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Tem boi na linha
JUCA KFOURI
Colunista da Folha
Evanílson dançou depois de ter
cumprido seu papel, a exemplo do
que já ocorrera com César Prates
ainda nos tempos de Zagallo: a
presença do ex-cruzeirense na seleção rendeu US$ 7 milhões!
Em seu lugar, entrou agora
Mancini, do Galo, sobre quem,
honestamente, não posso falar
nada, a não ser que espero que
não venha a ter o mesmo destino
dos citados acima.
Silvinho está de volta, um lateral-esquerdo que anda fazendo
muita falta ao Corinthians e que
peca na hora de finalizar. Sua
obediência tática falou mais alto
que a categoria de Serginho.
Na zaga dançaram Odvan e César. Odvan, com total justiça. César, sem ser devidamente testado.
Marinho, do Guarani, no deserto
de zagueiros brasileiros, é alguém
para ser observado.
Flávio Conceição permanece,
no que parece ser um caso de
amor eterno (no bom sentido, é
claro). Marcos Paulo, pouco testado também, deu lugar a Assunção, o que foi bom. E felizmente
Beto deu lugar a Juninho, que retorna pelos próprios pés.
Na frente, Roni permanece. Não
é um atacante dos sonhos, mas,
sem dúvida, não decepcionou
quando entrou. Edílson é incomparavelmente superior, só que, ao
que tudo indica, pagará perpetuamente pelas famosas e imprudentes embaixadas, embora Marcos, o ótimo goleiro que saiu de
seu gol para ir brigar na meta
contrária, tenha sido absolvido.
Estranhos critérios.
E Christian, é claro, foi convenientemente substituído por Élber, que tem faro de gol.
Dia 4, em Buenos Aires, e dia 7,
em Porto Alegre, diante dos titulares da Argentina, veremos, de
fato, o que temos. Desde logo é um
bom time, mas com muitos, muitos pontos de interrogação.
O Brasileiro é o mais violento do
mundo, e o motivo não é muito
difícil de explicar. Além da covardia da arbitragem, há a inconsciência de classe dos atletas.
A mesma desunião que impede
atitudes coletivas contra o calendário insano, os gramados assassinos etc., faz com que companheiros de trabalho não respeitem
companheiros de trabalho.
O fato de não se reunirem em
seus sindicatos exacerba as individualidades e o espírito do cada
um por si e o diabo por todos. Dá
no que dá.
A tal ponto, aliás, que o jogador
Araújo, do Goiás, foi vítima de
um acordo entre as agremiações
do Clube dos 13 e jogador algum
chiou solidariamente.
Ao ganhar seu passe na Justiça,
Araújo soube que nenhum clube o
contrataria por ele ter cometido o
pecado de buscar seus direitos na
Justiça do Trabalho.
Por muito menos, na Argentina,
num episódio que envolveu jogadores da segunda divisão, os da
primeira fizeram greve e pararam
o campeonato.
A verdade é que o jogadores
brasileiros são como gado. Alguns, vacas premiadas, é incontestável, mas gado. De corte.
O ""Diário do Grande ABC" fez o
que fazem os bons jornais: alertado para o fato de que o contrato
CBF-Nike já havia sido publicado
em janeiro por esta Folha, corrigiu-se perante seus leitores.
Você seria contra a construção
de um grande complexo hospitalar em Maceió para atender todo
o Norte-Nordeste? Não, né? Mas e
se fosse o PC Farias o responsável
por angariar os recursos?
É mais ou menos disso que se
trata quando se fala da Copa-2006 no Brasil.
Juca Kfouri escreve aos domingos, às terças
e às sextas-feiras
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