UOL


São Paulo, sexta-feira, 23 de maio de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FUTEBOL

Coronéis, cartolas e cineastas

JOSÉ ROBERTO TORERO
COLUNISTA DA FOLHA

Duas das coisas que mais gosto são futebol e cinema.
E tenho descoberto muitas coisas em comum entre estas duas artes. Algumas não muito boas, ainda mais nos últimos dias, em que novas medidas do governo ameaçaram coronéis destes dois latifúndios.
Sim, caro leitor e caríssima leitora, os coronéis do futebol e da cultura são mais parecidos do que se pensa.
Comparemos: nesta semana, um punhado de coronéis do futebol reclamou contra a implantação do Estatuto do Torcedor. Há poucos dias um punhado de coronéis do cinema reclamou contra a intenção do governo de rever as regras de financiamento do cinema nacional, baseado quase totalmente na renúncia fiscal.
Os dois grupos usaram as mesmas táticas. A saber:
escalaram famosos para falar;
disseram que estes famosos eram os representantes de toda a classe;
escolheram um tema frágil para atacar;
e, na verdade, miravam em outro.
O Cartola E.C. falou que o governo fez o Estatuto do Torcedor de uma hora para outra, o que não é verdade. Ele vem sendo discutido há mais de um ano, inclusive pelo presidente da CBF. E, quanto à afirmação de que o problema verdadeiro seria a responsabilidade por problemas fora do estádio, é claro que se trata apenas de buscar um trecho mal redigido para conseguir polêmica.
Já o Cinema F.C. falou que o governo pretendia estabelecer um "dirigismo cultural", pois estabelecia o que deveria ou não ser filmado. Mas estes critérios sempre existiram. Nos editais de todos os concursos do Ministério da Cultura, desde os tempos de FHC, está escrito que o filme deve falar sobre problemas brasileiros, temática nacional etc... E, mesmo em concursos de entidades privadas, como o Itaú Cultural, há a necessidade de se falar sobre assuntos de relevância para o país. Ou seja, o motivo não era esse.
O que me parece ser o verdadeiro medo dos coronéis do futebol é ter seus passos (e bolsos) vigiados. Revelar rendas, publicar balancetes e numerar cadeiras é algo que sempre pode atrapalhar os negócios pouco honestos.
O que me parece ser o verdadeiro medo dos coronéis do cinema é perder as grandes verbas que vêm das empresas e das estatais, que, numa nova ordem, seriam repartidas entre mais cineastas.
Curiosamente, os dois grupos gostam muito de receber, mas dar não é seu forte. Os cineastas não querem ouvir o termo "contrapartida social", mesmo trabalhando com dinheiro público. Os do futebol não querem escutar o termo "responsabilidade fiscal", mesmo controlando milhões de reais todos os meses.
Nos dois casos, o governo fez um recuo e parece buscar um equilíbrio no meio-de-campo. A idéia é não atacar demais nem ser totalmente defensivo. Mas tenho dúvidas sobre se o caminho do meio é o mais certo. Às vezes, é pelas pontas que se decide um jogo.

Pergunta 1
Quem vencerá o Cruzeiro? Há 36 jogos sem perder, o Cruzeiro parece uma virgem inexpugnável que nenhum conquistador consegue derrubar. Santos e Corinthians, os dois primeiros no Brasileiro-2002, já fracassaram em suas tentativas. Talvez caiba ao Flamengo esse prazer.

Pergunta 2
Quem dirigirá o São Paulo? Leão? Tite? O que sair primeiro da Libertadores? Ou Cerezo? A diretoria entrou num labirinto e agora não sabe como sair.

Pergunta 3
Quem é melhor, Diego ou Robinho? Após a final do Brasileiro de 2002, Robinho tinha larga vantagem. Mas, depois dos últimos jogos (e do gol de Diego contra o Cruz Azul), o equilíbrio se restabeleceu.

E-mail torero@uol.com.br


Texto Anterior: Boxe - Eduardo Ohata: E o próximo desafiante de Popó é...
Próximo Texto: Presença de Annika
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.