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Prancheta do PVC
PAULO VINICIUS COELHO - pvc@folha.com.br
A vitória do craque
O MÊS de dezembro
tem reservado um estranho duelo para
quem se acostumou a ver o futebol-arte dos sul-americanos
envolver a força dos europeus. Hoje é diferente.
As finais dos Mundiais interclubes têm colocado frente
a frente a arte européia e a força latina. Alguém dirá que não
é assim tão europeu um time
que tem brasileiros como Rafael e Ânderson. Mas o Manchester tem também Cristiano Ronaldo e Rooney.
Pelo quarto ano seguido, os
europeus lutam para superar
rígidos sistemas defensivos
sul-americanos. É assim desde que a Fifa transformou em
Mundial interclubes o velho
jogo da Copa Toyota. Em
2005, o Liverpool teve inúmeras chances para empatar
com o São Paulo, mas Rogério
Ceni não deixou. No ano seguinte, o Inter estudou como
bloquear o jogo de posse de
bola do Barcelona e ganhou
num raro contra-ataque. A
exceção foi o Milan, feroz nos
4 a 2 contra o Boca Juniors,
em 2007. Mas ali também os
argentinos tratavam de se defender, como fez a LDU contra o Manchester, ontem.
E como se defendeu! No
primeiro tempo, o time inglês
soube sair das duas linhas de
quatro homens armada pelo
técnico argentino Edgardo
Bauza, da LDU. Teve pelo menos cinco chances de abrir o
marcador, mas o 0 a 0 exposto
no intervalo parecia a vitória
da defesa sobre o ataque.
Essa impressão ficou mais
forte quando Vidic, do Manchester, recebeu cartão vermelho, aos 3min do segundo
tempo. E se reforçou em cada
contra-ataque equatoriano.
Num deles, aos 26min, o atacante Manso ficou a um passe
de fazer sua equipe abrir o
marcador. Preferiu o chute.
A indisciplina sul-americana deu lugar ao rigor tático.
Para vencer, o Manchester teve de colocar em prática todas
as lições para superar duas linhas de marcação. Na primeira etapa, criou com lançamentos dos dois volantes e inverteu o lado da jogada, receita eterna para confundir o rival. Mas a história recente do
Mundial interclubes diz que o
time de talento, o europeu, só
vence quando tem o craque.
Em 2007, Kaká era o melhor do mundo e destruiu o
Boca Juniors. Em 2008, ano
de Cristiano Ronaldo, foi dele
o passe para Rooney dar a vitória ao Manchester United. A
vitória do craque.
O MELHOR
Apesar de ser o time de
Cristiano Ronaldo, o homem
do jogo foi Rooney, que ganhou ainda o prêmio de melhor jogador do Mundial de
Clubes. Cristiano Ronaldo, o
segundo, foi decisivo com gol
contra o Gamba Osaka e com
o passe para Rooney fazer o
gol do título. Mas foi melhor
no primeiro semestre.
OBSERVADOR
Na chegada ao Flamengo,
o técnico Cuca foi cirúrgico
na indicação de reforços.
Pouca gente falou sobre o
volante William, do Santo
André, que foi eleito para a
seleção da Série B do Brasileiro. Cuca prestou atenção.
Como no Botafogo e no São
Paulo, seu maior mérito será
a montagem da equipe.
TIMAÇO
Não há equipe brasileira que tenha se reforçado melhor
até este momento do que o São Paulo. O lateral-esquerdo
Júnior César, o atacante Washington e o volante Eduardo
Costa são todos reforços de primeiro nível. O único
detalhe é que Washington diminui a força de marcação
da equipe são-paulina no campo ofensivo. Entretanto,
com Fenômeno e tudo mais, ninguém começará a temporada do ano que vem melhor do que o Tricolor.
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