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BOXE
Taysinho
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL
No último domingo, depois
de nove anos sem vê-lo,
reencontrei no metrô Taysinho,
meu primeiro rival no ringue.
Como ele acenava agitado dentro do vagão, custei a reconhecer
os traços que lembravam seu ídolo, Mike Tyson, o verdadeiro.
A conversa, breve, foi mais rápida do que um assalto, terminando na estação Sé, onde desci.
Ao chegar na redação e relatar
o encontro, alguns colegas ficaram curiosos: "Afinal, quem é
mesmo esse tal de Taysinho?"
Bom, Marcos Porto (seu nome
real) cortou meu lábio inferior e
acertou golpes tão duros em minhas têmporas que meu senso de
equilíbrio ficou prejudicado por
dias. Foi em minha primeira luta
amadora e era válida como eliminatória que definiria o time de
São Caetano que iria para os Jogos Abertos do Interior de 1992.
À época, tentei intimidá-lo.
Taysinho era pequeno para um
mosca, embora bastante forte. Fiquei ao lado dele para mostrar
minha vantagem em altura e envergadura e, ao cumprimentá-lo,
coloquei a mão em seu ombro.
Calado, olhou para minha mão
e em seguida para meu rosto.
Apesar de fisicamente ser semelhante a Tyson, seu rosto parecia
o de James Toney, ex-campeão
dos médios e supermédios.
Na pesagem, uma surpresa: o
cara tinha compleição de fisiculturista (como comparou um amigo que o conheceu, "puxa, mas o
braço dele parece a minha coxa").
Isso não tem importância no
ringue, mas me deixou inseguro.
Eu sabia o que teria de fazer para vencê-lo, ou, no caso, aumentar minhas chances: aproveitar
minha envergadura e usar meu
jab para mantê-lo à distância.
Mas, no ringue, esqueci tal estratégia e alternei duas ações: evitava a todo custo o contato com
ele e, em uma estratégia suicida,
encurtava a distância e aceitava
a briga franca, tipo de luta que favorecia totalmente seu físico. Para piorar, ele "pegava" como alguém de três categorias acima.
Não, não puro medo, senão
nem teria subido ao ringue com
ele para começar, mas falta de
auto-confiança. Achava impossível vencê-lo com meus recursos
normais, então apelei para fórmulas mágicas às quais nunca
havia recorrido. "Quem sabe
acerto uma bomba e ele cai?"
O combate foi paralisado antes
do início do terceiro assalto por
nocaute técnico. Em retrospecto,
não fui tão mal, considerando o
resultado de uma das lutas seguintes de Taysinho: ele pulverizou o adversário em 18 segundos no torneio Forja de Campeões.
Qual seria o sentimento que eu
sentiria dez anos depois da luta
ao reencontrar meu carrasco?
Ao contrário do que possam
imaginar, depois daquela luta,
passei a torcer por ele. Afinal, seria um privilégio dizer que encarei um futuro campeão mundial.
Ele faz parte das boas lembranças de meus anos como pugilista,
em uma galeria de personagens
que incluem os Edsons (um deles
tinha uma tatuagem na cabeça
raspada), Claudemir, Zé Luiz (o
homem que tinha mel, segundo
as mulheres), Alexandre, Dunstan, Jacó, Gabriel e Canhoteiro.
Mas Taysinho, que foi campeão
em três torneios amadores, como
profissional tem cartel modesto:
três vitórias, uma derrota e um
empate. Hoje dá aulas nas academias. Mas dá ainda seus socos: na
última luta, fez voar a ponte dentária do rival. "Bato forte... Bom,
isso você já sabe...", ele disse.
Só me restou concordar.
Contrato 1
A BandSports anuncia a aquisição dos direitos de exibição de edições passadas do Abu Dhabi, mais tradicional competição de luta
no solo (jiu jitsu, judô e luta greco-romana). A emissora negocia
ainda a transmissão, ao vivo, dos próximos eventos do Abu Dhabi.
Contrato 2
A empresa promotora de lutas SportsNetwork, de Frank Warren,
após consulta com seu advogado, Stephen Health, informou esta
coluna que Edson do Nascimento, o Xuxa, e Antonio Mesquita assinaram contratos de exclusividade com a SportsNetwork. Na sequência, afirma-se que nenhum outro promotor questionou tal
afirmação e que Mesquita assinou um contrato para enfrentar o
meio-médio-ligeiro Ricky Hatton no próximo mês e afirma que
não há problemas em vista para a realização de tal combate. Xuxa,
no entanto, resume a situação em apenas uma frase: "Nem sei qual
é a cara desse Frank Warren, como posso ter assinado com ele?"
E-mail eohata@folhasp.com.br
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