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AÇÃO
Há males que vêm para o bem?
CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA
O que um empresário espera
ao patrocinar um atleta? Em
geral, resultados. Assim, o atleta
ganha destaque, torna-se ídolo,
aparece na mídia, a marca cresce,
o produto vende e fecha-se o ciclo.
O atleta renova o contrato, recebe
aumento e a vida continua.
Na teoria faz todo o sentido,
mas, na prática, o que se vê são
vários talentos promissores que,
sem uma ajuda financeira, limitam seu desenvolvimento ou acabam abortando uma carreira de
sucesso. Poderíamos falar da ginástica olímpica de Daniele
Hypólito, da natação de Eduardo
Fisher ou mesmo do "rico" futebol, mas vamos focar no surfe.
No final do Super Surf 2002, o
circuito profissional brasileiro,
cerca de 20 dos 45 atletas que
compunham a elite nacional estavam sem patrocínio ou, no máximo, tinham apoio do mercadinho do bairro. Atletas de ponta
como Eric Myakawa, quarto no
ranking, correram o circuito sem
adesivos na prancha e outros, como o bi brasileiro Jojó de Olivença e o campeão do WQS Armando Daltro, subpatrocinados.
E a situação para os brasileiros
que disputam o circuito mundial
não é muito diferente. Enquanto
o hexa mundial, Kelly Slater, recebe US$ 1 milhão por ano pela
exclusividade para a Quiksilver e
o atual campeão, Andy Irons, cerca de US$ 35 mil por mês para
vestir a camisa da Billabong, os
melhores brasileiros suam as deles para obter US$ 5.000 mensais.
E, se o quadro não é favorável,
pode piorar. As revistas especializadas, que ainda são o veículo de
comunicação que mais pesa na
decisão dos potenciais patrocinadores, vêm caindo de circulação,
aliás, como ocorreu com a imensa
maioria de títulos em bancas em
2002. E a emissora de TV que
mais espaço e atenção dedicou ao
surfe nos últimos anos, a Sportv,
passa por grandes mudanças e alguns cortes já foram feitos.
O modelo de TV por assinatura
promoveu o crescimento dos esportes e o interesse do público por
eles, e acabou criando uma armadilha. Os atletas exigem mais salários, clubes e organizadores de
eventos querem mais pelos direitos de imagem e a competição entre as operadoras, que deveria ser
um fator positivo, acaba por inviabilizá-las. Com operações deficitárias, em vez de mais e melhores conteúdos, o que resulta dessa
concorrência é a redução de novas produções, a queda da qualidade e exaustivas reprises.
Na Sportv, programas de alto
padrão, como o Surf Adventures,
saíram do ar. Por outro lado, a
manutenção dos programas produzidos por Ricardo Bocão e Antonio Ricardo Rip, Extra, Final
Heat, WQS e Cala a Boca Bocão e
o retorno do WCT, apresentado
por Paulo Lima, evidenciam a
importância que a emissora dá
ao surfe e aos esportes de ação.
Essa importância pode ganhar
outra dimensão. As dificuldades
financeiras contribuíram para a
criação de um centro de conteúdo
formado pelo jornalismo esportivo da Globo e o núcleo da Sportv.
Os programas serão produzidos
por esse centro e estarão disponíveis para a TV aberta e para a fechada, nos moldes do que acontece hoje entre Globo e Globonews.
Com produções de qualidade,
inclusive as independentes, desenvolvidas por profissionais envolvidos com os esportes, é possível que a Globo use mais esse material em sua programação e, aí
sim, os patrocinadores percebam
o potencial desses atletas e do esporte, a exemplo da Volkswagen.
Sem espuma
A falta de blocos de poliuretano na época de maior consumo está
deixando os fabricantes de pranchas em pânico. A Bennett, principal fabricante do país, alega dificuldade na importação de matéria-prima para fabricá-las.
Columbia de los volcanes
As primeiras equipes devem estar próximas de concluir a terceira
edição da corrida de aventura que atravessa a Cordilheira dos Andes e vai até sábado. São 400 quilômetros de trilhas, pântanos, rios
de degelo, vulcões nevados e lagos para equipes de quatro atletas.
Aspen X-Games
Em sua sétima edição, os Jogos de Inverno voltam à estação do Colorado, EUA, na próxima semana. São esperados mais de 200 atletas disputando US$ 500 mil em prêmios entre snowboard, esqui,
snowmobile, snowcross e moto extreme.
E-mail sarli@revistatrip.com.br
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