São Paulo, sexta-feira, 23 de março de 2001

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CPI encerra investigação sobre 98

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Com um depoimento frustrante do lateral da seleção na Copa de 98 Roberto Carlos, a CPI da CBF/ Nike concluiu ontem a lista de depoimentos marcados para tentar esclarecer episódios relacionados à final do Mundial da França.
O deputado Sílvio Torres (PSDB-SP), relator da comissão, afirmou que a não ser que apareçam fatos novos ninguém mais vai ser chamado para falar sobre a escalação do atacante Ronaldo para a final da competição.
Ele estava com problemas de saúde, e a seleção foi derrotada pela França. Torres disse que dúvidas, como a suposta ingerência na escalação da empresa Nike, patrocinadora de Ronaldo e da seleção brasileira, serão incluídas no relatório final da CPI.
"Todo esse episódio que envolveu a escalação do Ronaldo não está muito esclarecido", afirmou.
Representantes da Nike e da CBF que ainda irão falar à CPI poderão ser questionados sobre a final da Copa, mas os temas principais de seus depoimentos não terão como objeto essa questão.
Roberto Carlos foi convocado porque era o colega de quarto de Ronaldo na França e demonstrou preparo em seu depoimento, muitas vezes elogiando a Nike, empresa que também o mantém sob contrato. "As informações que ele trouxe acrescentaram muito pouco", disse Torres.
O lateral, que atualmente joga no Real Madrid (Espanha), defendeu a versão segundo a qual o técnico Mario Jorge Lobo Zagallo só foi informado do mal-estar de Ronaldo no dia da final, algumas horas depois do ocorrido.
Isso é o que Zagallo havia dito à CPI, mas o jogador Edmundo e dois médicos que trabalhavam para a seleção declararam aos deputados que o técnico foi avisado pouco tempo depois de Ronaldo ter se sentido mal.
Os deputados pretendiam esclarecer isso para saber quanto tempo Zagallo teria tido para decidir se escalaria ou não Ronaldo e tomar outras providências.
A falta de atrativos do depoimento permitiu discussões que não tinham relação com a final da Copa. Ao ver Roberto Carlos insistir na importância da Nike para a seleção, o presidente da CPI, Aldo Rebelo (PC do B-SP), afirmou que o Brasil foi quatro vezes campeão sem a ajuda da empresa, que fabrica material esportivo, e lembrou que os uruguaios chegam a dizer que o futebol daquele país piorou após os jogadores pararem de usar chuteiras artesanais.
"O problema do Uruguai não são as chuteiras, são os pés que estão dentro das chuteiras", disse o deputado José Lourenço (PMDB-BA), que há três dias passou a integrar a CPI. Segundo ele, o futebol mundial "melhorou muito e isso se deve a empresas como a Coca-Cola e a Nike".


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