Atacante argentino diz que não trabalha mais com o treinador e desaparece do clube sem dar satisfação aos cartolas

Dirigentes não comentam sumiço do astro, que não gostou de perder a tarja de capitão e de comentários do técnico sobre argentinos

EDUARDO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL

Carlitos Tevez foi embora do Corinthians. A pessoas próximas, disse que o motivo da debandada foi Emerson Leão.
Um dia após o argentino dizer que a partida contra o Botafogo poderia ter sido sua última pelo clube, ontem ele não apareceu no treinamento, não deu satisfações e deve aguardar o desfecho de sua situação capital de seu país, Buenos Aires.
Tevez, que tem contrato até 2007, afirmou que não trabalha mais com Leão. Ficou irritado com o comportamento do treinador desde que assumiu o time, na semana passada.
Leão jamais escondeu, em suas declarações, que não indica jogadores da Argentina para suas equipes. Prefere trabalhar com suas "sementes".
Três episódios provocaram a decisão intempestiva de Tevez. O primeiro deles, quando Leão assumiu o clube, e, ao ser questionado sobre sua relação com os argentinos, disse que tinha um amigo que, "apesar de... [ser argentino], era legal".
As declarações irritaram o jogador. No dia seguinte, Leão tirou a faixa de capitão de Tevez alegando que "ninguém entende o que ele fala". O argentino se ofendeu com isso. Anteontem, à TV Record, o meia Carlos Alberto afirmou que o atacante ficou "muito chateado" por ter perdido a braçadeira.
Na última sexta-feira, Tevez telefonou para seu empresário, Adrian Ruocco, e disse que não jogaria mais no time enquanto Leão estivesse no clube. Pouco depois, Ruocco, em entrevista a uma agência italiana, afirmou que o ciclo de Tevez no Corinthians estava encerrado.
No mesmo dia, o zagueiro Marinho afirmou que ouviu o argentino dizer-lhe que treinava pela última vez no clube.
O último desentendimento ocorreu quando Leão não liberou Tevez e Mascherano para defender a seleção argentina em amistoso contra o Brasil, em Londres, em 3 de setembro.
Disse que só faria isso com uma declaração assinada pelo presidente do clube, Alberto Dualib, que se recusou a fazê-lo. Leão afirmou aos jogadores que, na atual situação, o Corinthians precisa mais dos atletas do que a seleção.
Segundo o técnico, Mascherano aceitou a decisão. Mas Tevez não. Segundo a Folha apurou, o argentino considera o jogo uma boa oportunidade para se mostrar aos europeus.
O jogador não tem propostas para sair. O prazo para inscrições na Europa termina em 31 de agosto. Se até lá ele não conseguir uma transferência, pode esperar o término de seu contrato com o Corinthians, em janeiro do próximo ano, para arrumar outra equipe.
Existe também a possibilidade de ele retornar ao clube caso Leão deixe o cargo.
O treinador não quis conversar com os jornalistas ontem. Anteontem, após o jogo com o Botafogo, disse que, se fosse consultado, não aceitaria liberar o argentino. "Se ele sair, deve chegar alguém do mesmo nível, o que acho difícil", disse Leão, que vinha elogiando os argentinos do time.
Corinthians e MSI não se manifestaram oficialmente sobre o assunto.


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