São Paulo, domingo, 22 de outubro de 2000 |
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Firma citada em dossiê da CPI tem registro e donos protegidos por sigilo Empresa suspeita é ponto de partida de investigação
Senado apura se Lake Blue, que levou US$ 450 mil da parceria Fla/ISL, tem sócio e filial no país FERNANDO MELLO DA REPORTAGEM LOCAL JOSÉ ALBERTO BOMBIG ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA MALU GASPAR DA SUCURSAL DE BRASÍLIA A empresa Lake Blue Development Ltd., citada em dossiê entregue por dirigentes do Flamengo à CPI do Futebol, existe e será o ponto de partida das investigações do Senado sobre a possível lavagem de dinheiro do futebol brasileiro em paraísos fiscais. Segundo as informações levantadas pela Folha junto ao Registro de Companhias das Ilhas Virgens Britânicas, a empresa Lake Blue Development Ltd. está estabelecida no país desde 23 de janeiro de 1998, com o número 266101. A empresa intermediou a compra do meia sérvio Petkovic pela parceria Flamengo/ISL, que estava no Venezia (Itália). Em troca, recebeu US$ 450 mil, pagos, segundo o clube carioca, pela ISL, multinacional de marketing esportivo. A Lake Blue é uma empresa ainda em funcionamento e, segundo o seu registro oficial, está em dia com as taxas cobradas pelo governo das Ilhas Virgens Britânicas. Seu capital é de US$ 50 mil, mas o registro oficial não mostra o nome dos sócios e/ou donos da empresa. No lugar dos possíveis donos aparece o nome de uma "trust company", a Overseas Management Company Trust Ltd. O mecanismo é muito comum no caso das "off-shores", nome dado às empresas estabelecidas em paraísos fiscais. Companhias como essas são especializadas em montar e administrar empresas de forma a manter protegida a identidade dos seus clientes. A CPI recebeu denúncias de que a Lake Blue tem pelo menos uma filial no Brasil, administrada por um empresário de futebol, e intermediou outras transações que envolveram brasileiros, como o atacante Tuta, atualmente no Palmeiras, com passagens pelo Venezia e pelo Flamengo. O senador Álvaro Dias (PSDB-PR), presidente da CPI, vai tentar descobrir quem é ou são os donos da empresa, pois se eles forem brasileiros as transações podem estar incorrendo em evasão fiscal. A comissão também quer listar outras negociações intermediadas pela Lake Blue no Brasil. "O local de trabalho dos jogadores é o Brasil, só isso já bastaria para provocar uma investigação", disse o senador. O nome da Lake Blue aparece em relatório interno, revelado pela Folha no último dia 12 e que está em poder da CPI, assinado pelo ex-vice-presidente do Flamengo Luiz Carlos "Cacau" Medeiros. Na mesma transação, outros US$ 1.550.000 foram pagos à outra empresa, também com sede nas Ilhas Virgens Britânicas. O relatório consta do material que está em poder do senador Álvaro Dias (PSDB-PR), presidente da CPI do Futebol. Texto Anterior: Painel FC Próximo Texto: Álvaro Dias quer interpelar presidente da ISL na CPI Índice |
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