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São Paulo, sexta-feira, 22 de agosto de 2003

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FUTEBOL

Tribunal critica dirigente que foi à Justiça comum, abre brecha para adversários e arma nova confusão no BR-03

STJD agora ameaça eliminar o Paysandu

MARÍLIA RUIZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Devido à contratação de reforços por um dirigente suspenso, o Paysandu pode até ser eliminado do Brasileiro pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva.
Esse é o pensamento do presidente do STJD, Luiz Zveiter, que reassumirá a presidência do tribunal na próxima segunda-feira.
Aldrovani, Júnior Amorim e Borges Neto foram contratados para reforçar a equipe no segundo turno do torneio pelo presidente do Paysandu. José Arthur Guedes Tourinho, porém, estava suspenso pelo STJD desde julho (120 dias) por ter ofendido o presidente da Federação Paraense.
"O Tourinho está suspenso e não poderia estar praticando nenhum ato administrativo. O clube perde os pontos, e o tribunal pode retirar o clube do campeonato", declarou o desembargador.
Esse é o quarto caso de irregularidade passível de punição que será apreciado pelo STJD no Brasileiro deste ano. O tribunal já isentou o Flamengo, tirou quatro pontos da Ponte Preta e rejeitou as queixas de Goiás, Fluminense e Ponte Preta contra o Santos.
Desta vez, a irregularidade estaria na atuação de um dirigente, e não na escalação dos jogadores, que foram inscritos na CBF.
"A CBF não deveria ter aceito documentos assinados por uma pessoa suspensa", disse Zveiter, completando o que o presidente em exercício do STJD, Paulo César Salomão, já havia dito ontem.
E foi motivado pela declaração de Salomão ("Suspenso, ele [Tourinho] não podia exercer a função de presidente") que o Corinthians decidiu reclamar os pontos que perdeu domingo em Belém. O advogado João Zanforlim pediu ontem a impugnação de Paysandu 2 x 2 Corinthians.
"Ficou pública a irregularidade dos jogadores do Paysandu. O Corinthians não pôde se omitir. O próprio Salomão disse que os contratos estavam irregulares", afirmou o gerente de futebol corintiano, Edvar Simões.
Na sua petição, o advogado do Corinthians citou o artigo 301 do Código Brasileiro Disciplinar do Futebol, modificado pela resolução 1A/97 da CBF, que trata de escalação de jogador irregular.
"Não poderão falar que entramos fora do prazo porque, ainda que contem o domingo, dia do jogo, hoje [ontem] é o quinto dia seguinte à possível entrega da súmula", disse Zanforlim, referindo-se à rejeição do tribunal a receber as queixas de Goiás, Fluminense e Ponte Preta contra o Santos por causa do caso Jerri.
Mas o Goiás, que enfrentou os paraenses no último dia 10, não desistirá de recuperar os pontos que perdeu nos empates com o Paysandu e com o time da Vila. "O prazo para entrar com uma queixa, como diz o CBDF, é de 30 dias. Vamos até o fim", disse João Bosco, diretor jurídico do clube.
Guarani e Vitória, as outras equipes que enfrentaram o Paysandu com os três reforços, ainda não decidiram se irão ao STJD.
Tourinho, pivô do imbróglio, não teme nenhuma retaliação do STJD contra o Paysandu. Disse estar no exercício da presidência amparado pela Justiça comum.
"Como não havia mais instâncias esportivas para recorrer contra a suspensão, fui para a Justiça comum. Consegui uma liminar que me assegura o direito de ser presidente. Sei que o Corinthians já entrou no STJD, mas o Paysandu não vai perder ponto algum."
Mas ontem mesmo o STJD requisitou documentos à CBF para comprovar a irregularidade dos contratos firmados por Tourinho.

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