São Paulo, terça-feira, 23 de março de 2004

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BASQUETE

O mais querido

MELCHIADES FILHO
EDITOR DE ESPORTE

Nos últimos três anos, o Flamengo garantiu o cestinha disparado do Nacional.
Hoje, logo na primeira edição pós-Oscar Schmidt, nenhum rubro-negro rompe o ranking dos 20 artilheiros da competição.
Nos derradeiros três anos do "Mão Santa", o clube beliscou no máximo a sexta colocação.
Hoje, com 13 triunfos em 16 rodadas, disputa a liderança, pau a pau, com o Uberlândia. Outra equipe, aliás, que não envia representante à lista dos cestinhas.
 
Ok, a tabela ajudou o Flamengo. O clube pôde mandar, logo de cara, uma longa seqüência de partidas em casa. Só que, mesmo após o revés de domingo contra o Paulistano, ele também ostenta o segundo melhor desempenho fora de seus domínios (5v e 2d).
 
"A campanha é uma surpresa até para mim", diz o técnico Emanuel Bonfim, que assumiu um grupo molambento, e de bolsos vazios, na véspera da estréia.
A turma segue na pindaíba, já que o pagamento de salários não foi regularizado. Mas em quadra o Flamengo remendou seus farrapos. Trata-se de uma equipe frágil, mas que reconhece suas fragilidades e joga de acordo com elas.
O time, por exemplo, não contra-ataca. Marc Brown não tem fôlego; Leandro, técnica; e Duda, equilíbrio, para liderar correrias.
O que faz? Explora o "frontcourt" de 2,05 m, o mais alto do campeonato ao lado do do Mogi: Alexandre, Charles, Mãozão, Olívia, Gema e Adriano, todos com pelo menos 2,02 m. Gira à bola, à espera do que o garrafão ofereça. Não à toa, lidera o ranking geral de assistências (20,3 por jogo, 23% acima da média do torneio).
 
Você sabia que Arnaldinho, a estrela rubro-negra no começo da temporada, viajou para a Rússia sem nenhum tipo de contrato? O arisco armador arriscou tudo, confiante de que seria aprovado em uma espécie de peneira coletiva de 15 dias. Deu-se mal e agora está sem clube, uma vez que o prazo de inscrição já se encerrou.
 
Finzinho do último período, Paulistano e Flamengo se alternam no placar, o ginásio treme, o treinador Bonfim pede tempo.
Estou sentado na segunda fileira, atrás do nervoso banco rubro-negro. Quando baixo os olhos para fazer anotações no bloquinho, sou praticamente atropelado.
Meia dúzia de garotos, talvez um pouco mais, de uns sete ou oito anos, talvez um pouco menos, desce de arrastão a arquibancada. Um mais fofo do que o outro. Dois ou três loiros-de-olhos-azuis, um de longos cachos, outro de penteado Beckham... Parecia propaganda de amaciante de roupas.
Rafael, Lucas, Gabriel e outros cujos nomes não ouvi -mas que, aposto, não fogem desse mundo querubínico- abrem o coro na direção dos visitantes cariocas.
- Fora daqui, seus mendigos!
- Ela, ela, ela; time da favela!
- Aqui não é a Rocinha!
- É, voltem pra Rocinha!
- Rocinha! Rocinha! Rocinha!

Nacional 1
A Rede TV foi corajosa ao jogar pelo ralo a sopa de letrinhas que alienava o torcedor. Nas transmissões, os times do Nacional agora são chamados apenas pelo nome da cidade ou do clube, como devem.

Nacional 2
Sem a explosão de Alex, na NBA, o Ribeirão Preto perdeu o contra-ataque. Sem a liderança de Renato, no mundo da lua, as estribeiras.

Nacional 3
Fala-se muito em Marcelinho e Jefferson, jovens colegas do Paulistano, mas pouco de Marquinhos, ex-Marcus Vinícius. A breve passagem pelo Scavolini Pesaro (Itália) rendeu muito ao promissor ala do Mogi, que hoje, às 19h (Sportv 2), pega o surpreendente Flamengo.

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