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São Paulo, quarta-feira, 23 de abril de 2003

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FUTEBOL

Ficar mais forte ajuda

TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA

Diego foi o melhor jogador da partida entre Flamengo e Santos. Alternou o drible e a condução da bola com o passe rápido e preciso, como no primeiro gol. Se continuar assim, vai ser um craque, pois tem muito talento.
Já Robinho, por causa de sua excepcional habilidade, características físicas e por atuar mais pelos lados, precisa driblar com mais frequência, mas no campo adversário. O drible desestrutura a marcação.
Robinho deveria seguir o caminho de grandes jogadores, como Ronaldo, Zico, Ronaldinho Gaúcho, Kaká, Gil e outros, que eram franzinos no início de suas carreiras, ficaram mais fortes, ganharam peso e evoluíram bastante.
Muitos acham que isso iria violentar o estilo do garoto. Vai ajudá-lo. Se ele não adquirir outras qualidades físicas e técnicas, não será um craque. Será somente um grande driblador -já é ótimo.
O drible que o Robinho deu no flamenguista Fabinho, na lateral do campo, passando a bola de um pé para o outro, foi magistral.

Nada é perfeito
Penso que a imprensa deu excessiva importância ao fato de que o Ricardo Oliveira ganharia um prêmio para ser o artilheiro do Brasileiro. Seria absurdo se fosse por gol marcado em cada jogo. Todos os clubes premiam de alguma forma os atletas que se destacam. Isso acontece em todas as empresas do mundo.
Essa premiação não é saudável, bem-vinda, já que o futebol é um esporte coletivo, mas todos os jogadores e o porteiro da Vila Belmiro sabem que a única grande qualidade do Ricardo Oliveira é fazer gols. Com ou sem prêmio, ele só pensa nisso.
O problema não é o prêmio, que já foi cancelado, e sim a maneira de jogar do artilheiro. Como a equipe tem Robinho, Diego, Elano, Léo e Renato, que chegam ao ataque com a bola dominada, driblando e tabelando, facilitaria muito a presença de um centroavante que atuasse de pivô, distribuindo a bola, como o Alberto.
Isso não significa que o Ricardo Oliveira não seja bom para a equipe. Ele é um excelente finalizador e superior ao Alberto. A presença do atual artilheiro melhora de um lado e piora de outro. Nada é perfeito.

Pão de queijo
Em vez de ser o treinador da defesa do Vasco, Mauro Galvão poderia fazer um treinamento especial, passar uns cremes no rosto para esconder as rugas e entrar em campo. Os defensores do Vasco são ruins. Só a defesa do Goiás é pior. No Estadual, contra fracos adversários, o time se iludiu.
Antônio Lopes disse que o problema não é só da defesa, mas também do ataque, setor em que começaria a marcação. Isso tem lógica, mas todos os técnicos falam a mesma coisa. Virou um chavão. Por que, quando um ataque faz poucos gols, ninguém fala que o problema começa lá atrás, no passe errado dos volantes e dos zagueiros?
Impressiona-me no Vasco a apatia e a má forma do Marques. Ele era brilhante no Atlético-MG. No programa "Linha de Passe" da ESPN Brasil, Paulo Vinícius Coelho lembrou que o Marques não se dá bem com a praia, porque também não brilhou quando jogou no Flamengo.
Ou seria saudade do pão de queijo mineiro? O do Rio é mais duro e tem pouco queijo.

União das diferenças
Um dos fatores mais importantes das excelentes campanhas de Atlético-MG e Cruzeiro no Brasileiro foram as contratações de jogadores certos para as posições corretas. Sem gastar fortunas. Para se formar um excelente conjunto, muito mais importante que o tempo para treinar, é juntar jogadores com características diferentes e que se completam.
O lento e grande artilheiro Guilherme e o veloz e habilidoso Alessandro se dão muito bem. O inteligente e bom passador Lúcio Flávio faz uma boa dupla com o veloz e vibrante Alexandre.
O Cruzeiro não tem um centroavante fixo. Os velozes Ariztizábal e Deivid se deslocam muito para os lados, e o talentoso Alex aproveita este espaço pelo meio para chegar no momento certo e finalizar com eficiência. Assim saíram muitos gols.
Uma das funções dos treinadores é a de casar as peças, formar duplas e trios que se afinam. Além de características diferentes, é preciso unir qualidades. Juntar Fernando Diniz e Paulo Miranda, novas contratações do Flamengo, não dá liga. Futebol também tem lógica.

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