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FUTEBOL
Time conquista primeiro título internacional após a "era Pelé"; polícia chegou a dar tiros para conter torcida
Santos é campeão sob clima de guerra
da Reportagem Local
Em partida marcada por tiros da
polícia argentina, ameaças de Leão
de não entrar em campo, brigas
entre os jogadores e muitos objetos atirados contra os brasileiros, o
Santos conquistou a Copa Conmebol empatando por 0 a 0 com o Rosario Central, fora de casa.
Com o resultado, o time da Vila
Belmiro ganhou seu primeiro título internacional oficial desde a
"era Pelé". O último havia sido em
1969, quando o Santos conquistara
a Recopa mundial, vencendo a Inter, por 1 a 0, na Itália.
Foi também o 13º título de um
clube brasileiro nas três principais
competições sul-americanas de futebol na década de 90 -Libertadores, Supercopa e Conmebol.
A partida começou com 40 minutos de atraso, porque os brasileiros temiam por sua segurança, depois de quase terem sido agredidos
por torcedores argentinos ao chegarem ao estádio.
Para conter a fúria da torcida do
Rosario, policiais tiveram de dar
pelo menos 12 tiros, o que também
serviu para assustar os santistas.
O técnico Emerson Leão, irritado, achava que o time não deveria
entrar em campo, mas alegou que
eles foram obrigados a jogar "para
não morrer".
"Meus jogadores não tinham
condições psicológicas para entrar
em campo. Não tinham condição
nenhuma, nenhuma, são jovens,
todos com 20, 20 e poucos anos...
Só entramos mesmo porque, se
não tivéssemos entrado, poderíamos ter morrido."
Mesmo com toda a pressão psicológica a que esteve submetido
antes do jogo, o Santos surpreendeu no início.
Quem esperava que o time de
Leão entraria recuado, tentando
segurar o empate, resultado que
lhe garantiria o título da Conmebol, acabou vendo uma equipe brigando no meio-campo, com a
marcação mais adiantada e tentando criar alternativas de ataque.
Mesmo assim, no primeiro tempo as três melhores chances foram
do Rosario, duas com o atacante
Flores, uma com o meia Rivarola.
Nas três ocasiões, quem salvou o
Santos foi o goleiro Zetti.
No segundo tempo, o Santos voltou um pouco mais recuado, mas o
Rosario, aparentando nervosismo,
diminuiu o ritmo, nem sequer
conseguindo construir alternativas de gol.
²A partir dos 20min da etapa final, com a necessidade de o time
da casa marcar pelo menos um gol,
levando a decisão para os pênaltis,
o jogo ficou ainda mais tenso.
Em pelo menos quatro ocasiões,
brasileiros e argentinos trocaram
empurrões, causando a interferência do juiz, que acabou expulsando, em primeiro lugar, o santista
Eduardo Marques, e depois, o argentino Daniele.
Terminada a partida, os jogadores do Santos nem conseguiram
comemorar direito a conquista,
com medo de que os torcedores argentinos invadissem o campo.
Os policiais e os seguranças contratados pelo Santos pediram para
que o time tentasse deixar logo o
campo, evitando problemas.
No final, o goleiro Zetti, emocionado, conclamou a torcida santista
a comparecer à praça Independência, em Santos, para comemorar o
título obtido na Argentina.
"Estou muito contente, envaidecido até. O coração está muito satisfeito e o título é para todo mundo, para os jogadores que estão
machucados, suspensos, que não
estiveram aqui", comentou Leão.
"E estou muito mais contente
ainda porque fui bicampeão em cima dos argentinos", completou o
treinador, referindo-se ao título
que havia conseguido no ano passado diante do Lanús, quando dirigia o Atlético-MG.
²
Colaborou
Gilberto Camargo, do Notícias Populares, enviado especial a Rosario
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