São Paulo, segunda-feira, 23 de maio de 2005

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FUTEBOL

Os méritos de cada um

JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA

O Santos reconquistou a liderança do Brasileirão com uma vitória tranqüila sobre o combalido Atlético-MG. O time de Robinho tem tudo para manter-se no topo por um bom tempo, a menos que perca a concentração por causa da Libertadores.
Ontem, mesmo poupando alguns jogadores (Fabinho, Bóvio) e perdendo Paulo César logo nos primeiros minutos, o Peixe dominou completamente a partida, construindo sua vitória no primeiro tempo e administrando o resultado no segundo.
Acabou ganhando um gol de presente (o terceiro gol contra do Atlético no campeonato), mas em compensação teve outro (de Robinho) anulado inexplicavelmente pelo árbitro. Tudo somado, o resultado foi justo, apesar de o Galo mineiro ter criado duas ou três boas chances de gol.
Foi, também, uma tarde de Ricardinho. Talvez tenha sido a melhor atuação do jogador com a camisa santista. Não apenas pelos dois belos gols que marcou (um deles de direita), mas pela organização do jogo no meio-campo e pelas magníficas bolas que enfiou para Deivid. Se o centroavante estivesse numa jornada mais feliz, a goleada teria sido maior.
 
É curioso o destino dos clubes do Rio. Na rodada anterior, o único carioca que se deu mal foi o Vasco. Nesta, ocorreu justamente o contrário.
As goleadas sofridas pelo Fluminense e pelo Botafogo podem ter sido apenas tropeços circunstanciais, mas podem também indicar os limites dos dois times numa competição longa e dura como o Brasileiro. Tomara que a primeira hipótese prevaleça, pois o campeonato (e o futebol brasileiro como um todo) só tem a ganhar com times cariocas fortes e competitivos.
 
Ao contrário do Santos, que recuperou a ponta da tabela e a autoconfiança arranhada pelas derrotas anteriores, o São Paulo sofreu uma derrota feia, de virada, para o Vasco no Rio. O tricolor jogou desfalcado de Júnior, Grafite e Luizão, e talvez estivesse com a cabeça no clássico de quarta-feira contra o Palmeiras.
Sempre tenho minhas dúvidas quanto a esse tipo de escolha. Penso que uma derrota, qualquer derrota, tende a abater os ânimos e minar a confiança dos jogadores para a partida seguinte. Mas posso estar enganado.
 
O Atlético Paranaense, que por pouco não foi campeão no ano passado, virou o maior saco de pancadas deste início de Brasileiro. A perda de meio time, sem reposição à altura, tirou a força do Furacão.
 
Outro que merece amplamente estar na rabeira é o Figueirense, que ontem no Pacaembu só deu pancada. Se não fosse a atuação do goleiro Edson Bastos e a complacência do árbitro, o time teria sido goleado pelo Corinthians.

Criança no estádio
Na coluna de sábado, falei sobre a necessidade de buscar formas de punição às torcidas infratoras que não impliquem no fechamento dos estádios ao público. Vários leitores apresentaram sugestões. Dois deles, Geraldo Almeida e Antonio Francisco Pololi, fizeram praticamente a mesma proposta: doar os ingressos para alunos da primeira à quinta série da rede pública (crianças de 6 a 12 anos, portanto). A idéia me parece excelente. O clube infrator é punido com a falta de renda; proporciona-se lazer gratuito a crianças que não têm recursos; desarma-se o clima bélico das arquibancadas e estimula-se o gosto pelo futebol como espetáculo nas novas gerações de torcedores. Claro que é preciso aperfeiçoar e detalhar mais um pouco a proposta, mas não vejo por que descartá-la de antemão.

E-mail jgcouto@uol.com.br


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