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FUTEBOL
Carnaval rubro-negro
JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA
O Flamengo venceu e convenceu. Foi um time mais
potente e homogêneo que o Fluminense e mereceu conquistar a
Taça Guanabara.
Escrevi, há uns dez dias, que o
futebol carioca parecia ter parado
no tempo, por ser mais cadenciado, com marcação mais frouxa e
mais espaço para o talento individual do que o futebol de qualquer
outro lugar do mundo.
Penso que a observação continua válida, mas é preciso retificá-la no que diz respeito ao Flamengo. O time de Abel Braga, que começou o ano irregular e vulnerável na defesa, foi se reorganizando e encontrando um equilíbrio
bastante bom entre a capacidade
de marcação e o poder ofensivo.
A substituição de alguns veteranos (Júnior Baiano, Fábio Baiano
etc.) por jovens com mais disposição e melhores condições físicas
foi importante para dar mais ritmo à equipe, mas o fator decisivo
para o crescimento rubro-negro,
a meu ver, chama-se Zinho.
Com a entrada do meia, Felipe
ficou mais liberado das tarefas de
armação e marcação para poder
atuar como autêntico meia-atacante, caindo pelas extremas.
Ao mesmo tempo, o ótimo Ibson passou ocupar com mais desenvoltura o lado direito do meio-campo, entre uma intermediária
e a outra, mais ou menos como
faz Renato no Santos. É um jogador a ser observado com atenção.
Com a defesa mais segura e o
meio mais organizado, o talento
de Felipe e a mobilidade dos atacantes Diogo e Jean puderam ser
mais bem aproveitados, assim como o apoio de Rafael e Roger.
(Aliás, por que os dois jovens laterais estão se saindo melhor no Rio
do que em São Paulo?)
E tudo isso só funcionou bem
graças ao bom preparo físico do
elenco, ao entusiasmo contagiante de Abel Braga e, claro, ao apoio
da massa rubro-negra.
O Flu, por sua vez, mostrou-se
uma equipe descosturada e instável, apesar da presença de alguns
ótimos valores.
Seu maior problema foi o buraco que separava os volantes Marcão e Marciel do quarteto ofensivo composto por Ramón, Roger,
Edmundo e Romário.
Enquanto Roger teve saúde (isto é, nos primeiros 20 minutos),
ainda buscou alguma articulação
entre esses dois setores. Depois
que o jovem meia passou a sentir
dores na perna, o Flamengo, mais
compacto, dominou o setor, e o
tricolor passou a viver de lances
isolados. De dois deles, aliás, saíram seus gols.
Edmundo teve uma atuação
apagada, e Romário sumiu. Fica
a impressão de que o Baixinho só
brilhou no Fla-Flu anterior porque a defesa flamenguista era
muito fraca.
De todo modo, só será possível
avaliar o poderio real do Flamengo de Abel Braga quando ele se
defrontar com os bons times de
outros Estados, o que só ocorrerá
nas fases seguintes da Copa do
Brasil e no Brasileiro.
Até lá, não custa nada ter esperança de que pelo menos um
grande clube carioca está dando
a volta por cima e reconquistando seu lugar de honra na elite do
futebol nacional.
Fla-Flu milanês
Tão espetacular quanto o Fla-Flu foi o "derby" milanês de sábado, em que o Milan venceu
de virada, por 3 a 2, a arqui-rival Internazionale e manteve a
liderança do Campeonato Italiano. O destaque da partida foi
a atuação do ex-são-paulino
Kaká, coroada por um golaço
que mostrou toda a sua força e
talento. Arrancando do meio-campo, o jovem craque chutou
forte da entrada da área, sem
defesa para o pobre Toldo.
Quarteto paulista
O São Paulo e o Santos confirmaram sua condição de líderes
ao vencer bem seus compromissos no sábado, mas o Palmeiras, com a derrota para o
São Caetano, começa a marcar
passo no Paulista. Meu palpite
continua o mesmo: o campeão
deverá ser um desses quatro.
E-mail jgcouto@uol.com.br
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