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FUTEBOL
Técnico admite cansaço por duplo emprego, lamenta pouco tempo para treinar e, resignado, deixa tática de lado
Era Luxemburgo começa com desculpas
JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
enviado especial a São Luís
Quem admira o estilo de trabalho de Luxemburgo pode começar
a comemorar. Quem o reprova, no
entanto, tem motivos de sobra para entrar em desespero. Afinal o
treinador, que estréia amanhã na
seleção em amistoso contra a Iugoslávia, em São Luís (MA), pretende se tornar ainda mais radical
em sua maneira de agir.
"Se jogador de clube não é
igual a jogador de seleção, com o
técnico é a mesma coisa. Na seleção a cobrança e a responsabilidade são bem maiores. Se no clube
você tem que ser 100% profissional, na seleção tem que ser 110%",
afirmou, assim que chegou ao hotel Vila Rica, no centro da cidade,
onde a equipe está concentrada.
E, de fato, Luxemburgo diz que
já sente a diferença entre dirigir
um clube e a seleção. Na primeira
entrevista coletiva que deu em São
Luís, reconheceu estar cansado e
temer que o início de seu trabalho
seja considerado ruim. "Quase
não temos tempo para treinar,
mas sei que é complicado pedir
paciência à torcida", afirmou.
Ciente de que uma derrota logo
na estréia poderia ser desastrosa,
Luxemburgo afirmou que irá
apostar na parte técnica, deixando
a tática "um pouco de lado".
"Vou apostar na qualidade individual dos jogadores, principalmente nos que já conhecem minha
maneira de trabalhar, porque a Iugoslávia é um time de habilidade.
Será um jogo aberto, uma tarefa
dura logo na estréia."
Devido às dificuldades encontradas, o trabalho de Luxemburgo
no Corinthians não passa de 98.
"A pressão é muito grande.
No ano que vem, saio do Corinthians de qualquer jeito e me dedico só à seleção. Até dezembro eu
aguento os dois, depois não dá."
O treinador preferiu não estipular um tempo para que a seleção
desenvolva um bom futebol.
"Não vou dar prazo para vocês,
nem para a torcida. Se eu falar que
em três ou quatro meses, a seleção
vai estar como eu quero, estarei
chutando. Meu objetivo é a Copa
de 2002 e, antes, a Olimpíada."
Biquíni proibido
Se a chegada da seleção a São
Luís não provocou maiores tumultos -cerca de 250 pessoas esperaram-na no aeroporto, a maioria gritando o nome de Marcelinho-, o mesmo não se pode dizer
do hotel em que está concentrada.
Por ordens da segurança, mulheres hospedadas no Vila Rica
não puderam ficar circulando de
biquíni no quarto andar, onde está
a seleção -para não distrair os jogadores, segundo a direção do hotel. Nos outros andares não há
problemas.
Hoje, porém, o tumulto deve aumentar, pois, pela manhã, são esperadas as delegações da Iugoslávia e do Santos, que fizeram reserva no mesmo hotel do Brasil.
E, para piorar, logo depois chegam também os atletas do Sampaio Corrêa, que na quinta pegam
o Santos pela Conmebol.
Pressão por Jackson
Último convocado por Luxemburgo, no lugar de Pedrinho (Vasco), que se contundiu, Jackson viveu momentos de tiete ao viajar
para São Luís. O meia do Sport
nasceu no Maranhão e pegou um
vôo de Recife junto com Rivaldo,
que não o conhecia. No avião,
Jackson se apresentou ao meia do
Barcelona. "Foi uma surpresa e
uma honra viajar ao lado dele."
Na saída do aeroporto, torcedores locais pediam sua escalação. A
pergunta que Luxemburgo mais
escutou foi sobre a entrada de
Jackson, nem que seja nos minutos finais. "Não tem sentido",
reclamava o treinador. "Eu o
convoquei não por ser maranhense, mas por estar jogando bem.
Média não sou de fazer."
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