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Pelos EUA, chinesa volta a Pequim
DA REPORTAGEM LOCAL
Em junho de 2004, milhares de chineses lotaram o ginásio de Zhejiang para o embate entre EUA e sua seleção
pelo Grand Prix de vôlei.
Nas arquibancadas, faixas
exibiam "Lang Ping, I love
you", enquanto o coro de torcedores gritava sem parar:
"Come on, Iron Hammer".
Seria apenas mais uma
manifestação apaixonada da
torcida chinesa não fosse um
detalhe: Lang Ping disputava
um jogo em casa pela primeira vez como técnica dos EUA.
A cena é só um exemplo de
por que a ex-jogadora é conhecida como o "Michael
Jordan" da China. A atacante
de pesadas cortadas (daí o
apelido "Martelo de Ferro")
foi e é o maior nome do vôlei
de seu país. E, na primeira
Olimpíada em solo chinês,
estará no banco do rival.
"Não acho que os chineses
vejam isso pelo lado pessoal.
Se você é um técnico internacional, tem de fazer seu
trabalho onde for. Meu primeiro objetivo é fazer o vôlei
crescer. Não estou aqui para
fazer inimigos", diz Ping, 47.
"Claro que jogar contra
um país africano e contra a
China será diferente. Tecnicamente diferente."
Como treinadora, ela levou as chinesas à prata na
Olimpíada de Atlanta-1996 e
no Mundial de 1998. Na quadra, foi campeã mundial em
1982 e olímpica em 1984.
Quando decidiu assumir
os EUA, em 2004, já falava
inglês e tinha filha morando
na Califórnia. Se a cultura
era próxima, sofreu com a filosofia de trabalho. Até hoje
ressente-se da falta de tempo
com as atletas. Seu melhor
resultado foi o bronze na Copa do Mundo de 2007.
"Os EUA não são como o
Brasil, não há liga nacional.
Nem como a China, que
mantém o time junto por
mais tempo. Elas jogam fora
e se encontram pouco antes
das competições", comenta.
Uma das atletas que têm figurado nas convocações é
Danielle Scott, do Osasco.
A forma de jogar também é
diferente. Na China, Ping
aprendeu a valorizar a técnica, o controle de bola e o jogo
coletivo -pela simples razão
de que, fisicamente, sempre
estava no time mais baixo.
"As americanas jogam primeiro para elas mesmas, depois para a família. Muitas
dependem da ajuda financeira dos pais para jogar. Na
China, quando você é escolhido para um time, o governo paga tudo", explica.
Ping não faz previsões sobre seu time. Sobre os Jogos,
acredita que Pequim estará
bem preparada. E verá o Brasil no pódio. "Não vejo lacunas no time brasileiro. Reservas e titulares estão bem
próximas, jogam um vôlei
lindo, com paixão."0
(ML)
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