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FUTEBOL
O presepeiro do Morumbi
MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
EDITOR DE OPINIÃO
A imagem vai se tornando
rotineira: Rogério Ceni, em
vistoso uniforme, e depois de algumas tentativas de acertar um
gol de falta, posta-se na intermediária são-paulina assumindo o
papel de líbero. A essa altura o jogo já está invariavelmente perdido. Mas vale a encenação.
Apressadinho, pega a bola, olha
para lá e para cá, faz que passa
para ali, depois faz que passa para acolá, mas acaba mesmo chutando para frente. Beleza. Está
"empurrando" o time, pensam os
incautos. Na verdade, o efeito
muitas vezes acaba sendo o contrário: retarda a articulação da
equipe, produz mais nervosismo e
mais desconcentração.
No domingo, na derrota do São
Paulo para o São Caetano, a cena
se repetiu. Com o leite já derramado, o presepeiro guardião da
meta do Tricolor estava lá, oferecendo seu show de "garra" e "liderança" para uma torcida que gosta de chamá-lo de o "melhor goleiro do Brasil".
De fato, Rogério Ceni tem qualidades. Sua liderança no Morumbi, no entanto, é superdimensionada. E seus espetáculos de
"ousadia" e "vontade de vencer"
parecem mais destinados a livrar
sua cara das cobranças após uma
derrota do que a efetivamente colaborar para uma reação.
Obviamente Ceni não pode ser
culpado por todos os males do
Tricolor. Cabe à diretoria do clube administrar os egos e sinalizar
sobre quem deve ou não servir de
referência para o restante do
elenco. E Ceni tem sido uma aposta inesgotável. Seu contrato foi recentemente renovado por mais
quatro anos (ele está com 31) por
cerca de R$ 190 mil por mês.
Enquanto isso, o São Paulo perdeu Ricardinho e Kaká. OK, Ricardinho não foi bem no Morumbi, mas é o tipo de jogador que faz
falta à equipe, com claras deficiências na armação. Para não
falar na tendência suicida de afunilar as jogadas. É incrível como
um time que conta com Luis Fabiano não consegue articular jogadas de fundo para deixá-lo em
melhores condições de finalizar.
Quanto a Kaká, até as catracas
do Morumbi sabem que sua negociação foi porca. Mas agora
não há mais nada a fazer.
Para os pobres dos tricolores
paulistas, acompanhar o São
Paulo está se transformando num
verdadeiro suplício.
Ou pior: num Simplício!
O São Paulo mereceu perder para um São Caetano que mostrou
qualidades. Isso é indiscutível. O
que é totalmente discutível, para
não dizer horroroso, é o regulamento desse Paulista.
Se fosse feito um concurso público para escolher a fórmula mais
esquisita, dificilmente alguém
conseguiria chegar perto da que
foi proposta pela Federação. É
muita imaginação criativa.
Duvido que alguém, mesmo
com o deliberado intuito de avacalhar, teria a brilhante idéia de
fazer um torneio com 21 clubes divididos em dois grupos, um com
dez e outro com 11. E mata-mata
de um jogo só? E sortear a ordem
dos jogos na semifinal? Que tal?
Parece gozação...
Ronaldinho é tudo
É um prazer que se renova a cada partida do Barcelona ver Ronaldinho jogar. Mesmo mais
distante da área, ele vai confirmando ser um legítimo representante da melhor escola brasileira de bola. Sua habilidade é
um espetáculo à parte, mas é
completada pela eficiência. O
gol de falta que fez no domingo,
dia de seu aniversário, foi um
presente para ele e todos nós.
A hora de Parreira
Veremos o que a seleção brasileira será capaz de apresentar
contra o Paraguai. Muitos já
desconfiam da correção de algumas opções de Parreira e Zagallo. Ainda é cedo, mas não há
dúvida: um mau resultado contra os paraguaios vai reabrir a
temporada de caça ao técnico
da seleção -um dos esportes
prediletos dos brasileiros.
E-mail mag@folhasp.com.br
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