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FUTEBOL
Coronéis, cartolas e cineastas
JOSÉ ROBERTO TORERO
COLUNISTA DA FOLHA
Duas das coisas que mais
gosto são futebol e cinema.
E tenho descoberto muitas coisas em comum entre estas duas
artes. Algumas não muito boas,
ainda mais nos últimos dias, em
que novas medidas do governo
ameaçaram coronéis destes dois
latifúndios.
Sim, caro leitor e caríssima leitora, os coronéis do futebol e da
cultura são mais parecidos do que
se pensa.
Comparemos: nesta semana,
um punhado de coronéis do futebol reclamou contra a implantação do Estatuto do Torcedor. Há
poucos dias um punhado de coronéis do cinema reclamou contra a
intenção do governo de rever as
regras de financiamento do cinema nacional, baseado quase totalmente na renúncia fiscal.
Os dois grupos usaram as mesmas táticas. A saber:
escalaram famosos para falar;
disseram que estes famosos
eram os representantes de toda a
classe;
escolheram um tema frágil
para atacar;
e, na verdade, miravam em
outro.
O Cartola E.C. falou que o governo fez o Estatuto do Torcedor
de uma hora para outra, o que
não é verdade. Ele vem sendo discutido há mais de um ano, inclusive pelo presidente da CBF. E,
quanto à afirmação de que o problema verdadeiro seria a responsabilidade por problemas fora do
estádio, é claro que se trata apenas de buscar um trecho mal redigido para conseguir polêmica.
Já o Cinema F.C. falou que o governo pretendia estabelecer um
"dirigismo cultural", pois estabelecia o que deveria ou não ser filmado. Mas estes critérios sempre
existiram. Nos editais de todos os
concursos do Ministério da Cultura, desde os tempos de FHC, está escrito que o filme deve falar
sobre problemas brasileiros, temática nacional etc... E, mesmo
em concursos de entidades privadas, como o Itaú Cultural, há a
necessidade de se falar sobre assuntos de relevância para o país.
Ou seja, o motivo não era esse.
O que me parece ser o verdadeiro medo dos coronéis do futebol é
ter seus passos (e bolsos) vigiados.
Revelar rendas, publicar balancetes e numerar cadeiras é algo que
sempre pode atrapalhar os negócios pouco honestos.
O que me parece ser o verdadeiro medo dos coronéis do cinema é
perder as grandes verbas que vêm
das empresas e das estatais, que,
numa nova ordem, seriam repartidas entre mais cineastas.
Curiosamente, os dois grupos
gostam muito de receber, mas dar
não é seu forte. Os cineastas não
querem ouvir o termo "contrapartida social", mesmo trabalhando com dinheiro público. Os do futebol não querem escutar o
termo "responsabilidade fiscal",
mesmo controlando milhões de
reais todos os meses.
Nos dois casos, o governo fez um
recuo e parece buscar um equilíbrio no meio-de-campo. A idéia é
não atacar demais nem ser totalmente defensivo. Mas tenho dúvidas sobre se o caminho do meio é
o mais certo. Às vezes, é pelas pontas que se decide um jogo.
Pergunta 1
Quem vencerá o Cruzeiro? Há
36 jogos sem perder, o Cruzeiro
parece uma virgem inexpugnável que nenhum conquistador
consegue derrubar. Santos e
Corinthians, os dois primeiros
no Brasileiro-2002, já fracassaram em suas tentativas. Talvez
caiba ao Flamengo esse prazer.
Pergunta 2
Quem dirigirá o São Paulo?
Leão? Tite? O que sair primeiro
da Libertadores? Ou Cerezo? A
diretoria entrou num labirinto
e agora não sabe como sair.
Pergunta 3
Quem é melhor, Diego ou Robinho? Após a final do Brasileiro de 2002, Robinho tinha larga vantagem. Mas, depois dos últimos jogos (e do gol de Diego
contra o Cruz Azul), o equilíbrio se restabeleceu.
E-mail torero@uol.com.br
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