São Paulo, segunda-feira, 23 de fevereiro de 2004

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FUTEBOL

Carnaval rubro-negro

JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA

O Flamengo venceu e convenceu. Foi um time mais potente e homogêneo que o Fluminense e mereceu conquistar a Taça Guanabara.
Escrevi, há uns dez dias, que o futebol carioca parecia ter parado no tempo, por ser mais cadenciado, com marcação mais frouxa e mais espaço para o talento individual do que o futebol de qualquer outro lugar do mundo.
Penso que a observação continua válida, mas é preciso retificá-la no que diz respeito ao Flamengo. O time de Abel Braga, que começou o ano irregular e vulnerável na defesa, foi se reorganizando e encontrando um equilíbrio bastante bom entre a capacidade de marcação e o poder ofensivo.
A substituição de alguns veteranos (Júnior Baiano, Fábio Baiano etc.) por jovens com mais disposição e melhores condições físicas foi importante para dar mais ritmo à equipe, mas o fator decisivo para o crescimento rubro-negro, a meu ver, chama-se Zinho.
Com a entrada do meia, Felipe ficou mais liberado das tarefas de armação e marcação para poder atuar como autêntico meia-atacante, caindo pelas extremas.
Ao mesmo tempo, o ótimo Ibson passou ocupar com mais desenvoltura o lado direito do meio-campo, entre uma intermediária e a outra, mais ou menos como faz Renato no Santos. É um jogador a ser observado com atenção.
Com a defesa mais segura e o meio mais organizado, o talento de Felipe e a mobilidade dos atacantes Diogo e Jean puderam ser mais bem aproveitados, assim como o apoio de Rafael e Roger. (Aliás, por que os dois jovens laterais estão se saindo melhor no Rio do que em São Paulo?)
E tudo isso só funcionou bem graças ao bom preparo físico do elenco, ao entusiasmo contagiante de Abel Braga e, claro, ao apoio da massa rubro-negra.
O Flu, por sua vez, mostrou-se uma equipe descosturada e instável, apesar da presença de alguns ótimos valores.
Seu maior problema foi o buraco que separava os volantes Marcão e Marciel do quarteto ofensivo composto por Ramón, Roger, Edmundo e Romário.
Enquanto Roger teve saúde (isto é, nos primeiros 20 minutos), ainda buscou alguma articulação entre esses dois setores. Depois que o jovem meia passou a sentir dores na perna, o Flamengo, mais compacto, dominou o setor, e o tricolor passou a viver de lances isolados. De dois deles, aliás, saíram seus gols.
Edmundo teve uma atuação apagada, e Romário sumiu. Fica a impressão de que o Baixinho só brilhou no Fla-Flu anterior porque a defesa flamenguista era muito fraca.
De todo modo, só será possível avaliar o poderio real do Flamengo de Abel Braga quando ele se defrontar com os bons times de outros Estados, o que só ocorrerá nas fases seguintes da Copa do Brasil e no Brasileiro.
Até lá, não custa nada ter esperança de que pelo menos um grande clube carioca está dando a volta por cima e reconquistando seu lugar de honra na elite do futebol nacional.

Fla-Flu milanês
Tão espetacular quanto o Fla-Flu foi o "derby" milanês de sábado, em que o Milan venceu de virada, por 3 a 2, a arqui-rival Internazionale e manteve a liderança do Campeonato Italiano. O destaque da partida foi a atuação do ex-são-paulino Kaká, coroada por um golaço que mostrou toda a sua força e talento. Arrancando do meio-campo, o jovem craque chutou forte da entrada da área, sem defesa para o pobre Toldo.

Quarteto paulista
O São Paulo e o Santos confirmaram sua condição de líderes ao vencer bem seus compromissos no sábado, mas o Palmeiras, com a derrota para o São Caetano, começa a marcar passo no Paulista. Meu palpite continua o mesmo: o campeão deverá ser um desses quatro.

E-mail jgcouto@uol.com.br


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