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São Paulo, quinta-feira, 23 de janeiro de 2003

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AÇÃO

Há males que vêm para o bem?

CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA

O que um empresário espera ao patrocinar um atleta? Em geral, resultados. Assim, o atleta ganha destaque, torna-se ídolo, aparece na mídia, a marca cresce, o produto vende e fecha-se o ciclo. O atleta renova o contrato, recebe aumento e a vida continua.
Na teoria faz todo o sentido, mas, na prática, o que se vê são vários talentos promissores que, sem uma ajuda financeira, limitam seu desenvolvimento ou acabam abortando uma carreira de sucesso. Poderíamos falar da ginástica olímpica de Daniele Hypólito, da natação de Eduardo Fisher ou mesmo do "rico" futebol, mas vamos focar no surfe.
No final do Super Surf 2002, o circuito profissional brasileiro, cerca de 20 dos 45 atletas que compunham a elite nacional estavam sem patrocínio ou, no máximo, tinham apoio do mercadinho do bairro. Atletas de ponta como Eric Myakawa, quarto no ranking, correram o circuito sem adesivos na prancha e outros, como o bi brasileiro Jojó de Olivença e o campeão do WQS Armando Daltro, subpatrocinados.
E a situação para os brasileiros que disputam o circuito mundial não é muito diferente. Enquanto o hexa mundial, Kelly Slater, recebe US$ 1 milhão por ano pela exclusividade para a Quiksilver e o atual campeão, Andy Irons, cerca de US$ 35 mil por mês para vestir a camisa da Billabong, os melhores brasileiros suam as deles para obter US$ 5.000 mensais.
E, se o quadro não é favorável, pode piorar. As revistas especializadas, que ainda são o veículo de comunicação que mais pesa na decisão dos potenciais patrocinadores, vêm caindo de circulação, aliás, como ocorreu com a imensa maioria de títulos em bancas em 2002. E a emissora de TV que mais espaço e atenção dedicou ao surfe nos últimos anos, a Sportv, passa por grandes mudanças e alguns cortes já foram feitos.
O modelo de TV por assinatura promoveu o crescimento dos esportes e o interesse do público por eles, e acabou criando uma armadilha. Os atletas exigem mais salários, clubes e organizadores de eventos querem mais pelos direitos de imagem e a competição entre as operadoras, que deveria ser um fator positivo, acaba por inviabilizá-las. Com operações deficitárias, em vez de mais e melhores conteúdos, o que resulta dessa concorrência é a redução de novas produções, a queda da qualidade e exaustivas reprises.
Na Sportv, programas de alto padrão, como o Surf Adventures, saíram do ar. Por outro lado, a manutenção dos programas produzidos por Ricardo Bocão e Antonio Ricardo Rip, Extra, Final Heat, WQS e Cala a Boca Bocão e o retorno do WCT, apresentado por Paulo Lima, evidenciam a importância que a emissora dá ao surfe e aos esportes de ação.
Essa importância pode ganhar outra dimensão. As dificuldades financeiras contribuíram para a criação de um centro de conteúdo formado pelo jornalismo esportivo da Globo e o núcleo da Sportv. Os programas serão produzidos por esse centro e estarão disponíveis para a TV aberta e para a fechada, nos moldes do que acontece hoje entre Globo e Globonews.
Com produções de qualidade, inclusive as independentes, desenvolvidas por profissionais envolvidos com os esportes, é possível que a Globo use mais esse material em sua programação e, aí sim, os patrocinadores percebam o potencial desses atletas e do esporte, a exemplo da Volkswagen.

Sem espuma
A falta de blocos de poliuretano na época de maior consumo está deixando os fabricantes de pranchas em pânico. A Bennett, principal fabricante do país, alega dificuldade na importação de matéria-prima para fabricá-las.

Columbia de los volcanes
As primeiras equipes devem estar próximas de concluir a terceira edição da corrida de aventura que atravessa a Cordilheira dos Andes e vai até sábado. São 400 quilômetros de trilhas, pântanos, rios de degelo, vulcões nevados e lagos para equipes de quatro atletas.

Aspen X-Games
Em sua sétima edição, os Jogos de Inverno voltam à estação do Colorado, EUA, na próxima semana. São esperados mais de 200 atletas disputando US$ 500 mil em prêmios entre snowboard, esqui, snowmobile, snowcross e moto extreme.

E-mail sarli@revistatrip.com.br


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