São Paulo, sábado, 23 de janeiro de 1999

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SURFE
Etapa de Florianópolis do WQS usa as praias Mole e da Joaquina, com objetivo de elevar nível da competição
Torneio nômade vira fuga de ondas ruins

FÁBIO VICTOR
enviado especial a Florianópolis

A "busca pela onda perfeita" está começando a mudar o formato dos campeonatos de surfe.
Os torneios móveis, que são disputados simultaneamente em duas ou mais praias, de acordo com as condições das ondas, são a nova tendência de disputa do esporte no Brasil e no mundo.
O Reef Brazil Classic, iniciado anteontem e que vai até amanhã em Florianópolis (SC), válido pelo WQS (World Qualifying Series, segunda divisão do surfe mundial), é a primeira competição internacional disputada nesses moldes no país. Duas praias -Joaquina e Mole- estão à disposição dos competidores. Ao longo dos quatro dias do torneio, é utilizada a que oferecer as melhores condições para a prática do esporte.
"Decidimos de acordo com o vento e a direção do sweel (ondulação). Se resolvo que a disputa vai ser na Joaquina, mas, amanhã, às 6h da manhã, a praia Mole estiver melhor, mudamos para lá", explica o presidente da Abrasp (Associação Brasileira de Surfe Profissional), Alexandre Fontes, 39.
"O surfe mundial cada vez mais busca ondas perfeitas. É a procura da qualidade tão solicitada pelos surfistas", diz Fontes.
Diariamente, ele recebe informações sobre as condições do mar e do vento, com a previsão para aquele e os dois dias seguintes.
Como a margem de erro é relevante, os organizadores também visitam as praias credenciadas.
Quanto à estrutura, Fontes diz que não há problemas. "Em duas horas, montamos um palanque."
O Reef Brazil Classic de Florianópolis é, na verdade, um teste para uma ambição da Abrasp.
A entidade está pleiteando junto à ASP (Associação Internacional de Surfe Profissional) a realização de mais uma etapa do WCT (World Championship Tour, a primeira divisão do surfe mundial) no Brasil, exatamente em Florianópolis, a partir de 2000.
Das 13 etapas que o torneio terá neste ano, só a penúltima será no Brasil -na Barra da Tijuca, Rio.
Fontes conta que a proposta é fazer o novo torneio na ilha e em outros trechos do litoral catarinense.
O Governo do Estado e a Prefeitura de Florianópolis já garantiram apoio à proposta.
Se são uma novidade no Brasil, os torneio móveis estão se disseminando pelo mundo.
"É o futuro do surfe mundial, e a ASP está considerando isso como requisito para que se realize campeonatos de nível", afirma Fontes. Neste ano, o WCT terá duas novas etapas móveis, entre as ilhas Fiji e Tavanua (Oceania) e entre as cidades de Mundaca (Espanha) e Anglet (França).
"Eles só entraram no circuito por terem se comprometido a fazer o torneio móvel", diz Fontes.
Um torneio ao longo da Costa Dourada australiana completa o grupo de "nômades" do WCT.
Os surfistas aprovam o modelo. "Todo mundo ganha: nós, o público, a mídia e até os juízes, que têm mais facilidade para avaliar", diz Peterson Rosa, o brasileiro mais bem colocado no WCT (8º lugar).
"Favorece o bom surfe e enriquece o evento. O surfista agradece", completa o baiano Jojó de Olivença, 11º do WCT, em 97.
Apesar de o Reef Brasil Classic ter opção de escolha, as ondas nos dois primeiros dias, ambos na Joaquina, foram pequenas.
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O repórter Fábio Victor viaja a convite da organização do Reef Brazil Classic



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