São Paulo, domingo, 23 de março de 2008

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Pelos EUA, chinesa volta a Pequim

DA REPORTAGEM LOCAL

Em junho de 2004, milhares de chineses lotaram o ginásio de Zhejiang para o embate entre EUA e sua seleção pelo Grand Prix de vôlei.
Nas arquibancadas, faixas exibiam "Lang Ping, I love you", enquanto o coro de torcedores gritava sem parar: "Come on, Iron Hammer".
Seria apenas mais uma manifestação apaixonada da torcida chinesa não fosse um detalhe: Lang Ping disputava um jogo em casa pela primeira vez como técnica dos EUA.
A cena é só um exemplo de por que a ex-jogadora é conhecida como o "Michael Jordan" da China. A atacante de pesadas cortadas (daí o apelido "Martelo de Ferro") foi e é o maior nome do vôlei de seu país. E, na primeira Olimpíada em solo chinês, estará no banco do rival.
"Não acho que os chineses vejam isso pelo lado pessoal. Se você é um técnico internacional, tem de fazer seu trabalho onde for. Meu primeiro objetivo é fazer o vôlei crescer. Não estou aqui para fazer inimigos", diz Ping, 47.
"Claro que jogar contra um país africano e contra a China será diferente. Tecnicamente diferente."
Como treinadora, ela levou as chinesas à prata na Olimpíada de Atlanta-1996 e no Mundial de 1998. Na quadra, foi campeã mundial em 1982 e olímpica em 1984.
Quando decidiu assumir os EUA, em 2004, já falava inglês e tinha filha morando na Califórnia. Se a cultura era próxima, sofreu com a filosofia de trabalho. Até hoje ressente-se da falta de tempo com as atletas. Seu melhor resultado foi o bronze na Copa do Mundo de 2007.
"Os EUA não são como o Brasil, não há liga nacional. Nem como a China, que mantém o time junto por mais tempo. Elas jogam fora e se encontram pouco antes das competições", comenta.
Uma das atletas que têm figurado nas convocações é Danielle Scott, do Osasco.
A forma de jogar também é diferente. Na China, Ping aprendeu a valorizar a técnica, o controle de bola e o jogo coletivo -pela simples razão de que, fisicamente, sempre estava no time mais baixo.
"As americanas jogam primeiro para elas mesmas, depois para a família. Muitas dependem da ajuda financeira dos pais para jogar. Na China, quando você é escolhido para um time, o governo paga tudo", explica.
Ping não faz previsões sobre seu time. Sobre os Jogos, acredita que Pequim estará bem preparada. E verá o Brasil no pódio. "Não vejo lacunas no time brasileiro. Reservas e titulares estão bem próximas, jogam um vôlei lindo, com paixão."0 (ML)


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