São Paulo, sexta-feira, 23 de janeiro de 2004

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FUTEBOL

Cidade patrocina estréia de Rivaldo, contrata atletas e agora quer elite

"Sheik" de Cabo Frio embala time com poder do petróleo

SÉRGIO RANGEL
ENVIADO ESPECIAL A CABO FRIO (RJ)

Em tempos de clubes falidos, Cabo Frio (cidade litorânea a 150 km do Rio) corre na contramão do futebol brasileiro. Ajudada pelos royalties do petróleo, que fez o orçamento municipal saltar de R$ 30 milhões para R$ 210 milhões em sete anos, a cidade pode se tornar uma potência no futebol brasileiro, imagina o prefeito Alair Corrêa (PTB), 62, que se intitula um "alucinado" pelo esporte.
A primeira demonstração de força da cidade foi dada na noite de anteontem, quando o estádio local, que tem o nome do prefeito gravado no placar, foi o palco da estréia do meia-atacante Rivaldo com a camisa do Cruzeiro.
O campeão brasileiro enfrentou a Cabofriense, principal equipe do município. Empataram em 1 a 1, mas todos os titulares do time mineiro saíram no intervalo.
Para trazer o Cruzeiro à cidade, Corrêa, presidente de honra da Cabofriense, usou R$ 280 mil da prefeitura para pagar o cachê.
"Nossa intenção é usar o futebol para colocar a cidade em evidência. Queremos jogar a Copa do Brasil em 2005", disse Corrêa, apontado pelos opositores como uma versão brasileira dos príncipes árabes, que investem no futebol o que ganham com o petróleo.
Cabo Frio recebe royalties porque a ANP (Agência Nacional do Petróleo) remunera os municípios na área da bacia petrolífera de Campos, no norte do Estado.
O município recebeu cerca de R$ 76 milhões em royalties de janeiro a outubro de 2003. A previsão do orçamento da prefeitura para 2003 era de R$ 156 milhões. Neste ano, a tendência é que a arrecadação seja ainda maior.
Com tanto dinheiro para administrar uma cidade de cerca de 120 mil habitantes, Corrêa não economiza quando o assunto é futebol.
Além do amistoso contra o Cruzeiro, o prefeito está gastando para colocar o Cabofriense em boas condições na disputa do Estadual, que começará amanhã. A prefeitura investiu R$ 2 milhões só para reformar o estádio e trouxe jogadores experientes, como Bechara (ex-Marília), Marcelinho Paulista (ex-Corinthians), Esquerdinha (ex-São Caetano) e -os dois últimos atuaram na seleção.
Todos ganham cerca de R$ 20 mil mensais, além de prêmios por vitória, uma prática que está sendo abolida nos grandes clubes.
O pagamento dos atletas também segue o estilo dos milionários árabes. O salário é dado no vestiário aos jogadores. O dinheiro vem dentro de um envelope.
Agora, Corrêa quer gastar cerca de R$ 1 milhão para montar um centro de treinamento nos moldes do construído pelo Cruzeiro.
"O Wanderley Luxemburgo é nosso consultor informal. Ele nos ajudou a montar o time e está também ligado no projeto do centro de treinamento", afirmou o prefeito, que se define como um ex-jogador medíocre do futebol da cidade nos anos 60.


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