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FUTEBOL
Cidade patrocina estréia de Rivaldo, contrata atletas e agora quer elite
"Sheik" de Cabo Frio embala time com poder do petróleo
SÉRGIO RANGEL
ENVIADO ESPECIAL A CABO FRIO (RJ)
Em tempos de clubes falidos,
Cabo Frio (cidade litorânea a 150
km do Rio) corre na contramão
do futebol brasileiro. Ajudada pelos royalties do petróleo, que fez o
orçamento municipal saltar de R$
30 milhões para R$ 210 milhões
em sete anos, a cidade pode se tornar uma potência no futebol brasileiro, imagina o prefeito Alair
Corrêa (PTB), 62, que se intitula
um "alucinado" pelo esporte.
A primeira demonstração de
força da cidade foi dada na noite
de anteontem, quando o estádio
local, que tem o nome do prefeito
gravado no placar, foi o palco da
estréia do meia-atacante Rivaldo
com a camisa do Cruzeiro.
O campeão brasileiro enfrentou
a Cabofriense, principal equipe
do município. Empataram em 1 a
1, mas todos os titulares do time
mineiro saíram no intervalo.
Para trazer o Cruzeiro à cidade,
Corrêa, presidente de honra da
Cabofriense, usou R$ 280 mil da
prefeitura para pagar o cachê.
"Nossa intenção é usar o futebol
para colocar a cidade em evidência. Queremos jogar a Copa do
Brasil em 2005", disse Corrêa,
apontado pelos opositores como
uma versão brasileira dos príncipes árabes, que investem no futebol o que ganham com o petróleo.
Cabo Frio recebe royalties porque a ANP (Agência Nacional do
Petróleo) remunera os municípios na área da bacia petrolífera
de Campos, no norte do Estado.
O município recebeu cerca de
R$ 76 milhões em royalties de janeiro a outubro de 2003. A previsão do orçamento da prefeitura
para 2003 era de R$ 156 milhões.
Neste ano, a tendência é que a arrecadação seja ainda maior.
Com tanto dinheiro para administrar uma cidade de cerca de 120
mil habitantes, Corrêa não economiza quando o assunto é futebol.
Além do amistoso contra o Cruzeiro, o prefeito está gastando para colocar o Cabofriense em boas
condições na disputa do Estadual,
que começará amanhã. A prefeitura investiu R$ 2 milhões só para
reformar o estádio e trouxe jogadores experientes, como Bechara
(ex-Marília), Marcelinho Paulista
(ex-Corinthians), Esquerdinha
(ex-São Caetano) e -os dois últimos atuaram na seleção.
Todos ganham cerca de R$ 20
mil mensais, além de prêmios por
vitória, uma prática que está sendo abolida nos grandes clubes.
O pagamento dos atletas também segue o estilo dos milionários árabes. O salário é dado no
vestiário aos jogadores. O dinheiro vem dentro de um envelope.
Agora, Corrêa quer gastar cerca
de R$ 1 milhão para montar um
centro de treinamento nos moldes do construído pelo Cruzeiro.
"O Wanderley Luxemburgo é
nosso consultor informal. Ele nos
ajudou a montar o time e está
também ligado no projeto do centro de treinamento", afirmou o
prefeito, que se define como um
ex-jogador medíocre do futebol
da cidade nos anos 60.
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