São Paulo, domingo, 22 de outubro de 2000 |
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FUTEBOL Senador do Paraná apresentará requerimento para ouvir Wesley Cardia Álvaro Dias quer interpelar presidente da ISL na CPI DA REPORTAGEM LOCAL E DO ENVIADO A BRASÍLIA O presidente da CPI do Futebol, Álvaro Dias (PSDB-PR), quer ouvir no Senado as explicações de Wesley Cardia, homem-forte da ISL no Brasil, sobre a suspeita de irregularidades na transação do meia Petkovic para o Flamengo. O parlamentar já preparou requerimento propondo a seus colegas de CPI que o presidente da multinacional de marketing esportivo seja ouvido. "A convocação do presidente da ISL é importante porque precisamos saber como foram feitas estas operações cambiais e se a empresa está recolhendo os impostos exigidos pela lei", declarou o presidente da CPI à Folha. Wesley Cardia, quando informado pela reportagem sobre a convocação, disse que prestará todas as informações pedidas pelos integrantes da comissão. "Se eu for convidado a depor na CPI, vou ter o maior prazer em me manifestar. Mas, em consideração aos senadores, não vou falar com ninguém da imprensa sobre o que vou dizer no depoimento", declarou o presidente da ISL, que voltou a dizer que a empresa não feriu nenhuma lei brasileira na operação que levou o iugoslavo Petkovic para o Flamengo. "A ISL tem plena certeza de que não cometeu nenhum ato, em sua gestão no Brasil, que fira leis tributárias, a ética ou a moralidade", afirmou Cardia. O presidente do clube carioca, Edmundo Santos Silva, também será ouvido pela CPI. Pelo menos é o que deseja Álvaro Dias. "O Edmundo me ligou logo depois de eu ter recebido o dossiê do conselheiro do Flamengo e me disse que está disposto a ajudar. Acho que seus esclarecimentos serão muito úteis. Temos que ouvir todas as partes antes de julgarmos", disse o parlamentar. No dossiê entregue ao senador Álvaro Dias, obtido com exclusividade pela Folha, o ex-vice presidente do clube carioca Luiz Carlos "Cacau" Medeiros admite que a parceria Flamengo/ISL depositou US$ 2 milhões em contas de duas empresas nas Ilhas Virgens Britânicas, conhecidas como um "paraíso fiscal". Cacau disse que a parceria só fez o depósito nas Ilhas Virgens porque os intermediários da negociação colocaram o pagamento de US$ 2 milhões como exigência para a concretização da transferência de Petkovic do Venezia, da Itália, para o Brasil. A ISL e o Flamengo argumentam que a operação não é ilegal porque o depósito foi feito pela sede da empresa de marketing esportivo, na Suíça. "O dinheiro não saiu do Brasil", afirmou Santos Silva, por meio de sua assessoria. Não é apenas no Senado que a multinacional de marketing esportivo será alvo de investigações. O deputado federal Eurico Miranda (PPB-RJ), homem-forte do Vasco e desafeto declarado de Santos Silva, disse que a ISL terá que explicar suas investidas no futebol brasileiro. Além do contrato de parceria com o Flamengo, firmado no ano passado, a empresa, com sede na Suíça, tem contrato com o Grêmio e já assinou uma carta de intenções com o Palmeiras. Para Miranda, que é o terceiro vice-presidente da CPI da Nike, instalada na Câmara, os investidores estrangeiros estão "espoliando" o futebol brasileiro. A crise do esporte fora de campo já tem reflexos. Estudo mostrado pelo Clube dos 13 (associação que reúne os 20 principais times do país) ao fundo norte-americano HMTF, parceiro de Corinthians e Cruzeiro, mostra que o futebol brasileiro deverá perder R$ 240 milhões em investimento em relação ao ano passado. Na temporada de 1999, empresas privadas injetaram R$ 800 milhões no futebol. Este ano, o valor, segundo o Clube dos 13, não passará de R$ 560 milhões. "Tudo isso será alvo da CPI. Essa é uma excelente chance de moralizarmos de uma vez por todas o futebol", disse Dias. (FERNANDO MELLO e JOSÉ ALBERTO BOMBIG) Texto Anterior: Empresa suspeita é ponto de partida de investigação Próximo Texto: Multinacional vive período de turbulência Índice |
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