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São Paulo, quinta-feira, 23 de janeiro de 2003

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FUTEBOL

Dois homens e um destino

SONINHA
COLUNISTA DA FOLHA

1) Parreira - 8/01/2003, quase comecei o dia dando um fora. A produtora da CBN ligou às 7h: "Você pode falar às 8h sobre a volta do Parreira à seleção como técnico?". "Ela quis dizer coordenador", pensei. "Posso, claro". Por via das dúvidas, desci para pegar a Folha. Quase caí dura... Ainda bem que li o jornal antes de falar com o Heródoto.
O Corinthians de Parreira terminou o ano com a fama de burocrático, chato etc., e muitas vezes foi mesmo. Por isso muitos se lembraram da seleção "quadrada" de 94, que teve lá seus bons momentos, mas não deu espetáculo. Mas o Corinthians fez muitas partidas ótimas no Rio-São Paulo e na Copa do Brasil, com dribles e tabelas, velocidade e criatividade.
O mais irritante era a quantidade de vezes que os jogadores entravam na área e continuavam tocando a bola um para o outro em vez de chutar no gol...
No Brasileiro, o time perdeu criatividade (vulgo Ricardinho) no meio-campo, alguns jogadores tiveram queda de rendimento e Guilherme apareceu para resolver o problema das finalizações (sic). Pois é, a base era a mesma, mas o desenho era outro e não deu tão certo. Foram poucos os jogos empolgantes. Por isso voltou a fama de Parreira como técnico de time eficiente, mas enfadonho.
Só que o próprio Parreira, sem querer parecer (ou ser) antiético, chegou a dizer: "Se eu tivesse Kaká, Diego e Robinho, a história seria outra". Ou seja, ele sabe apreciar o talento, a imprevisibilidade, o "luxo". Não prefere a chatice ao encanto.
Parreira é um técnico mais leve hoje do que era em 94, e a tarefa também não é tão pesada. Agora que o Brasil é penta, talvez a torcida aplauda uma seleção que não ganhe a Copa, mas dê show. Em 94, a obrigação era o título. Parreira fez do seu jeito, e (graças a Baggio!) deu certo.
Mas ele não disse que não queria o cargo? Disse e estava sendo sincero. Não queria a cobrança, o assédio monstruoso, a possibilidade de manchar o currículo (afinal, a última impressão é a que fica). Ao mesmo tempo, estava feliz no Corinthians, pronto para a Libertadores. Mas mudou de idéia, e a presença de Zagallo foi fundamental para isso. Por um lado, porque já trabalharam muito bem juntos, e o entusiasmo do velho pode ser mesmo contagiante. Por outro, porque se Parreira dissesse "eu não quero ser técnico; só aceitaria ser coordenador", estaria dizendo, na prática, "quero o lugar do Zagallo, tirem-no daí"!
Se vai dar certo desta vez? É possível. A safra é boa, Parreira tem muito respeito dos jogadores e hoje é muito mais popular do que era. Acho que a nossa próxima experiência com as eliminatórias vai ser bem mais divertida que a última.
2) Zagallo - No único contato que tive com ele pessoalmente, na gravação do primeiro "Bola da Vez" (ESPN Brasil), reconheci: o homem cativa. Muito simples, caloroso e sincero, estava empolgado com o desafio (!) de trabalhar em São Paulo, na Lusa. Um profissional que já tinha feito tudo que se pode querer no futebol. E isso era conversa de corredor, sem câmeras por perto.
Por essa empolgação e pela experiência gigante, ele merece o convite para a seleção. Mas, como pergunta Julio Kramer, esse cargo de coordenador é mesmo importante?
Se não for só enfeite, homenagem ou politicagem, sim. Espaço esgotado, então semana que vem eu falo sobre isso.

Critérios?
Tenho muita curiosidade para conhecer o ranking de clubes da CBF e os seus critérios de pontuação, contudo, no site oficial da entidade (www.cbfnews.com.br), não encontrei nada. Ou melhor, por conta da definição dos participantes da Copa do Brasil, os 13 primeiros foram divulgados: Grêmio, Corinthians, Vasco, Palmeiras, Atlético-MG, Flamengo, São Paulo, Internacional, Cruzeiro, Santos, Botafogo, Guarani e Fluminense. Valem todos os Campeonatos Brasileiros? Somente eles? Contam-se os pontos conquistados ou apenas a colocação final? Eu adoraria saber.

Planejamento?
No site da Fifa (www.fifa.com), a página que relaciona os eventos da entidade em 2003 não faz referência nenhuma ao Mundial de Clubes. Aquele.

E-mail
soninha.folha@uol.com.br


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