São Paulo, quinta-feira, 23 de abril de 2009

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Terror aproxima inimigos no críquete

Após perder direito de sediar Mundial devido a atentado, Paquistão recebe solidariedade da Índia, que tenta salvar evento

Ataque contra seleção do Sri Lanka em solo paquistanês definiu a exclusão do país dos que irão organizar a Copa do Mundo de 2011

GIULLIANA BIANCONI
DA REPORTAGEM LOCAL

O críquete está para a Índia e para o Paquistão como o futebol está para o Brasil e para a Argentina. Mas, na relação entre aqueles dois países do sul da Ásia, o esporte é mais do que paixão nacional em comum permeada pela rivalidade.
Desde a última semana, quando a cúpula do ICC (Conselho Internacional de Críquete) decidiu, em Dubai, pela eliminação do Paquistão do grupo de países que irão cossediar o Mundial desse esporte em 2011, o críquete tem mostrado também a sua face agregadora.
Rivais desde que foram reconhecidos como Estados independentes, em 1947, e começaram a disputar a região da Caxemira, agora pregam, ao menos no plano esportivo, união.
A exclusão do Paquistão havia entrado na pauta de discussões do ICC em março, quando a seleção do Sri Lanka sofreu um atentado na cidade de Lahore. O incidente, que deixou sete mortos -nenhum atleta-, tornou, nas palavras do presidente do ICC, o inglês David Morgan, o Paquistão "um país cheio de incertezas quanto à segurança para qualquer evento".
A posição do Ministério das Relações Exteriores da Índia é de crítica ao vizinho. O chanceler Pranab Mukherjee afirma que "o país tem que ser efetivo no combate às organizações terroristas em seu território".
Porém, entre os dirigentes de críquete dos países, o sentimento é de consternação. Desde a reunião do ICC, organismos reguladores do esporte pregam apoio recíproco para evitar a designação do torneio para outra região do mundo.
Há o temor de que a Índia, que, com Bangladesh e Sri Lanka, ainda mantém o direito de sediar o evento, volte a ser alvo de grupos terroristas.
"Não há, no passado, Mundial que tenha sido realizado em conjunto e, por qualquer motivo de segurança, tenha sido cancelado", disse um dos chefes do Conselho de Críquete do Paquistão, Saleem Altaf.
Altaf lembrou 2003, quando o Mundial, sediado por Zimbábue, Quênia e África do Sul, também esteve envolto por tensões políticas.
A Índia já se prontificou a absorver os jogos que aconteceriam no Paquistão com a possibilidade de negociar a divisão da renda, já que os danos causados ao esporte pelo prejuízo financeiro que terá também já preocupam o Paquistão.


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