São Paulo, Sexta-feira, 22 de Outubro de 1999
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Argentina tenta paralisar Mercosul com escândalo

JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
RODRIGO BERTOLOTTO
da Reportagem Local

Aproveitando-se do escândalo Hiroshi no Brasil, o Boca Juniors fez uma solicitação para a Confederação Sul-Americana para ganhar os pontos do jogo contra o São Paulo, em 8 de setembro, empate por 1 a 1, pela Copa Mercosul.
Apesar de Sandro Hiroshi ter ficado no banco naquela partida, a equipe argentina alega que, se a Comissão Disciplinar da CBF considerou irregular sua presença no Brasileiro, ele também não poderia ter participado da Mercosul.
Segundo Pedro Wolanik, advogado do Boca, o simples fato de o atacante ter ficado no banco seria suficiente para a equipe ficar com os três pontos do jogo e passar para as quartas-de-final do torneio.
O Boca terminou a primeira fase empatado em todos os critérios com o Corinthians, e um sorteio deu a vaga ao time brasileiro.
Mas ontem mesmo a CSF respondeu que a revisão dos pontos não poderia ser feita porque há um prazo de dez dias após a partida para o clube insatisfeito apresentar seu protesto.
O vice-presidente do Boca, Roberto Digón, e o advogado Pedro Wolanik procuraram o diretor-geral da CSF, Eduardo Deluca, que após uma consulta ao setor jurídico da entidade, negou a possibilidade de os argentinos recorrerem dos pontos.
A Mercosul, torneio que teve no ano passado sua primeira edição, é organizada pela Traffic, empresa de marketing esportivo de J. Hawilla, que tem 49% de suas cotas em mãos do HMTF, fundo de investimentos norte-americano detentor do controle do departamento de futebol do Corinthians.
A direção da empresa, no entanto, nega veementemente ter tido qualquer interferência na decisão da CSF, que acabou, ao vetar a hipótese de os três pontos do jogo contra o São Paulo irem para o Boca, favorecendo o Corinthians.
Já o São Paulo, justamente por estar eliminado do torneio, comemorou a tentativa do Boca de ficar com os três pontos, o que poderia, até que o julgamento da questão acontecesse, paralisar a Mercosul.
A Folha apurou que a direção do clube paulista espera que a iniciativa do Boca force a CBF a lhe dar ganho de causa contra o Botafogo-RJ. Ela acha que quanto mais a polêmica no Brasileiro-99 ganhar repercussão internacional e ameaçar fugir da alçada da CBF, maiores serão as chances do São Paulo no tribunal, pois aposta que a decisão será política.
Além da participação do atacante na Mercosul, a CSF começou a discutir ontem mesmo o outro caso que envolve o jogador, que disputou o Sul-Americano juvenil de 1997, pelo Brasil, com idade acima do limite.
A entidade já está com os documentos de Hiroshi enviados pela CBF em mãos, os quais mostrariam que, para a entidade, o atacante nasceu em 1980, não em 1979, e poderia disputar a competição. A CBF alega que, se Hiroshi fraudou seus documentos, ela não teve responsabilidade alguma e a culpa seria toda do jogador.


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