São Paulo, terça-feira, 23 de março de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

AUTOMOBILISMO

Vitória na Malásia deixa alemão entre os maiores vencedores

Schumacher, 10%, encara mitos dos primórdios da F-1

FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A SEPANG

É como se Michael Schumacher tivesse atravessado gerações. Passado por cima de eras que tiveram Damon Hill, Nigel Mansell, Ayrton Senna, Alain Prost, Nelson Piquet e Niki Lauda. E desembarcado nos anos 50, 60, início dos 70. Os primórdios da F-1.
Em Sepang, na Malásia, o alemão atingiu uma marca que não era alcançada havia mais de 30 anos. Ao cruzar em primeiro, anteontem, a linha de chegada da segunda etapa do campeonato, Schumacher tornou-se vencedor de 10% de todas as corridas da história da categoria. Foi sua 72ª vitória, e a prova foi a 715ª da F-1.
Nos 54 anos do Mundial só três pilotos tiveram tanto domínio em suas épocas: Juan Manuel Fangio, Jim Clark e Jackie Stewart. Para evitar as óbvias aberrações estatísticas dos primeiros GPs, foram levados em conta apenas os dez maiores vencedores, em números absolutos, da história da F-1.
Quando deixou a categoria, em 1957, Fangio havia vencido 38,7% das provas da história até então: 24 de 62. Clark morreu em 1968 com um cartel de 25 vitórias. Seu último GP foi o 162º. O escocês, portanto, chegou a vencer 15,4% das corridas da categoria. Stewart atingiu 11,7% quando conquistou sua 27ª e última vitória, na Alemanha, em 1973, GP número 231.
Com o passar dos anos, o acúmulo de provas e o aumento do número de competidores (havia apenas quatro equipes em 1957, por exemplo), tornou-se quase impossível alcançar os 10%.
Quem passou mais perto foi Alain Prost, vice-líder do ranking de vitórias: chegou a 9,4% no seu 51º triunfo, na Alemanha, em 1993, pela Williams. Ayrton Senna aparece a seguir, com 7,4%.
Para Schumacher, porém, o impossível torna-se cada vez mais palpável. E toda a "culpa" é de sua arrancada com a Ferrari.
Antes de a equipe desencantar e voltar a ganhar o Mundial de Pilotos, em 2000, o alemão era "mais ou menos normal". No final de 1999, ele tinha 35 vitórias em 646 GPs da história da F-1. Ou seja, havia vencido 5,4% das corridas. Era como Nigel Mansell.
Já em 2000, após conquistar nove vitórias, chegou a 6,6% (44 em 663 GPs). Superou Niki Lauda.
Em 2001, venceu mais nove. Fechou o ano com 7,7% (53 em 680). Ultrapassou, assim, Senna.
Explodiu em 2002: 11 vitórias e, no fim do ano, 9,2% de todos os triunfos da F-1 (64 de 697), já ameaçando Prost. E o francês, enfim, foi superado no final do ano passado, quando Schumacher chegou a 9,8% (70 de 713).
Caso faça um Mundial tão forte como o de 2002, Schumacher terminará a temporada com 11,1%. Começará a caçada a Stewart.
Anteontem, a vitória seguiu o padrão dos últimos tempos. Schumacher saiu da pole, manteve a prova sob controle e cruzou com cinco segundos de vantagem sobre Juan Pablo Montoya.


Texto Anterior: O que ver na TV
Próximo Texto: Alemão tenta nova marca em GP desconhecido
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.