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FUTEBOL
Dois homens e um destino
SONINHA
COLUNISTA DA FOLHA
1) Parreira - 8/01/2003,
quase comecei o dia dando
um fora. A produtora da CBN ligou às 7h: "Você pode falar às 8h
sobre a volta do Parreira à seleção
como técnico?". "Ela quis dizer
coordenador", pensei. "Posso, claro". Por via das dúvidas, desci para pegar a Folha. Quase caí dura... Ainda bem que li o jornal antes de falar com o Heródoto.
O Corinthians de Parreira terminou o ano com a fama de burocrático, chato etc., e muitas vezes
foi mesmo. Por isso muitos se lembraram da seleção "quadrada"
de 94, que teve lá seus bons momentos, mas não deu espetáculo.
Mas o Corinthians fez muitas
partidas ótimas no Rio-São Paulo
e na Copa do Brasil, com dribles e
tabelas, velocidade e criatividade.
O mais irritante era a quantidade de vezes que os jogadores
entravam na área e continuavam
tocando a bola um para o outro
em vez de chutar no gol...
No Brasileiro, o time perdeu
criatividade (vulgo Ricardinho)
no meio-campo, alguns jogadores
tiveram queda de rendimento e
Guilherme apareceu para resolver o problema das finalizações
(sic). Pois é, a base era a mesma,
mas o desenho era outro e não
deu tão certo. Foram poucos os jogos empolgantes. Por isso voltou a
fama de Parreira como técnico de
time eficiente, mas enfadonho.
Só que o próprio Parreira, sem
querer parecer (ou ser) antiético,
chegou a dizer: "Se eu tivesse Kaká, Diego e Robinho, a história seria outra". Ou seja, ele sabe apreciar o talento, a imprevisibilidade, o "luxo". Não prefere a chatice
ao encanto.
Parreira é um técnico mais leve
hoje do que era em 94, e a tarefa
também não é tão pesada. Agora
que o Brasil é penta, talvez a torcida aplauda uma seleção que
não ganhe a Copa, mas dê show.
Em 94, a obrigação era o título.
Parreira fez do seu jeito, e (graças
a Baggio!) deu certo.
Mas ele não disse que não queria o cargo? Disse e estava sendo
sincero. Não queria a cobrança, o
assédio monstruoso, a possibilidade de manchar o currículo (afinal, a última impressão é a que fica). Ao mesmo tempo, estava feliz
no Corinthians, pronto para a Libertadores. Mas mudou de idéia,
e a presença de Zagallo foi fundamental para isso. Por um lado,
porque já trabalharam muito
bem juntos, e o entusiasmo do velho pode ser mesmo contagiante.
Por outro, porque se Parreira dissesse "eu não quero ser técnico; só
aceitaria ser coordenador", estaria dizendo, na prática, "quero o
lugar do Zagallo, tirem-no daí"!
Se vai dar certo desta vez? É possível. A safra é boa, Parreira tem
muito respeito dos jogadores e hoje é muito mais popular do que
era. Acho que a nossa próxima
experiência com as eliminatórias
vai ser bem mais divertida que a
última.
2) Zagallo - No único contato
que tive com ele pessoalmente, na
gravação do primeiro "Bola da
Vez" (ESPN Brasil), reconheci: o
homem cativa. Muito simples, caloroso e sincero, estava empolgado com o desafio (!) de trabalhar
em São Paulo, na Lusa. Um profissional que já tinha feito tudo
que se pode querer no futebol. E
isso era conversa de corredor, sem
câmeras por perto.
Por essa empolgação e pela experiência gigante, ele merece o
convite para a seleção. Mas, como
pergunta Julio Kramer, esse cargo
de coordenador é mesmo importante?
Se não for só enfeite, homenagem ou politicagem, sim. Espaço
esgotado, então semana que vem
eu falo sobre isso.
Critérios?
Tenho muita curiosidade para conhecer o ranking de clubes da CBF e os seus critérios
de pontuação, contudo, no
site oficial da entidade (www.cbfnews.com.br), não encontrei nada. Ou melhor, por
conta da definição dos participantes da Copa do Brasil, os
13 primeiros foram divulgados: Grêmio, Corinthians,
Vasco, Palmeiras, Atlético-MG, Flamengo, São Paulo,
Internacional, Cruzeiro, Santos, Botafogo, Guarani e Fluminense. Valem todos os
Campeonatos Brasileiros?
Somente eles? Contam-se os
pontos conquistados ou apenas a colocação final? Eu adoraria saber.
Planejamento?
No site da Fifa (www.fifa.com), a página que relaciona
os eventos da entidade em
2003 não faz referência nenhuma ao Mundial de Clubes. Aquele.
E-mail
soninha.folha@uol.com.br
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