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No ápice da tensão, astros e técnico assumem o risco
Com seleção na lanterna, Gomes, Diego e Robinho tomam para si missão de evitar queda no Chile
RODRIGO BUENO
ENVIADO ESPECIAL A VIÑA DEL MAR
O técnico Ricardo Gomes e as
estrelas santistas Diego e Robinho
assumiram a responsabilidade
pela classificação ou pela eliminação da seleção brasileira sub-23
no Pré-Olímpico do Chile.
Após a derrota de anteontem
por 1 a 0 para a rival Argentina, o
Brasil é o lanterninha do quadrangular final do torneio, que
rende duas vagas nos Jogos de
Atenas. Hoje, o Brasil enfrenta o
anfitrião Chile em Viña del Mar
podendo até ser eliminado.
"Eu assumo toda a responsabilidade [por ume eventual eliminação]. Quando vim para o Pré-Olímpico, sabia exatamente o que
ia encontrar. A responsabilidade é
toda minha", disse Ricardo Gomes, que mudou o seu discurso
sobre o que significa uma derrota
na estréia do quadrangular final
ao longo do torneio.
Primeiro, ele dizia informalmente que uma derrota no primeiro jogo da fase final eliminaria
o time. Depois, disse que essa era
apenas uma eliminação moral.
Agora, diz que tudo ainda está sob
controle porque com duas vitórias o time está garantido.
Mas a verdade não é essa. Pode
haver um tríplice empate, e o Brasil ficar fora, mesmo com seis
pontos, pelo saldo de gols, número de gols marcados ou até por
sorteio, segundo as regras.
Diego e Robinho repetem o discurso de que "só dependemos da
gente" e puxaram também a responsabilidade. "Nessas horas que
o craque tem que aparecer. Estou
disposto a dar tudo, de técnica e
de garra, para ajudar o Brasil. Vou
chamar a responsabilidade. Posso
errar, mas não vou me omitir",
disse Diego, que não atuou bem
contra os argentinos.
Robinho seguiu a mesma linha.
"É no momento mais difícil que
aparece o grande jogador. É hora
de chamar a responsabilidade e
ajudar o time a vencer. Rumo à
Olimpíada", disse o atacante.
Apesar das frases otimistas, o
clima na delegação brasileira
nunca ficou tão pesado. Desde o
final do jogo de ontem, vários
acontecimentos mostram um
ambiente bastante carregado.
Torcedores brasileiros entraram em atrito com a família de
Fábio Rochemback ainda no estádio. "Acho que ele não joga nada e
falei isso. Vivemos em um país
democrático", disse o torcedor
Marco Aurélio Moraes.
Outro torcedor que criticou a
equipe diz ter sido ameaçado por
Elano. "Ele falou para eu ir ao hotel que ele iria quebrar a gente",
disse Fabiano Rampazzo. Elano
afirmou ontem que só falaria sobre o jogo. Depois, negou ter
ameaçado o torcedor.
Pela manhã, não se via no hotel
qualquer membro da delegação.
Os jogadores almoçaram com cara fechada e saíram apenas à tarde
para fazer o tradicional trabalho
de recuperação física na piscina,
quase todos cabisbaixos.
"Os jogadores estão tristes pela
derrota para a Argentina, mas
também estão supermotivados",
disse Ricardo Gomes, que mostra
mais irritação com perguntas da
imprensa, tanto nacional quanto
internacional -alguns argentinos lembraram a derrota do Brasil na Copa de 1990 por 1 a 0,
quando Ricardo Gomes era um
dos zagueiros da equipe.
Outros jogadores também deixaram transparecer a crise do time. "Não adianta todo mundo
querer resolver sozinho. Temos
que ser um conjunto, pois quando perdemos todos perdem", disse o volante Dudu Cearense.
NA TV - Chile x Brasil, Globo,
ao vivo, às 23h10
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