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FUTEBOL
Os méritos de cada um
JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA
O Santos reconquistou a liderança do Brasileirão com
uma vitória tranqüila sobre o
combalido Atlético-MG. O time
de Robinho tem tudo para manter-se no topo por um bom tempo,
a menos que perca a concentração por causa da Libertadores.
Ontem, mesmo poupando alguns jogadores (Fabinho, Bóvio)
e perdendo Paulo César logo nos
primeiros minutos, o Peixe dominou completamente a partida,
construindo sua vitória no primeiro tempo e administrando o
resultado no segundo.
Acabou ganhando um gol de
presente (o terceiro gol contra do
Atlético no campeonato), mas em
compensação teve outro (de Robinho) anulado inexplicavelmente
pelo árbitro. Tudo somado, o resultado foi justo, apesar de o Galo
mineiro ter criado duas ou três
boas chances de gol.
Foi, também, uma tarde de Ricardinho. Talvez tenha sido a melhor atuação do jogador com a
camisa santista. Não apenas pelos dois belos gols que marcou
(um deles de direita), mas pela organização do jogo no meio-campo e pelas magníficas bolas que
enfiou para Deivid. Se o centroavante estivesse numa jornada
mais feliz, a goleada teria sido
maior.
É curioso o destino dos clubes do
Rio. Na rodada anterior, o único
carioca que se deu mal foi o Vasco. Nesta, ocorreu justamente o
contrário.
As goleadas sofridas pelo Fluminense e pelo Botafogo podem
ter sido apenas tropeços circunstanciais, mas podem também indicar os limites dos dois times numa competição longa e dura como o Brasileiro. Tomara que a
primeira hipótese prevaleça, pois
o campeonato (e o futebol brasileiro como um todo) só tem a ganhar com times cariocas fortes e
competitivos.
Ao contrário do Santos, que recuperou a ponta da tabela e a autoconfiança arranhada pelas derrotas anteriores, o São Paulo sofreu uma derrota feia, de virada,
para o Vasco no Rio. O tricolor jogou desfalcado de Júnior, Grafite
e Luizão, e talvez estivesse com a
cabeça no clássico de quarta-feira
contra o Palmeiras.
Sempre tenho minhas dúvidas
quanto a esse tipo de escolha.
Penso que uma derrota, qualquer
derrota, tende a abater os ânimos
e minar a confiança dos jogadores para a partida seguinte. Mas
posso estar enganado.
O Atlético Paranaense, que por
pouco não foi campeão no ano
passado, virou o maior saco de
pancadas deste início de Brasileiro. A perda de meio time, sem reposição à altura, tirou a força do
Furacão.
Outro que merece amplamente
estar na rabeira é o Figueirense,
que ontem no Pacaembu só deu
pancada. Se não fosse a atuação
do goleiro Edson Bastos e a complacência do árbitro, o time teria
sido goleado pelo Corinthians.
Criança no estádio
Na coluna de sábado, falei sobre a necessidade de buscar formas de punição às torcidas infratoras que não impliquem no
fechamento dos estádios ao público. Vários leitores apresentaram sugestões. Dois deles, Geraldo Almeida e Antonio Francisco Pololi, fizeram praticamente a mesma proposta: doar
os ingressos para alunos da primeira à quinta série da rede pública (crianças de 6 a 12 anos,
portanto). A idéia me parece
excelente. O clube infrator é punido com a falta de renda; proporciona-se lazer gratuito a
crianças que não têm recursos;
desarma-se o clima bélico das
arquibancadas e estimula-se o
gosto pelo futebol como espetáculo nas novas gerações de torcedores. Claro que é preciso
aperfeiçoar e detalhar mais um
pouco a proposta, mas não vejo
por que descartá-la de antemão.
E-mail jgcouto@uol.com.br
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