tendão-de-aquiles do pé direito de Daiane.
"Há furor por causa do corte, mas Daiane já não compete na trave em eventos internacionais há muito tempo. Agora, como foi no Mundial e no Pan de Santo Domingo, a decisão tem dois lados: o técnico, pois ela não é competitiva no aparelho, e o físico, por causa do joelho [que também foi operado em 2003]", diz Adriana Alves, técnica da atleta.
No Mundial de Anaheim, em agosto passado, quando se sagrou campeã no solo, Daiane só deixou de atuar na trave -em 98, no Brasileiro, ela obteve uma prata no aparelho, no qual ainda não pontuou no ranking internacional.
Amanhã, a atleta embarca com a seleção para treinar na Ucrânia. "Acho que estou muito bem. Tenho chances de conquistar uma medalha, mas a Olimpíada não é igual ao Mundial. Nunca prometi nada e nem farei isso", diz Daiane.


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