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AGU nega parecer, e acordo entre ministro e cartolas é adiado para futura legislação do esporte
Estatuto sai ileso; clubes aceitam contrato de risco
FÁBIO VICTOR
FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC
MARCOS CÔRTES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Advocacia Geral da União
frustrou ontem acordo firmado
entre Clube dos 13/CBF e o Ministério do Esporte para aliviar alguns efeitos do Estatuto do Torcedor sobres os cartolas que ameaçaram parar o Brasileiro.
Restou aos dirigentes um consolo: a promessa do governo de
que discutirá uma eventual mudança dos artigos no futuro Estatuto do Desporto.
A AGU informou que não dará
parecer ou instrução normativa
sobre a lei, que, segundo o órgão,
não contém equívoco algum. Baseados em acerto com o ministro
Agnelo Queiroz, que pediu à AGU
um parecer sobre dois artigos que
os incomodavam, os cartolas esperavam que os efeitos da lei fossem atenuados.
Agora, eles se fiam unicamente
na possibilidade de alterar nos
próximos meses pontos do projeto que deverá unificar a legislação
esportiva brasileira, incorporando num único texto o Estatuto do
Torcedor e a chamada lei de moralização do esporte (ex-medida
provisória 79).
A CBF já possui um grupo de assessoria parlamentar em Brasília
só para pressionar o governo a
modificar o que considera "imperfeições" das leis recém-sancionadas pelo presidente Lula.
"A nossa intenção é corrigir alguns equívocos no Estatuto do
Desporto. Temos o compromisso
do ministro de correção desses
pontos no futuro", disse o presidente do Vasco, Eurico Miranda.
O deputado Gilmar Machado
(PT-MG), presidente da subcomissão de Desporto da Câmara e
relator do estatuto a ser unificado,
confirmou a disposição do governo em ouvir os dirigentes. "Não
queremos mudar o teor da lei,
mas podemos negociar algumas
coisas", declarou.
O prazo para que o Estatuto do
Desporto vá para votação no
Congresso é incerto. Os cartolas
calculam que isso só aconteça em
setembro ou outubro.
Até lá, todos estão sujeitos às penalidades previstas nas leis sancionadas por Lula na semana passada. Qualquer cidadão pode
acionar na Justiça as entidades ou
dirigentes que descumprirem
itens do estatuto com base nos artigos 19 e 37 -os principais alvos
das queixas do establishment da
bola. Ambos dizem respeito a responsabilização de dirigentes em
caso de não cumprimento da lei.
Os dirigentes crêem que, até que
o Estatuto do Desporto seja aprovado, sua salvaguarda será um
parecer preparado pelo Ministério do Esporte logo após a reunião
de anteontem em Brasília.
No texto, a assessoria jurídica
da pasta sugere à AGU uma redação para uma possível instrução
normativa, o que esclareceria a interpretação do artigo 19.
O parecer do ministério diz que
os dirigentes e as entidades só serão responsabilizados "diante de
comprovada imprudência quanto às exigências de segurança estabelecidas para garantir os direitos
constitucionais assegurados indistintamente a todos".
Com a negativa da AGU, os dirigentes mudaram radicalmente o
discurso da véspera e agiram como quem, após uma derrota, afaga o rosto do adversário.
Acompanhado do vascaíno Eurico Miranda, o presidente do
Clube dos 13, Fábio Koff, se reuniu ontem de manhã com Queiroz num clima de cordialidade.
Koff, que anteontem afirmara
que os clubes só entrariam em
campo se houvesse o parecer da
AGU, disse, antes mesmo de a negativa ser anunciada: "Seria uma
indelicadeza com o Agnelo se ficássemos aguardando o parecer.
Bastou a disposição em abrir o
diálogo para mostrar que caminhamos no mesmo sentido".
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