São Paulo, Sexta-feira, 22 de Outubro de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Presidente da Fifa rejeita teto salarial

da Reportagem Local

e das agências internacionais

O presidente da Fifa, Joseph Blatter, descartou tabelar os salários dos jogadores de futebol.
Sua opinião é contrária à dos executivos de algumas das mais importantes ligas européias, como a francesa e a inglesa.
Vai em direção oposta também à esboçada pela Uefa, a entidade que comanda o futebol europeu.
Os defensores do teto salarial argumentam que os valores atuais estão acima da capacidade de pagamento dos clubes.
A questão já afetou a NBA, a liga norte-americana de basquete.
Seu último torneio esteve seriamente ameaçado de não acontecer porque não havia acordo entre atletas e donos de equipes a respeito da implantação de limites salariais, por fim adotados.
"Não devemos copiar o esporte norte-americano nesse sentido. A única coisa que deveríamos copiar deles é a adoção de árbitros profissionais", afirmou Blatter.
"É a lei da oferta e da procura, é o negócio. O mercado é que vai decidir. Um dia, não haverá dinheiro suficiente e os salários serão reduzidos", disse Blatter.
O presidente da Fifa, no entanto, encontra resistência a sua posição até mesmo dentro da entidade máxima do futebol.
Michel Zen-Ruffinen, secretário-geral da entidade e braço direito de Blatter, já defendeu a adoção de limites aos salários e aos valores das transferências.
"Há um risco de saturação no futebol de alto nível. Os valores das transferências estão dez vezes mais altos do que eram uma década atrás", disse Zen-Ruffinen.
Na liga inglesa, por exemplo, já se constataram aumentos médios de cerca de 40% nos salários de uma temporada para outra.

Investigação
A Comissão Européia, braço executivo da União Européia, iniciou investigação sobre as normas da Fifa em relação aos empresários de futebol.
Para a comissão, os regulamentos da Fifa criam empecilhos desnecessários à profissão e dificultam a concorrência. "As regras da Fifa impedem de trabalhar pessoas que cumpririam os requisitos necessários", disse Stefan Rating, porta-voz da comissão.
Em defesa, a Fifa, que deverá enviar uma resposta em dois meses, disse que já há algum tempo instalou um grupo de trabalho que vem estudando mudanças em suas normas.
De qualquer forma, a decisão da Comissão Européia de abrir uma investigação pode resultar em uma longa batalha jurídica e até mesmo em uma pesada multa à entidade que controla o futebol.
A Fifa iniciou há quatro anos um processo para regulamentar a profissão, depois de diversos problemas surgidos com empresários ao redor do mundo, acusados de violar direitos de jogadores, sobretudo das revelações vindas de países africanos.
Entre outras coisas, impôs aos agentes de jogadores a necessidade de fazer um depósito bancário de US$ 135 mil para receberem permissão para trabalhar como empresários de futebol.


Texto Anterior: Time pega rival "descansado'
Próximo Texto: Corinthians comemora título do Brasileiro por antecipação
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.