São Paulo, sexta-feira, 23 de março de 2001

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Governo diz que pode até intervir

DO PAINEL FC

O governo federal decidiu pressionar a Confederação Brasileira de Futebol e o Clube dos 13 e exigiu uma definição rápida sobre o número de times participantes do próximo Campeonato Brasileiro.
Segundo o ministro Carlos Melles, deverão ser convidados 28 clubes e não mais 26, como havia sido previsto inicialmente, após acordo entre Pelé, Ricardo Teixeira, João Havelange e Fábio Koff.
No ano que vem, no entanto, Melles diz que o governo não abre mão de ter o campeonato com 24 times. Neste caso, portanto, o Brasileiro-2001, com 28 times na divisão de elite, deverá rebaixar seis equipes, subindo duas para a divisão de elite do torneio de 2002.
""O primeiro ano é o mais difícil", disse Melles, durante cerimônia no Palácio dos Bandeirantes. ""Mas a partir do ano que vem, ficou definido que serão 24 times e disso não abrimos mão. A exceção é 2001. E só", avisou.
Caso no ano que vem haja novo inchaço, o ministro afirmou que o governo irá interferir. ""Aí neste caso o governo vai arbitrar. Só estamos intervindo no futebol porque houve uma solicitação dos dirigentes e um forte clamor da sociedade geral, fortalecido pelas duas CPIs (no Congresso). O que ficou combinado deverá ser cumprido e nós vamos fiscalizar."
Entre os pontos acertados, Melles destaca ""o calendário pré-definido para os próximos cinco anos". ""O torcedor tem o direito de saber quais competições serão realizadas nos anos seguintes. Queriam um calendário para os próximos três anos, mas batemos os pés nos cinco."
Em relação ao número de jogos de cada time, Melles diz que eles serão limitados a dois por semana. ""Chegaram a dizer que uma vez por semana seria melhor, mas achamos que duas vezes ficava mais conveniente."
Para Melles, o aumento do número de participantes no próximo Brasileiro -de 26 para 28- é aceitável porque os pedidos de inclusão de São Caetano e Juventude seriam justos.
Apesar de ter declarado que não é responsabilidade do governo determinar quais agremiações irão ou não participar do torneio, o ministro disse estar ""sensível aos argumentos que eles apresentaram" e que ""a possibilidade de inclusão dos dois é grande".
Com o apoio de Melles, fica praticamente acertada a presença de São Caetano e Juventude na divisão de elite do campeonato deste ano, já que ele foi peça fundamental no acordo que selou as pazes entre o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, e o ex-ministro e ex-jogador Pelé.
Na semana passada, os três anunciaram juntos, em Brasília, o Brasileiro-2001 com 26 clubes na primeira divisão.
Os motivos apresentados para deixar São Caetano e Juventude de fora foram a crença no fato de que os dois não venceriam uma disputa na Justiça pela vaga.
Nos últimos dias, porém, tanto o time do ABC quanto o de Caxias do Sul iniciaram forte pressão para entrar na primeira divisão do Brasileiro.
Em Brasília, o ministro foi pressionado por deputados e senadores do Rio Grande do Sul e de São Paulo. O clube do ABC, inclusive, chegou a ameaçar ir à Justiça comum para garantir seus direitos.
Mas, mesmo com a inclusão dos dois, os problemas não irão terminar. E podem até aumentar.
O Remo, que assim como o São Caetano ficou entre os 16 primeiros colocados da Copa JH, exige uma vaga na primeira divisão.
Já parte da cúpula do Clube dos 13, incluindo o presidente Fábio Koff, não aceita o rebaixamento de seis times para 2002, como sugere Melles, e promete insistir no Brasileiro com ""apenas" 26 times.


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